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Trabalhadores sindicalizados abandonaram filmagens antes da tragédia

Vários operadores de câmara e os seus assistentes recusaram-se a trabalhar nas rodagens do filme Rust, antes de, por negligência, uma arma adereço matar uma pessoa e ferir gravemente outra.

Cenário das gravações do <em>western Rust.</em> O Bonanza Creek Ranch, em Montana, é uma localização histórica para o cinema norte-americano 
Créditos / NBC News

A directora de fotografia Halyna Hutchins foi alvejada, mortalmente, por uma bala disparada acidentalmente pelo actor Alec Baldwin, na passada quinta-feira, durante a rodagem do western Rust. Também o realizador do filme, Joel Souza, foi atingido pelo disparo, tendo recebido alta hospitalar poucas horas depois. A arma estava a ser usada como adereço e foi sinalizada como estando segura e descarregada no momento das gravações.

Esta falha de segurança foi apenas uma das ameaças de alto risco, e a mais trágica, de várias que vinham sendo denunciadas pela equipa de operadores de câmara, pertencentes ao maior sindicato do sector na América do Norte, a IATSE, International Alliance of Theatrical Stage Employees (Aliança Internacional de Trabalhadores dos Palcos Teatrais), que representa todas as profissões ligadas ao mundo do Teatro e Cinema.

Estes trabalhadores apresentaram várias queixas sobre o desleixo a que assistiam no cenário de gravações, tendo um deles chegado mesmo a dirigir uma reclamação formal ao director de produção sobre as falhas que este tinha identificado no protocolo de manuseio das armas.

De acordo com dois elementos deste sindicato, alguns dias antes, o duplo do actor Alec Baldwin disparara, acidentalmente, outra arma, tendo-lhe sido, antes, garantido que a arma estaria completamente vazia, seja de munições reais ou falsas (apenas pólvora). E não terá sido caso único. Numa mensagem recebida pelo The Times, um membro da equipa queixava-se: «já é o terceiro disparo acidental! Isto é completamente inseguro!».

O disparo que matou a directora de fotografia, Halyna Hutchins, também ela sindicalizada, ocorreu apenas horas depois de seis membros do IATSE terem abandonado as gravações por considerarem que não estavam reunidas as condições de segurança para continuarem a trabalhar. Facto que fatalmente se veio a comprovar. Tendo sido prontamente substituídos por profissionais não-sindicalizados, a produção ameaçou chamar a polícia para retirar à força os trabalhadores que se recusaram a continuar a trabalhar, e que se encontravam então a recolher o seu equipamento.

Em comunicado, «o sindicato lamenta a inestimável perda da família e dos amigos da Halyna, assim como de toda a equipa técnica do Rust», relembrando quão fundamental é, no futuro, que se cumpram todas as salvaguardas para que esta situação não se repita. «É preciso», alertam, «criar uma cultura de segurança».

A arma que disparou o tiro fatal tinha sido dada como segura, e vazia, apenas escassos minutos antes do acidente.

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