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Não há vacina contra o oportunismo

Ana Gomes foi protagonista de um episódio surreal de «chico-espertismo» ou quis retirar proveitos políticos da situação difícil com que milhares de portugueses estão confrontados?

CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

A candidata à Presidência da República, militante destacada do PS, decidiu publicar nas redes sociais o facto de ter tomado a vacina contra a gripe, enviada por uma amiga de França.

Nas palavras da própria, estava «farta de esperar» e, não foi de modos, violou o regime legal do transporte de vacinas e medicamentos, regulado pelo Infarmed.

De facto, o acto de trazer medicamentos do estrangeiro para uso pessoal é proibido, como esclareceu fonte oficial do Infarmed, explicando que «a importação de medicamentos para uso próprio pelos utentes não tem suporte legal e acarreta riscos para a saúde dos consumidores, por não estarem garantidas as condições de segurança, qualidade e eficácia exigíveis para um medicamento, quer durante o processo de aquisição, quer durante o próprio transporte».

Assim, Ana Gomes, que tem sido classificada, por diversos órgãos de comunicação social e protagonistas do comentário político regular, como uma candidata «frontal» e «sem medos», parece não ter qualquer receio de violar as regras.

A situação, no mínimo caricata, comporta uma questão política de fundo: as prioridades de Ana Gomes não passam por exigir e criar condições, a partir do Serviço Nacional de Saúde, para a vacinação de todos, em segurança. Pelo contrário, a candidata presidencial prefere promover uma lógica do «salve-se quem puder», que confronta o princípio da solidariedade.

Além da falta de responsabilidade de uma personalidade com visibilidade pública, ao promover atitudes eventualmente perigosas para os cidadãos, este episódio revela que Ana Gomes não hesitará em retirar proveitos políticos, de forma oportunista, a pretexto das mais variadas situações e por mais complicadas que sejam. 

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