Chegou hoje a confirmação oficial, através de um comunicado do Ministério das Finanças, de que o Governo convidou Paulo Macedo para presidente executivo e Rui Vilar para chairman da Caixa Geral de Depósitos (CGD), convite aceite por ambos.
Ligado à banca desde que entrou para o BCP em 1993, Paulo Macedo foi director-geral dos Impostos, cargo para o qual foi convidado durante o Governo de Durão Barroso, em 2004, pela então ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, e no qual se manteve com o executivo de José Sócrates. Aqui, foi confrontado com críticas por ter assumido o lugar com a elevada remuneração que auferia no momento da requisição ao BCP (cerca de 23 mil euros), isto depois de ter sido aprovado o Estatuto de Pessoal Dirigente da Função Pública, que impedia a existência de salários superiores aos do primeiro-ministro na Administração Pública.
Em 2007, após ter terminado a sua comissão de serviço nos Impostos, foi para director-geral do BCP, o grupo financeiro no qual fez boa parte da sua carreira, passando pela direcção da unidade de marketing estratégico, da secção comercial de cartões de crédito, da rede de comércios e empresários e no gabinete do euro no centro corporativo.
Chegou a vice-presidente do conselho de administração do Millennium BCP, o maior banco privado português, antes de aceitar o convite para integrar o executivo liderado por Pedro Passos Coelho, com a tutela da Saúde.
Depois de ter deixado o cargo de ministro da Saúde, Macedo foi nomeado administrador da Ocidental Vida, sendo também o presidente da Comissão Técnica Vida da Associação Portuguesa de Seguradores (APS).
«Macedo não tem condições», diz PCP, enquanto BE fala em «nova fase» na CGD
O PSD e o CDS- PP não deixaram de elogiar o ex-ministro da Saúde. «Tem a competência e as condições necessárias para desempenhar bem o cargo», referiu o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães.
Catarina Martins, coordenadora do BE, afirmou esperar que com Paulo Macedo à frente da CGD se abra uma «nova fase» naquela instituição bancária. Por outro lado, declarou que o Bloco não se pronuncia sobre o Conselho de Administração da CGD, mas sim sobre «o cumprimento da lei, da transparência e do papel que a Caixa deve ter no País».
Já para o PCP, Paulo Macedo não reúne as condições para ser presidente da CGD. «O Governo decidiu, a responsabilidade é do Governo, na nossa opinião não decidiu de acordo com estes critérios [de competência e de identificação com o serviço público]. Paulo Macedo oferece-nos muitas reservas para vir a ocupar este cargo, particularmente pelo seu percurso anterior, nomeadamente como um dos mais importantes ministros do governo do PSD e do CDS-PP», sublinhou Jorge Pires, dirigente do PCP.
Sustentando a sua posição, o dirigente comunista deu vários exemplos, explicando que Paulo Macedo, enquanto ministro da Saúde, levou a que uma parte do Serviço Nacional de Saúde fosse sendo privatizado, trouxe o crescimento das transferências de dinheiros públicos para grupos privados na saúde e que, relativamente a cuidados primários de saúde, deixou mais de um milhão e meio de portugueses sem médico de família.
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