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18 anos depois do «Sim» ainda há obstáculos a impedir livre acesso à IVG

O Movimento Democrático de Mulheres apela à necessidade de defender o direito à interrupção voluntária da gravidez (IVG) e alerta para os obstáculos que resultam do desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde. 

Milhares participaram na Manifestação Nacional de Mulheres promovida pelo Movimento Democrático de Mulheres (MDM), no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, numa jornada de denúncia dos problemas que afectam as mulheres e de afirmação de força e unidade na defesa e conquista dos seus direitos. Lisboa, 11 de Março de 2023
CréditosManuel de Almeida / Agência Lusa

Faltam médicos e enfermeiros, designadamente na especialidade de ginecologia e obstetrícia, bem como médicos de família nos cuidados de saúde primários, mas nem só da falta de pessoal se tece o nó de constrangimentos que impedem o acesso das mulheres à IVG no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Numa nota à imprensa para assinalar o aniversário do referendo da despenalização do aborto em que o «Sim» venceu, em 11 de Fevereiro de 2007, e após várias décadas de luta, o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) recupera dados de relatórios e reflexões políticas para denunciar que, dos 42 hospitais elegíveis  para a realização de IVG, apenas 27 a realizam. Já quanto aos agrupamentos de centros de saúde, apenas cinco (de 55) realizam consulta prévia, sendo que em nenhum se realiza a IVG.

«Apenas 13% dos especialistas de ginecologia e obstetrícia realizam IVG no SNS», lê-se na nota, onde as mulheres criticam a inexistência «de uma sistematização processual relativa aos objectores de consciência, tanto no SNS como no sector privado, desconhecendo-se o seu real número e efeitos diretos no acesso à IVG». 

O MDM insiste que «é urgente resolver os constrangimentos no SNS no acesso à IVG», priorizando o investimento na dignificação dos profissionais de saúde, com a valorização das carreiras e das condições de trabalho, mas também em estratégias de formação e sensibilização na área da saúde sexual e reprodutiva. 

As activistas reclamam uma «actualização, uniformização e obrigatoriedade de existência de procedimentos relativos à IVG em todas as unidades de saúde (de cuidados primários e hospitalares)» e protocolos de articulação entre todas as unidades de cuidados de saúde primários de hospitalares de referência, exigindo, entre outras medidas, «sistematização e actualização regular relativa aos objectores de consciência» e a aplicação da IVG medicamentosa em centros de saúde.

O prolongamento do prazo da IVG (dez semanas) é outra reivindicação do movimento, que o Parlamento chumbou em Janeiro. «Sempre defendemos um prazo superior a 12 semanas», lê-se na nota, com as activistas a rejeitar «abortos inseguros ou prosseguimento de gravidezes não desejadas». 

No próximo dia 8 de Março, em que se assinalam os 50 anos da primeira comemoração do Dia Internacional da Mulher em liberdade e da manifestação promovida pelo Movimento Democrático de Mulheres, o movimento volta a convocar uma manifestação nacional, em Lisboa, a partir da Praça dos Restauradores, pelas 14h30. 

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