Numa nota emitida pelo gabinete de imprensa dos serviços de segurança da Ucrânia, o seu director, Vasily Gritsak, refere que os oficiais levaram a cabo tarefas no «apoio de contra-inteligência da unidade da Armada da Ucrânia».
Ontem, o Serviço de Segurança Federal da Rússia (FSB) revelou que a «provocação» levada a cabo por barcos ucranianos, no dia 25 de Novembro, em águas próximas à Península da Crimeia foi coordenada por dois oficiais dos serviços ucranianos, que receberam instruções directamente de Kiev, informa a RT.
Também nesta segunda-feira, o FSB fez circular um vídeo no qual um oficial ucraniano admite «a natureza provocadora das acções» empreendidas pela Marinha ucraniana, refere a Sputnik.
«Ignorei deliberadamente os pedidos para parar, transmitidos via frequência VHF», disse o comandante de um navio auxiliar na base naval de Yug da Marinha ucraniana. «Na altura da missão, tínhamos armas pequenas e metralhadoras de grande calibre munidas a bordo», explicou o oficial – citado pela Sputnik –, destacando que estava a cumprir as ordens, como subordinado, de trazer os navios do porto de Odessa para o porto de Mariupol.
«Provocação» da Marinha ucraniana
No domingo passado, o FSB comunicou que três navios da Armada ucraniana avançaram em direcção ao Estreito de Kerch, que liga o Mar de Azov ao Mar Negro, entraram em águas territoriais russas sem terem solicitado a autorização para atravessar o estreito, realizaram manobras perigosas e ignoraram as ordens que lhes foram transmitidas no sentido de se deterem de imediato.
Um navio da Guarda Costeira russa investiu contra uma das embarcações ucranianas e os guardas abriram fogo, tendo provocado três feridos entre os ocupantes, que foram depois hospitalizados.
Com base nestes dados e nas declarações dos oficiais ucranianos interrogados, o FSB afirmou que o «incidente» foi uma clara «provocação» da Armada ucraniana, decretada pelas autoridades de Kiev e coordenada pelos agentes dos serviços de contra-inteligência militar que se encontravam a bordo.
Preocupações do Kremlin com a Ucrânia e o Conselho de Segurança
Kiev afirmou que os russos tinham sido informados da aproximação dos navios e acusou Moscovo de agressão – e, pelo menos em parte, a (já velha) tese da «agressão russa» parece vingar entre os suspeitos do costume, da Alemanha ao Canadá.
O Kremlin classificou o incidente naval como uma «provocação muito perigosa» e defendeu a actuação dos seus guardas fronteiriços. Em declarações à RT, Dmitri Polianski, representante permanente adjunto da Rússia junto das Nações Unidas, manifestou também a sua preocupação pela reacção do Conselho de Segurança, que se reuniu de emergência esta segunda-feira, face ao «incidente».
«Temo que a reacção dos países ocidentais que têm uma influência directa na Ucrânia poderá incentivar Kiev a prosseguir com estas provocações, porque, durante a reunião, [os ucranianos] não ouviram qualquer repreensão por parte do Ocidente», disse Polianski, que salientou o facto de os membros do Conselho da Segurança das Nações Unidas terem decidido não atribuir «um significado real à situação no Estreito de Kerch».
Rada Suprema aprova Lei Marcial
Mesmo em imprensa nada suspeita de pró-russa, pró-Assad ou pró-Maduro, afirma-se que o presidente ucraniano, Piotr Poroshenko, com uma «taxa de desaprovação superior a 80%» e enfrentando o risco de desaparecer do mapa no ano eleitoral que se avizinha, se sujeita às suspeitas de que o «incidente» pode estar ligado a uma tentativa de aproveitamento político.
Moscovo acusa Kiev de ter provocado toda a situação, para ganhar mais apoios entre os países ocidentais e para ajudar Poroshenko a continuar no poder.
Entretanto, ontem o Parlamento da Ucrânia aprovou a lei marcial decretada por Poroshenko por um período de 30 dias, a partir de 26 de Novembro, nas zonas do país situadas ao longo da fronteira com a Rússia, da fronteira entre a Ucrânia e a Moldávia, e ao largo das costas dos mares Negro e de Azov. A data da realização das eleições presidenciais foi confirmada: 31 de Março de 2019.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui