Sob o lema «Dinheiro para salários, saúde e educação: Grécia fora dos matadouros da guerra», diversos sindicatos apelaram à adesão à jornada de luta, esta quarta-feira, com impacto em sectores como a saúde, a educação e os transportes, segundo referem as agências AP e Reuters.
Em Atenas, onde teve lugar a maior manifestação, um dirigente sindical disse à imprensa que, com a jornada de luta, os trabalhadores «querem mostrar a raiva e o ressentimento pelo que está a acontecer aos seus salários».
Por seu lado, a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) destacou que «a grande adesão à greve e a participação nas manifestações mostram a forte oposição dos trabalhadores às políticas anti-populares do governo e ao seu alinhamento com os interesses do patronato».
O ataque do capital continua
As organizações sindicais denunciam que o governo da Nova Democracia está a «impor uma doutrina em que os trabalhadores perdem sempre para que os grupos empresariais ganhem».
«O ataque do capital aos nossos direitos continua. Somos constantemente os perdedores, enquanto os proprietários dos grupos empresariais são constantemente os vencedores, aqueles que enriquecem com o nosso trabalho», afirmou a PAME em comunicado.
A central sindical alerta para a degradação dos salários reais, para a perda de poder de compra e para o ataque aos direitos dos trabalhadores – como o de negociação colectiva –, num contexto em que o grande patronato enche os bolsos: «ao mesmo tempo, as empresas cotadas na bolsa de Atenas acumularam mais de 22 mil milhões de euros em lucros líquidos nos últimos dois anos», afirma.
Num documento de apelo à greve geral, a PAME disse ainda que os trabalhadores «não aceitam que as suas necessidades básicas e diárias sejam sacrificadas para dar milhares de milhões aos armamentos da NATO», denunciando o «envolvimento mais profundo» da Grécia «nos planos e guerras imperialistas», bem como a existência de «bases EUA-NATO» no país helénico.
Luta por salários e direitos
Na longa lista de reivindicações elencadas, à cabeça está a rejeição da legislação anti-laboral que mina a negociação colectiva e um horário de trabalho semanal fixo de 35 horas – por oposição ao de seis dias, com horários desregulados e trabalho não pago, que patronato e governo pretendem impor.
Defende-se o aumento geral dos salários, um salário mínimo de 950 euros, um aumento de 20% para os trabalhadores da Função Pública, bem como o restabelecimento de conquistas e direitos roubados, como o 13.º e o 14.º meses, o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador, o pagamento de horas extras ou domingos sem trabalhar.
Outros aspectos referidos são: aumento das pensões de reforma e do subsídio de maternidade; subsídio de desemprego para todos os desempregados; redução dos preços das tarifas em bens essenciais; educação pública e gratuita para todos; um sistema de saúde público, assente no princípio de que a saúde é um bem social e não um negócio.
Também se defende o direito à habitação e legislação contra os despejos, a protecção do direito à actividade sindical e medidas de segurança e prevenção nos locais de trabalho, afirmando-se a solidariedade com os refugiados, entre outras questões.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui