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Venezuela acusa EUA de tentarem impor um governo-fantoche no país

O governo da Venezuela acusou John Bolton de promover um golpe de Estado no país. Num outro comunicado, esclarece o «show mediático» da «detenção» de Juan Guaidó, oposicionista de extrema-direita.

Povo venezuelano nas ruas de Caracas, contra a ingerência norte-americana e do Grupo de Lima e em apoio ao presidente Nicolás Maduro, no dia da tomada de posse
Créditos / @KatuArkonada

O Ministério venezuelano dos Negócios Estrangeiros condenou este domingo a nova intentona golpista promovida pela administração norte-americana contra a democracia no país caribenho.

«A elite supremacista que controla a Casa Branca» procura atentar contra «a Constituição, a democracia e a paz», alerta o Ministério num comunicado ontem publicado no Twitter.

O texto sublinha que a «conspiração, liderada por John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, tenta impor pela força» um «governo-fantoche», que «responde aos interesses das transnacionais norte-americanas».

A diplomacia venezuelana acusa Bolton de «abraçar o guião das aventuras golpistas, historicamente inseridas na agenda imperialista, instigando um pequeno sector da direita venezuelana» a seguir pela via da «sedição». Ao invés, sublinha, o presidente Nicolás Maduro tem renovado os apelos ao diálogo, assente no respeito mútuo, entre ambos países.

Destacando que «a maior ameaça para a segurança dos venezuelanos» é o «bloqueio criminoso imposto por Washington», o Ministério exige «o fim de todas as agressões económicas e diplomáticas» contra o país, e declara que o Governo bolivariano «jamais cederá na defesa integral da soberania», recorrendo a todo o seu «poder político, moral e constitucional» para derrotar a agressão imperialista.

Suposta detenção de Guaidó foi «show mediático»

Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional – «em desobediência» perante o Supremo Tribunal de Justiça desde 2016 – foi «detido» ontem de manhã na auto-estrada Caracas – La Gauira por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin).

Pouco depois, a extrema-direita venezuelana e meios que procuram desestabilizar o país no estrangeiro começaram a divulgar elementos sobre a «detenção» nas redes sociais.


No entanto, esta não foi decretada pelo governo da Venezuela, que de imediato veio a público afirmar tratar-se de uma «situação irregular», de um «show mediático» e de uma operação da oposição destinada a agredir o governo do país.

Num contacto com a Venezolana de Televisión, o vice-presidente para a Comunicação, Turismo e Cultura, Jorge Rodríguez, disse que a situação ia ser investigada, e não deixou de notar como, «no momento em que começaram a aparecer dados nas redes sociais sobre esse facto irregular», já havia «jornalistas de órgãos de comunicação internacionais, norte-americanos e colombianos, [...] na sede do Sebin em busca de alguma foto para dar sequência ao seu show mediático».

Ainda ontem, o governo venezuelano informou em comunicado que a «acção irregular» foi dirigida por um agente do Sebin que «estava a ser investigado por ligações conspirativas com a extrema-direita da Venezuela», revela a AVN.

O texto indica que o Ministério Público já abriu um processo sobre o caso da detenção de Juan Guaidó, ocorrida à margem da lei. No total, estão envolvidos quatro funcionários do Sebin, que foram destituídos de forma imediata.

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