O acto solidário realiza-se amanhã no Centro de Eventos de Tremembé (município do estado de São Paulo) por iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e é uma «resposta ao ataque violento ao assentamento Olga Benário» perpetrado no passado dia 10 de Janeiro por cerca de duas dezenas de indivíduos.
Os atacantes invadiram o assentamento do MST e dispararam sobre as famílias ali reunidas, provocando dois mortos – Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, e Valdir do Nascimento, de 52 – e seis feridos.
Neste contexto, refere o MST no seu portal, a mobilização solidária deste sábado tem como objectivo «honrar as vítimas do ataque e defender a Reforma Agrária Popular, a proteção da vida nas áreas rurais e a justiça para as famílias afetadas».
No assentamento Olga Benário, criado em 2006, trabalham cerca de meia centena de famílias em «agricultura familiar diversificada, produzindo mandioca, cana-de-açúcar, hortaliças, pecuária e alimentos para o mercado local e para subsistência».
Nos últimos anos, registaram-se várias ameaças a assentamentos da região, relacionados com a pressão da especulação imobiliária. Se este foi o primeiro ocorrido no assentamento Olga Benário, há outros casos com registo policial por ameaças e episódios de violência, indica o movimento.
«Esta mobilização é importante para os assentados da região do Vale do Paraíba e para o MST, para dar visibilidade ao caso ocorrido e pedir que haja celeridade nas investigações, especialmente considerando a linha de atuação da Polícia Civil», disse Renata Menezes, do Coletivo de Juventude do MST.
Reforma agrária
Outro aspecto destacado pelo MST, para além da justiça, é o da resolução da situação da reforma agrária no país sul-americano, uma vez que, denuncia, «a ausência de avanços concretos nesse tema contribui para a ocorrência de situações como essas».
«A situação do Vale do Paraíba não é uma situação isolada do restante do Brasil, onde os assentamentos sem políticas públicas vão sendo abandonados. Sem orçamento, sem política pública, sem um quadro de funcionários responsável e comprometido com a pauta da Reforma Agrária, situações como essas vão se agravando até chegar nesse triste episódio de violência, que infelizmente se soma a tantas outras situações que são de descaso com a Reforma Agrária no nosso país», criticou Renata.
A representante do Coletivo de Juventude insistiu neste tema, afirmando que «é o cerne e a principal questão que precisa ser resolvida em nosso país para que a paz no campo tenha valido, para que a luta dos trabalhadores e trabalhadoras não seja criminalizada e que suas vidas não sejam ceifadas».
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