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Caos nas urgências hospitalares do distrito de Setúbal afecta utentes

A situação caótica vivida nas urgências dos hospitais do Barreiro, Setúbal e Almada, e nos Atendimentos Complementares de Almada/Seixal, está a provocar atrasos intoleráveis para os utentes.

O Hospital Garcia de Orta abrange os concelhos de Almada e do Seixal, com cerca de meio milhão de utentes
CréditosMário Cruz / Agência Lusa

O «tardio accionamento do Plano de Contingência da Gripe (PCG)», que só foi accionado pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo em 4 de Janeiro, «seja ao nível dos cuidados de saúde primários, seja nos serviços de urgência dos hospitais do distrito de Setúbal», está a provocar «atrasos no atendimento muito superiores ao tolerável» na Urgência Geral do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, refere um comunicado da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal (CUSCS).

As unidades de saúde do distrito de Setúbal viram-se a braços com «um afluxo elevado de utentes, sem que os serviços estivessem capacitados com profissionais suficientes para o respectivo atendimento». Os hospitais do Barreiro e de Setúbal «entupiram» e exerceram «enorme pressão sobre o HGO, que chegou a encaminhar doentes para Lisboa».

Com a activação do PCG prevê-se que «os centros de saúde venham a dispor progressivamente de uma maior disponibilidade nos próximos dias, com períodos alargados durante a semana e aos fins-de-semana» mas, prossegue o comunicado, «desconhecendo-se ainda onde e em que horários».

Já quanto aos Atendimentos Complementares (AC), o problema de fundo, segundo José Lourenço (CUSCS) declarou ao AbrilAbril, reside no encerramento, em 2007, dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) no distrito de Setúbal, e sua substituição pelos referidos AC, que apenas funcionam até às 20h durante os dias de semana e até às 17h nos fins de semana e nos feriados.

Em consequência, os doentes não conseguem ser assistidos na fase inicial da doença e, quando o seu estado de saúde se agrava e acabam por se dirigir ao hospital – tanto por esse agravamento como pela falta de atendimento permanente nos AC – sobrecarregam os serviços e têm de receber maior carga medicamentosa.

A política de poupança nos cuidados de saúde primários, sublinha José Lourenço, acaba por causar mais sofrimentos aos doentes e por sair mais cara ao Estado, com os únicos beneficiários a serem as empresas farmacêuticas, cuja facturação aumenta.

A situação piora no AC de Almada/Seixal, alerta José Lourenço, porque uma população de 160 mil pessoas, no Seixal, dispõe de um único atendimento complementar nos fins de semana e feriados, a funcionar apenas até às 17h.

Por fim, a CUSCS vê com «alguma apreensão o conflito laboral que opõe os enfermeiros à Direcção Executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Almada/Seixal», que está a deixar «os Atendimentos Complementares dos concelhos de Almada e Seixal sem cuidados de enfermagem aos feriados e fins-de-semana». Segundo a CUSCS, o «diferendo decorre desde 1 de Dezembro passado, por os enfermeiros se negarem a trabalhar nesses períodos sem a respectiva compensação salarial, que lhes é estranhamente recusada».

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