«Trata-se de terrorismo económico, que aumenta através de medidas de económicas unilaterais», disse al-Jaafari numa conferência de imprensa, esta sexta-feira, na capital do Cazaquistão, Nur-Sultan, antes designada Astana.
O chefe da delegação do governo sírio acrescentou que estas sanções, impostas de forma unilateral e coercitiva, são «ilegais», na medida em que não foram decretadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Al-Jaafari disse ainda que estas medidas complementam o «terrorismo diplomático e político» levado a cabo pelas potências ocidentais contra o país árabe, segundo referem a agência SANA e a PressTV.
Ao longo da guerra de agressão, as autoridades sírias acusaram reiteradamente os Estados Unidos, os seus aliados europeus e potências regionais de apoiarem e financiarem grupos terroristas. Denunciaram igualmente as sanções draconianas impostas ao comércio e às instituições financeiras do país.
As sanções foram entretanto reforçadas e prolongadas, levando a que o país, que entrava numa fase de construção pós-guerra nas regiões onde o Exército Árabe Sírio e os seus aliados tinham derrotado as forças terroristas, conheça uma fase de abrandamento. O governo de Damasco viu-se inclusive forçado a racionar o gás para consumo doméstico e o combustível para automóveis, segundo refere a PressTV.
Ocupação turca da Síria
Falando no final do segundo dia da 12.ª ronda de conversações na capital cazaque, sob os auspícios da Rússia, do Irão e da Turquia, e que contou com a presença de Geir Pedersen, enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Bashar al-Jaafari condenou a Turquia pela ocupação do território sírio, tendo afirmado que, actualmente, «as autoridades turcas ocupam 6000 quilómetros quadrados em Afrin e outras cidades, bem como em Idlib».
Al-Jaafari disse ainda que a Turquia está a impor ilegalmente um currículo nas escolas no território que ocupa e a construir um muro de 70 quilómetros de comprimento nas imediações da cidade de Manbij (Norte da Síria), separando território ocupado por tropas turcas de Alepo.
O chefe da delegação síria acusou também Ancara de não pôr em prática o que foi estabelecido em Sochi (Rússia), em Janeiro de 2018, quando ficou estipulado, no âmbito de um acordo firmado entre a Turquia e a Rússia, que os turcos deveriam retirar os grupos terroristas da zona desmilitarizada em Idlib. No entanto, acusa Damasco, não só os grupos terroristas ali permanecem, como a Turquia apoia a Jabhat al-Nusra na província de Idlib.
Para al-Jaafari, o «dilema das conversações de Astana» é colocado pela falta de seriedade da parte turca. Ainda assim, considerou ter havido pontos positivos no encontro, nomeadamente o reconhecimento de que há terrorismo na Síria, por todas as partes, incluindo por aqueles que até agora negavam a sua existência.
Outro ponto positivo, no entender da delegação de Damasco, foi a condenação, na declaração final desta 12.ª ronda, da decisão da administração norte-americana de reconhecer a soberania de Israel sobre os Montes Golã ocupados.
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