População de Alcanena rejeita linha de muito alta tensão

Os pareceres sobre a instalação de uma linha de muito alta tensão, de Lavos/Figueira da Foz para Rio Maior, ainda estão em fase de análise, mas a população de Alcanena, no distrito de Santarém, não tem dúvidas sobre o impacto negativo que a infra-estrutura teria naquele território.

A proposta da REN (Redes Energéticas Nacionais), que atravessaria também os concelhos de Torres Novas, Santarém e Rio Maior, já foi, aliás, chumbada pela Assembleia Municipal de Alcanena, no final de Março. 

A perspectiva de implementação de uma linha de muito alta tensão, prevista no projecto «Linha Lavos - Rio Maior 1, a 400kv», atravessa o concelho de Alcanena numa extensão de cerca de 20 quilómetros, com a instalação de 63 apoios localizados em cinco das sete freguesias, «representando graves constrangimentos», lê-se na petição lançada pelas Comissões de Utentes do Médio Tejo e pelo Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP).

O documento alerta para os riscos da infra-estrutura, não apenas para a população e actividades económicas e sociais, mas também para os ecossistemas, exigindo assim o indeferimento da pretensão da REN e a escolha de um novo corredor. Uma «potencial interferência com vastas áreas urbanas e outros usos do solo sensíveis causando sérios riscos à saúde pública das populações com a exposição humana a radiações electromagnéticas emitidas em permanência», e potenciais ameaças à biodiversidade e ecossistemas que compõem a nascente do Rio Alviela, o Polje Mira-Minde (Reserva Natural de Mira de Aire) e nascentes associadas, são algumas das advertências. A estas soma-se «o potencial risco de contaminação de águas subterrâneas, do Maciço Calcário Estremenho, onde se desenvolve a passagem da linha eléctrica», mas também um «desastroso impacto na paisagem do território por ser uma das características distintivas de um património imaterial incalculável». 

Em termos económicos, os utentes alertam para «o comprometimento da execução» do Parque Empresarial junto da A1/A23, que, «além da relevância geoestratégica regional e nacional, assume a maior importância para o desenvolvimento socioeconómico do concelho».