O protesto na capital espanhola juntou centenas de pessoas, no âmbito de uma jornada de greve de funcionários das lojas do Grupo Inditex convocada pelo sindicato CGT.
A convocatória abrangia todo o Estado, mas, segundo refere a agência Europa Press, teve maior impacto na Comunidade de Madrid.
Esta mobilização ocorre depois do acordo alcançado na Galiza no passado dia 23 de Dezembro, após várias jornadas de luta dinamizadas pela Confederação Intersindical Galega (CIG) na província da Corunha.
Com a luta contra os «salários de miséria» e que «não permitem chegar ao fim do mês», as funcionárias das lojas na Corunha garantiram um aumento mensal de 322 euros durante o primeiro ano, de 362 euros durante o segundo e 382 euros a partir de então.
O acordo só foi possível graças às greves com forte adesão e às manifestações das trabalhadoras, coordenadas pela CIG, que denunciou a recusa em aumentar os salários e em reconhecer a estas trabalhadoras direitos que outros já viam reconhecidos noutras empresas do grupo, algo que contrasta com os lucros recorde que a Inditex deu a conhecer, «acumulando mais de três mil milhões de euros até Setembro e um aumento de 24% nos lucros relativamente a 2021».
A paralisação, marcada para quinta e sexta-feira, teve grande adesão, dando seguimento à manifestação de dia 8, para denunciar que as trabalhadoras das lojas na Corunha «não chegam ao fim do mês». Embora a paralisação de ontem se destinasse mais às lojas que adiantavam as ofertas da Black Friday, na Corunha muitas trabalhadoras de outras cadeias decidiram aderir também à greve, revela a Confederação Intersindical Galega (CIG) no seu portal. Lojas como Massimo Dutti, Stradivarius, Oysho e Zara estiveram fechadas. Outras, como as da Bershka, Pull&Bear ou Zara Home, estiveram a funcionar a meio gás, uma vez que abriram apenas com trabalhadores temporários e os encarregados das lojas. A elevada adesão registada nesta quinta-feira levou a CIG a prever uma «adesão histórica» para hoje nas lojas do Grupo Inditex, uma vez que a paralisação envolve todas as cadeias e localidades da província corunhesa. Com palavras de ordem alusivas aos «salários de miséria» que recebem, as trabalhadoras que ontem estiveram em greve na Corunha explicaram por que razão aderiam à greve, nomeadamente para alcançar a equiparação salarial com os trabalhadores de outras empresas do grupo com categoria e qualificações semelhantes, e que chegam a receber quase o triplo do salário das trabalhadoras das lojas. Gritando «trabalho na Inditex e não chego ao fim do mês», cerca de mil trabalhadoras das lojas da multinacional na província da Corunha manifestaram-se para exigir melhores salários e condições. Na mobilização deste domingo, que percorreu as ruas da cidade galega, as funcionárias mostraram que estão fartas de receber «salários de miséria», que «estão há anos congelados ou que diminuíram porque as comissões foram reduzidas», lê-se no portal da Confederação Intersindical Galega (CIG). «Somos as caras visíveis da Inditex, mas os lucros dão distribuídos com muito mais generosidade noutras empresas do grupo», denunciaram as trabalhadoras das lojas de marcas como Bershka, Stradivarius, Lefties, Pull and Bear, Zara Home, Oysho ou Tempe. Em todo o grupo, sublinharam, são elas as que menos recebem, tendo dado como exemplo o facto de os salários nos armazéns logísticos chegarem a ser duas vezes superiores aos seus. «Na província onde fica a sede da maior multinacional do têxtil e onde reside o seu principal accionista, que é o homem mais rico do Estado espanhol, as trabalhadoras das lojas têm sérios problemas para chegar ao fim do mês», frisaram. Esta precariedade, afirma a CIG, contrasta com os milhares de milhões de lucros que os accionistas da Inditex recebem todos os anos, «dos quais Amancio Ortega receberá 1718 milhões de euros em 2022, só em dividendos». Um dos aspectos destacados pelos participantes na manifestação deste domingo foi o da discriminação salarial, tendo em conta que as empresas do grupo onde os salários são mais elevados são aquelas onde há mais homens. Os funcionários das lojas são maioritariamente mulheres e o facto de os seus salários serem mais baixos evidencia «uma clara componente de género e uma desvalorização do trabalho realizado pelas mulheres, que a empresa não parece disposta a corrigir», denuncia a central sindical. As delegadas da CIG explicaram ainda que, apesar de a Inditex ter mostrado abertura para um processo de negociação na província da Corunha, as propostas avançadas pelo grupo «são totalmente insuficientes», acrescentando que não exigem mais que «um salário e condições dignas como já há noutras empresas do grupo». A este respeito, disseram que, além de terem os salários mais baixos, as funcionárias das lojas têm ainda piores horários, que lhes dificultam a conciliação familiar, não lhes restando outra saída que recorrer à via judicial para poder exercer esse direito. Da mesma forma, não gozam de ajudas que são atribuídas a outros colegas do grupo, como ajuda para cuidado de menores e familiares, ajuda para aquisição de livros ou vales-refeição. «Para a multinacional, o lucro está acima de qualquer direito. As trabalhadoras das lojas são sempre as últimas», criticaram. À estagnação e ao retrocesso nos direitos dos funcionários das lojas não é alheia a política que a Inditex iniciou há alguns anos, procurando afastar a negociação colectiva dos locais de trabalho e levá-la para Madrid. Esta situação, denuncia a CIG, prejudica enormemente as trabalhadoras galegas, que qualificam como «aberração» que a maior empresa da Galiza «faça o truque» de levar para longe a negociação colectiva, «para evitar que [as trabalhadoras] se organizem e dêem uma resposta» que tem muito mais impacto social na Galiza do que fora dela. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Tal como no dia 8, quando cerca de mil trabalhadoras das lojas se manifestaram na Corunha em defesa dos direitos, lembraram que os seus salários estão congelados há anos e que, em todo o grupo, são elas as que menos recebem. «Na província onde fica a sede da maior multinacional do têxtil e onde reside o seu principal accionista, que é o homem mais rico do Estado espanhol, as trabalhadoras das lojas têm sérios problemas para chegar ao fim do mês», sublinharam então. Nos vários plenários realizados na província galega, refere a CIG, foi clara a rejeição da proposta patronal, entendendo as trabalhadoras que não corrige a discriminação retributiva e que a Inditex tem capacidade económica para aumentar os salários de forma digna. Na sua conta de Twitter, a central sindical galega aponta para uma grande adesão, esta sexta-feira, em vários pontos do território e dá conta da realização de piquetes de greve e mobilizações em localidades como Ferrol (vídeo), Corunha (vídeo) ou Compostela (vídeo). Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Greve pelos salários e direitos nas lojas da Inditex da Corunha
«Somos as pobres da Inditex»
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Trabalhadoras das lojas da Inditex na Corunha reclamam aumentos salariais
Discriminação salarial
Direito a negociar na Galiza
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Ontem, o secretário da secção estatal da CGT na Zara e Lefties, Ánibal Maestro, explicou que os trabalhadores da Inditex decidiram «dar um passo contra a precariedade».
«Os lucros dividem-nos entre a assembleia de accionistas e os administradores, e nós reivindicamos um aumento salarial, que percebam que as trabalhadoras são o motor», defendeu, citado pela agência.
Já as centrais sindicais CCOO e UGT anunciaram esta semana que vão começar a negociar com a Inditex no próximo dia 25 de Janeiro, na mesa estatal, medidas globais em matéria salarial que compensem o impacto da inflação em todas as empresas do grupo e em todos os territórios.
Em causa estão, segundo estes sindicatos, aspectos globais em matéria de política salarial em todas as empresas do grupo, tendo presente os acordos colectivos provinciais e o impacto que a inflação está a ter no poder de compra dos trabalhadores.
Este sábado, as marcas da Inditex (Zara, Stradivarius, Bershka, Pull&Bear, Massimo Dutti, Lefties e Oysho) arrancavam oficialmente os seus saldos de Inverno.
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