De saída da presidência norte-americana, Joe Biden quis deixar o ar da sua graça. Era já sabido que até 20 de Janeiro, dia da tomada de posse de Donald Trump como novo presidente americano, ia apressar a entrega de quase seis mil milhões de dólares à Ucrânia previstos no pacote de «ajuda» aprovado pelo Congresso.
A ideia é fazer a Ucrânia aguentar o maior tempo possível, mesmo no caso da nova Administração Trump adoptar uma outra postura face à guerra que deflagra no leste europeu. A razão pela qual Biden procura a rápida intensificação do conflito e a escalada militar prende-se com o facto da postura de Trump ser imprevisível relativamente à Ucrânia.
Neste sentido, Joe Biden autorizou a Ucrânia a utilizar os mísseis de longo alcance de fabrico norte-americano contra alvos em todo o território russo. A decisão vem depois do presidente ucraniano ter apresentado o seu suposto plano para a vitória no qual um dos pontos previa a suspensão, por parte dos aliados, das proibições de ataques de longo alcance com armas fornecidas pelo Ocidente contra a Rússia.
Face a este salto quantitativo na escalada de guerra, a Rússia já reagiu pela voz de Dmitry Peskov que disse a decisão sobre os mísseis levaria a um aumento nas tensões: «Se tal decisão foi de fato formulada e levada ao regime de Kiev, então esta é uma rodada qualitativamente nova de tensão e uma situação qualitativamente nova do ponto de vista do envolvimento dos EUA neste conflito» e «é óbvio que a administração cessante em Washington pretende tomar medidas para continuar a colocar lenha na fogueira e continuar a provocar tensão em torno deste conflito».
Enquanto corre a tinta e o sangue é derramado, o G20 está reunido no Brasil. De acordo com alguma imprensa, os países do G7 estão a procurar reabrir a declaração final da cimeira, mas Lula da Silva, o presidente brasileiro, não quer reabrir o debate. Segundo o que se sabe, Joe Biden, está a pressionar os líderes do G20 a reafirmar o seu posicionamento relativamente à Ucrânia, um jogo diplomático que visa comprometer estes países com apoios futuros, independentemente do futuro posicionamento dos EUA.
Com possíveis alterações na correlação de forças, Zelensky avisou que os Estados Unidos não podem forçar a Ucrânia a «sentar-se e ouvir» nas negociações, numa clara mensagem para a futura administração Trump, sublinhando que o seu país é independente. Em resposta, Elon Musk, nomeado para gerir um departamento para aconselhar o novo presidente eleito dos Estados Unidos, comentou, de forma irónica, o aviso dado e na sua rede social, o X, escreveu «o seu sentido de humor é maravilhoso».
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