Delcy Rodríguez afirmou esta segunda-feira que o seu país está a assumir a presidência pro tempore (temporária) do Mercado Comum do Sul (Mercosul) desde o dia 30 de Julho, quando terminou o período correspondente ao mandato do Uruguai.
Numa entrevista ao programa «Sete Perguntas», na Telesur, Rodríguez afirmou que «a Venezuela vai exercer plenamente o que lhe corresponde por direito», referindo-se às pretensões de alguns países de bloquearem a passagem de testemunho.
Rodríguez recordou que, de acordo com as normas do Mercosul, a assunção da presidência pro tempore deve dar-se depois de o país anterior ter assumido o cargo por um período de seis meses e que a sequência é alfabética. Portanto, finda a presidência do Uruguai, cabe à Venezuela assumir o cargo; se tal não acontecesse, «estaríamos numa espécie de limbo em que ninguém sabe que normas respeitar ou o que fazer», disse.
A mandatária venezuelana referiu ainda que a oposição à Venezuela no Mercosul «visa revitalizar um Plano Côndor contra a Revolução Bolivariana», que atinge a união da América do Sul. «Querem regressar ao passado, aos tempos negros em que violaram os direitos humanos dos nossos povos», criticou.
Paraguai e Brasil... e Argentina
Na sexta-feira, 29 de Julho, com o fim do mandato uruguaio na presidência rotativa do Mercosul, a Venezuela informou os demais países do bloco que iria assumir a liderança da organização, numa carta enviada pelo seu Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Na missiva, enviada aos governos dos países-membros do bloco, a Venezuela destaca os «únicos instrumentos normativos fundacionais que regulam a procedência e continuidade da presidência pro tempore» do Mercosul.
Brasil e Paraguai, que assumem a sua oposição ao Governo de Nicolás Maduro, mostraram-se contrários à passagem da presidência para a Venezuela, defendendo que este processo não é automático e que tem de existir um consenso entre os estados, bem como uma reunião a ratificar a passagem. Nesta altura, a Argentina não se posicionou de forma definida sobre a questão, refere o Opera Mundi.
Na quarta-feira, dia 27, foi cancelada uma reunião prevista para sábado, dia 30, depois de Brasil e Paraguai terem comunicado ao Uruguai que não iriam estar presentes.
Apoio sindical
A Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone Sul emitiu, ontem, um comunicado em que repudia a tentativa de Paraguai, Brasil e Argentina impedirem a passagem do testemunho da presidência do Mercosul para a Venezuela.
No texto, a Cone Sul afirma estar «consternada perante a reacção dos governos da Argentina, Brasil e Paraguai ao impedirem a passagem da presidência pro tempore à República Bolivariana da Venezuela».
A coordenadora, cujas organizações têm 30 milhões de trabalhadores filiados, apela a movimentos sociais, a partidos democráticos que defendem a integração e solidariedade entre os povos, aos membros do Parlasul, à Secretaria Geral da Unasul e à da OEA que «não aceitem este retrocesso».
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