A cerimónia decorreu esta manhã no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, onde a Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM) entregou ao ministro da Cultura o guião com os conteúdos do futuro Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, que vai ser criado na Fortaleza de Peniche e deverá ser inaugurado a 27 de Abril de 2019 – o dia em que, há 44 anos, presos políticos foram libertados desta prisão, no distrito de Leiria.
De acordo com indicação dada esta manhã por Luís Filipe Castro Mendes, está já a decorrer a análise das 22 propostas submetidas por equipas de arquitectura, cujos resultados deverão ser conhecidos «a breve prazo».
O projecto vencedor, acrescentou o ministro, será orientado pelo guião que foi trabalhado pela CICAM, «em diálogo com a Direcção-Geral do Património Cultural, na definição da museografia».
A CICAM é composta pela directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, pelo presidente da Câmara de Peniche, Henrique Bertino, pelo chefe de gabinete do Ministro da Cultura, Jorge Leonardo, de Adelaide Pereira Alves e Manuela Bernardino, do PCP, João Bonifácio Serra, historiador, e dos ex-presos políticos Domingos Abrantes, Fernando Rosas, José Pedro Soares, que é membro da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, e Raimundo Narciso, do movimento «Não Apaguem a Memória».
Paula Silva anunciou que será lançado ainda hoje uma página na internet concebida pela Direcção-Geral do Património Cultural com o objectivo de recolher testemunhos que contribuam para a memória do museu.
O investimento previsto na requalificação da Fortaleza de Peniche e consequente criação do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, é de 3,5 milhões de euros, dos quais meio milhão são suportados pelo Orçamento do Estado e os restantes por fundos comunitários.
Verdadeiro símbolo da resistência
Foi a 27 de Abril de 2017 que o Conselho de Ministros aprovou a elaboração de um plano de recuperação da Fortaleza de Peniche para instalação de um museu nacional dedicado à luta pela liberdade e pela democracia.
Mas o embrião do projecto que visa salvar a memória dos que lutaram por esses valores não nasceu aí. Foi devido à movimentação e protesto da população, nomeadamente de muitos resistentes antifascistas, que o imóvel deixou de ser alvo do Revive – programa do Governo que abre a concessão de património histórico a unidades hoteleiras e turísticas, por 30 a 50 anos.
Divulgada a intenção de incluir a Fortaleza de Peniche na lista de monumentos a transferir para os privados, foi posta a circular a petição «Forte de Peniche - Defesa da memória, resistência e luta», que reuniu cinco mil assinaturas e foi entregue no Parlamento a 5 de Outubro de 2016.
«Preservar a memória da resistência é fazer compreender que esta liberdade que temos foi uma liberdade conquistada e que impôs sacríficos a dezenas de milhares de portugueses. Peniche não é uma cadeia qualquer é o maior símbolo do sistema prisional fascista e o facto de se manter já é uma grande conquista, é um património que vale por si», realçou esta manhã Domingos Abrantes, ex-preso político em Peniche e actual membro do Conselho de Estado.
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