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São tantos os problemas na Faculdade de Ciências que não couberam no título

Esta quarta-feira há luta dos estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). Os estudantes reclamam mudanças por parte da direcção da faculdade, como também o fim da propina.

Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa na manifestação do Dia Nacional do Estudante de 2024.
Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa na manifestação do Dia Nacional do Estudante de 2024.Créditos

A acção reivindicativa está marcada para as 12h30, junto ao espaço C5 desta faculdade. O local é simbólico para a reivindicação, pois é onde funciona uma cantina privatizada, que antes era um sítio de uso colectivo e de estudo de todos na faculdade. Os alunos, que ao longo dos anos reivindicaram uma cantina com capacidade para os 5500 estudantes que frequentam a instituição, ficaram sem o espaço de estudo e sem alimentação a preços acessíveis.

Em nota à comunicação social, o grupo de estudantes, que dinamizará a acção, reivindica uma cantina pública, administrada pelos Serviços da Acção Social da Universidade de Lisboa (SASUL), como a única capaz de assegurar um preço acessível e uma alimentação de qualidade para a generalidade dos estudantes da faculdade.

A resolução da questão da cantina não esgota as exigências do grupo de estudantes. Segundo a nota, «1 em cada 10 estudantes abandona» os estudos devido a dificuldades financeiras. Daí, a luta ganha duas frentes com o mesmo propósito: ampliar o acesso ao Ensino Superior, seja na participação em actividades de vertente científica, cultural e política dentro da FCUL, seja para exigir o fim das propinas e emolumentos.

O fim da propina

Não é possível falar de barreiras à educação sem referir as propinas do Ensino Superior. «Um verdadeiro serviço público é gratuito e de qualidade para todos. Não nos subjugamos ao subfinanciamento e à privatização do Ensino Superior Público», referem os alunos da FCUL, recordando que, no passado dia 9 de Outubro, centenas de estudantes de diversas faculdades de Lisboa se concentraram à porta da sede do Governo, após declarações do ministro Fernando Alexandre sugerirem o descongelamento das propinas. As propinas têm valores congelados desde o Orçamento do Estado de 2019.

Os entraves na FCUL e o direito à faculdade

Mas há também outros problemas locais na FCUL, referem os estudantes. A par das propinas, criticam os «custos exorbitantes» do uso do espaço da faculdade pelos estudantes. O comunicado denuncia situações verificadas com a actual direcção, que pede 500 euros «para a reserva de um espaço para passagem de um filme», e a estudantes de doutoramento exige «cerca de 2500 euros (e após negociação) para a possível realização de um evento científico». A faculdade dispõe de espaços que os estudantes não podem usufruir e peca em questões básicas como espaços de estudo e convívio, reparação de elevadores, equipamentos informáticos e laboratoriais, micro-ondas e salas para os núcleos e clubes, enumeram os estudantes.

A Direcção da FCUL, criticam, restringe também o acesso aos próprios cursos. Nos últimos meses, os estudantes foram confrontados com a suspensão unilateral do mestrado de História e Filosofia das Ciências, que teve resposta com a luta dos estudantes, e com a ameaça de ser feito o mesmo no mestrado de Engenharia Geoespacial.

«Os estudantes irão sempre lutar pelo direito a uma faculdade que permita o acesso a cursos diversificados, uma Faculdade de Ciências que valorize a Ciência. Uma instituição que não esteja subordinada à lógica do mercado global e da gestão administrativa», conclui o chamado para a luta de hoje.

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