O protesto agora retomado surge na sequência do fracasso do Congresso da República em aprovar uma nova «lei de promoção agrária», depois de a anterior ter sido anulada, este mês, em função da acção de luta dos trabalhadores nas ruas.
Os trabalhadores das empresas agro-exportadoras exigem que a nova legislação fixe aumentos salariais, que as empresas se recusam a aceitar. Os cortes de estrada foram retomados ontem na via Panamericana, em três pontos da região nortenha de La Libertad e outros três na de Ica, no Sul do país, impedindo a passagem de viaturas.
Uma repórter do Canal N informou que uma operação policial na região de La Libertad teria provocado vários feridos.
O projecto votado no Parlamento – que os trabalhadores consideram insuficiente – não passou porque houve 43 votos contra, 25 a favor e 26 abstenções, indica a Prensa Latina.
A mesma fonte informa que a votação foi precedida de uma intensa campanha mediática contra o aumento dos salários, argumentando que, se tal se verificar, o importante sector da exportação agrícola entrará em quebra.
Por seu lado, o governo peruano afirmou que não pode atender às exigências dos trabalhadores, em virtude da Constituição e da legislação – neoliberal – em vigor, que estabelece que os salários são directamente negociados entre patrões e trabalhadores, sem mediação do Estado, que só os pode aumentar no sector estatal.
Candidata progressista exige uma solução para o conflito
Numa entrevista a uma rádio, a candidata à presidência do Peru Verónika Mendoza criticou o Congresso por não aprovar uma nova lei de agro-exportação e instou o Congresso a dialogar com o executivo, com as empresas, que se recusam a aumentar os salários, e os trabalhadores do sector, que «são tratados com níveis de exploração do século XIX».
De acordo com a Prensa Latina, a candidata de Juntos por el Perú, uma coligação que junta partidos comunistas, socialistas e progressistas, é uma das que têm hipósteses de chegar à segunda volta nas eleições de Abril de 2021.
Questionada pelas suas propostas em defesa de uma segunda reforma agrária, a candidata reivindicou a primeira, decretada pelo governo do general Juan Velasco Alvarado, em 1969, que «devolveu a dignidade aos peruanos que eram tratados como cidadãos de segunda categoria, quase como escravos».
Apontou ainda a necessidade de uma segunda reforma para promover, com apoio financeiro e técnico, a agricultura como sector estratégico para a economia; não apenas a área da agro-exportação da costa, mas também a agricultura dos Andes, de grande potencial e onde provém 70% da alimentação dos peruanos.
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