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Fenprof, utentes e sobreviventes do IP3 preparam contra-inauguração

Passados quatro anos, os utentes, entre os quais também se contam muitos professores, lamentam que a obra de requalificação do IP3 esteja quase toda por fazer, mantendo uma sinistralidade muito elevada. 

António Costa, acompanhado por Pedro Nuno Santos, visita as obras no IP3, no âmbito da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2019, Penacova, Coimbra, 1 de Outubro de 2019.  
CréditosMário Cruz / Agência Lusa

Embora as obras de requalificação do IP3, que liga Vila Verde da Raia, em Chaves, à Figueira da Foz, estejam basicamente paradas à anos, os milhares de utentes que têm de utilizar uma das estradas mais perigosas do país podem sempre contar com renovadas «cerimónias de croquetes e propaganda».

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IP3: é urgente reparar o troço e defender os utentes

Foi discutida esta quarta-feira no Parlamento a situação do IP3, com petições da sua Associação de Utentes e Sobreviventes e de associações empresariais, ficando vincada a premência da sua reparação.

Entre 1991 e 2017, só num percurso de 20 quilómetros, registaram-se 1825 acidentes no IP3, com 1836 feridos e 123 mortos
Créditos / Jornal do Centro

Discutiu-se ontem, na Assembleia da República, o estado do troço do IP3 que reclama há muito obras urgentes, registando-se ao longo do debate uma convergência dos diferentes partidos no reconhecimento da necessidade urgente dessa requalificação, estando a mesma há muito por concretizar fruto da inacção de vários governos.

Para além da concordância dos grupos parlamentares de que já passou tempo de mais sem as intervenções devidas se concretizarem, Ana Mesquita do PCP afirmou que mais do que constatar é preciso que «a obra se concretize» e que se assegure que o itinerário seja requalificado mas que fique sem portagens. A deputada chamou a atenção para a importância de que, ainda antes do início das obras de fundo, se acautele a colocação de uma divisória central no troço entre Santa Comba Dão e Viseu e que se coloque sinalização de segurança.

Heitor Sousa, do BE, alertou que o projecto de resolução do PSD não afasta uma nova PPP rodoviária.

A discussão ficou ainda marcada pelo anúncio por parte do grupo parlamentar do PS da publicação, pelo Governo, em Diário da República de uma portaria na qual constam as verbas orçamentais de cerca de 12 milhões de euros para a execução, em 2019 e 2020, da obra do troço entre o nó de Penacova e a Ponte sobre o Rio Dão.

Para além de projectos de resolução de PSD, PCP, BE e PEV, a discussão teve por base duas petições, uma da Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3 (AUS) e outra que tem como proponentes a Associação Empresarial da Região de Viseu, a Associação Comercial do Distrito de Viseu, a Associação Empresarial de Mangualde, a Associação Empresarial de Lafões e a Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões.

Na petição da AUS reivindica-se a melhoria e o alargamento da via, alertando para que a intervenção não pode ser usada como pretexto para a introdução de portagens, tendo em conta exemplos verificados na região, como é o caso do antigo IP5. Os signatários exigem que se proceda com urgência à reparação do piso e apelam à correcção dos «graves problemas de segurança», dando como exemplo as curvas mais apertadas, inclinações acentuadas, zonas onde se formam lençóis de água e estrangulamentos de via, responsáveis por «muitas colisões e despistes».

Recorde-se que a AUS já tinha criticado as declarações de Pedro Coimbra, deputado do PS, que afirmou que o que impedia a duplicação do traçado do IP3 seriam motivos financeiros e não técnicos porque, segundo aquela Associação, «não são os 134 milhões de euros que o IP3 custará, repartidos por vários anos, que impedem que o Governo invista na Saúde, nos salários ou em obras, mas sim as opções políticas de quem prefere injectar mais de 2200 milhões de euros no Banif para lavar os crimes de quem arruinou a vida de muitas famílias e a economia do País».

O Itinerário Principal (IP) 3, sendo considerada uma via estratégica para a mobilidade e o desenvolvimento da Região Centro, integra a lista das estradas mais perigosas do País, registando-se centenas de acidentes só nos últimos três anos.

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A 2 de Julho de 2018, o primeiro-ministro António Costa anunciou, em Penacova, o lançamento da empreitada da 1.ª fase de requalificação do IP3 e o lançamento do projeto da 2.ª fase que previa a duplicação/requalificação de Fornos/Souselas (IC2) ao nó de Viseu (A25). Este investimento de 134 milhões de euros devia estar terminada em 2022, passados quatro anos, apenas 10% está concretizado.

Em comunicado conjunto, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN) e a Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3 recordam que, de acordo com o primeiro-ministro, a dimensão do investimento na obra «obrigava o Governo a optar entre a requalificação do IP3 e a recomposição da carreira docente».

No entanto, os professores, muitos dos quais precisam deste troço rodoviário para exercer a sua profissão, alertam que «a não realização das obras não se deve a qualquer investimento do governo na sua profissão, cuja carreira se mantém com um corte de tempo de serviço entre os seis anos e meio e os dez e consequentes perdas salariais anuais de vários milhares de euros per capita». Ficaram as obras por fazer e a carreira dos profissionais deste sector por valorizar.

A Fenprof reafirma a necessidade de «recompor uma carreira e um estatuto remuneratório que em menos de duas décadas se desvalorizou cerca de 30%, sendo uma das principais causas da situação, hoje bem conhecida, de falta de muitos professores nas escolas».

Contra-inaugurar uma obra à muito prometida e anunciada

Assinalando o 4.º aniversário dos «célebres anúncios», os utentes e professores vão promover uma acção de denúncia e protesto, no próximo dia 2 de Julho.

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Utentes do IP3 acusam primeiro-ministro de demagogia

A Associação de Utentes e Sobreviventes (AUS) do IP3 acusa António Costa de demagogia e denuncia informação recebida do deputado do PS, de que são motivos financeiros a impedir a duplicação do traçado.

A associação, que em Abril entregou no Parlamento uma petição com 7 mil assinaturas, defende que as populações estão fartas de negligência e abandono
Créditos / Pplware

Num comunicado enviado às redacções, depois de recebida na Assembleia da República para entrega de uma petição e do anúncio das obras de requalificação do Itinerário Principal (IP) 3, a AUS alerta para as afirmações do deputado do PS, Pedro Coimbra. 

Segundo informação avançada pelo eleito, aquilo que impede a duplicação do traçado do IP3, em toda a sua extensão, são motivos financeiros e não técnicos. «Tendo em conta que esta declaração contraria as informações que têm vindo a público, a AUS IP3 questiona: Quantos mais têm que morrer para que os aspectos financeiros não prevaleçam sobre as vidas humanas

As preocupações dos utentes recaem sobre a segurança mas também sobre a sua própria carteira, depois de o deputado do PS ter avançado soluções «que apontam a existência de percursos portajados alternativos aos 15% do traçado que não será alargado»

A AUS IP3 insiste que continuará a reivindicar uma solução não portajada para esta via «estruturante» para o desenvolvimento de toda esta região, e considera um «ultraje às populações qualquer esquema de implementação de portagens faseado ou encapotado».

Os utentes reiteram a necessidade de as obras avançarem «sem mais demoras», porque, alertam, «os sucessivos acidentes que continuam a acontecer ilustram bem a perigosidade da via e a urgência da sua requalificação».

«Elevada dose de demagogia»

A associação denuncia que o projecto com o lema «IP3 – A solução de mobilidade para mais segurança», tenha sido apresentado pelo primeiro-ministro «fazendo passar a ideia de que a realização desta obra impede o Governo de realizar outras ou de actualizar salários da Função Pública». 

O argumento, acrescenta, além de «colocar os portugueses, uns contra outros», é inaceitável. «Não são os 134 milhões de euros que o IP3 custará, repartidos por vários anos, que impedem que o Governo invista na Saúde, nos salários ou em obras, mas sim as opções políticas de quem prefere injectar mais de 2200 milhões de euros no Banif para lavar os crimes de quem arruinou a vida de muitas famílias e a economia do País», lê-se no texto.

Sublinha, por outro lado, que a solução «há muito reclamada por esta associação era, como se prova agora, a mais barata (cerca de metade do que estava previsto para uma auto-estrada) e que já podia ter evitado muitas daquelas vítimas».

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A contra-inauguração terá início às 11h, na Espinheira: «para além das velas de aniversário, contará com o contra-discurso do senhor contra-primeiro-ministro, os esclarecimentos de representantes das organizações promotoras do evento e o inevitável cortar de fita, para além da envolvente realização de outros actos normalmente associados a este tipo de cerimónias».

Contra-inaugurada a obra, seguir-se-á a visita a um IP3 em que nada aconteceu nos últimos quatro anos, especialmente no troço Espinheira-Souselas. A caravana automóvel vai circular a uma «velocidade que permita apreciar devidamente aquilo que foi feito – com destaque para a instalação do novo radar no início da descida do Botão».

«Poderão ocorrer, no decurso da marcha, algumas buzinadelas de utentes que decidam manifestar o seu contra-contentamento, quiçá, contra-agradecimento pelo que forem observando», alertam os organizadores.

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