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«EUA e França estão a pilhar património arqueológico no Norte da Síria»

A Direcção-Geral de Antiguidades e Museus da Síria denuncia que os EUA e a França estão a saquear, com a ajuda dos aliados curdos, o património arqueológico no Norte do país.

Forças militares norte-americanas nos arredores de Manbij
Créditos / drimpic.pw

A maior parte das escavações está a ter lugar na montanha de Um al-Sarj, perto de Manbij, alertou este domingo um representante da Direcção-Geral de Antiguidades e Museus da Síria (DGAM).

Manbij, no Norte da província de Alepo, é controlada por milícias curdas, fortemente armadas e apoiadas pelas tropas norte-americanas e francesas que permanecem ilegalmente na Síria.

A montanha de Um al-Sarj está repleta de peças arqueológicas, refere a agência SANA, acrescentando que as tropas dos EUA e os seus aliados estão a realizar operações semelhantes no suq [mercado antigo] de Manbij.

Mahmoud Hamoud, da DGAM, disse à agência que «as escavações, a pilhagem e o roubo também estão a acontecer em túmulos a leste de Manbij», algo que, defendeu, constitui um «crime» e uma «violação da soberania da Síria».

Hamoud alertou ainda para o aumento das escavações arqueológicas ilegais nas zonas controladas por grupos terroristas na província de Idlib e na região de Afrin (Norte de Alepo), dominada por grupos armados apoiados pela Turquia. «Esperamos que o Exército sírio devolva a paz e a segurança a todas essas zonas rapidamente, porque é a única força capaz de proteger o nosso património», disse, citado pela SANA.

No início de Outubro, a Ópera de Damasco exibiu 500 peças salvas pelo Exército sírio no seu avanço contra as forças terroristas, lembrando a pilhagem massiva de que o país tem sido alvo ao longo de mais de sete anos de guerra de agressão.

Na ocasião, Mahmoud Hamoud sublinhou que foram salvas mais de 9000 peças, provenientes de todas as regiões da Síria. No entanto, apesar de todo o esforço feito no sentido da recuperação e do restauro do património histórico, o responsável sírio estimou que dezenas de milhares de artefactos pilhados continuem desaparecidos, muitos deles no estrangeiro e nas mãos de especialistas, à espera de os vender a coleccionadores privados.

Autoridades pedem à UNESCO que condene o saque

Numa declaração ontem emitida, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros condenou as «escavações ilegais de antiguidades levadas a cabo pelos EUA, a França, a Turquia e os seus agentes em Manbij, Afrin, Idlib, Hasaka, Raqqa e outras áreas sob sua ocupação».

Tais empreendimentos constituem um «novo crime de guerra a acrescentar aos que foram cometidos contra o povo sírio, a sua história e civilização», afirma o Ministério, que solicita à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) a condenação «destas graves violações».

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