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ONU: 113 milhões de pessoas sofrem de «fome aguda» no mundo

O Iémen, a República Democrática do Congo (RDC), o Afeganistão e a Síria encontram-se entre os oito países que, por si só, representam dois terços (66%) do número de pessoas expostas ao risco de fome.

Tal como o Comité Internacional da Cruz Vermelha, vários organismos das Nações Unidas têm alertado para a situação «catastrófica» no Iémen
Créditos / sbs.com.au

Mais de 113 milhões de pessoas em 53 países sofreram em 2018 de «fome aguda» devido a guerras e catástrofes climáticas, anunciou a Organização das Nações Unidas, segundo despacho da AFP.

O número é mais baixo do que o registado em 2017 (124 milhões) devido a diversos países nas regiões da Ásia e Pacífico e da América Latina terem sido menos atingidos por catástrofes naturais do que nos anos imediatamente precedentes. Porém, a FAO alerta para que a existência de um número superior a 100 milhões de pessoas, no planeta, em situação de fome aguda, parece estar a consolidar-se e «dificilmente mudará», face às contínuas crises (político-militares, económicas e climáticas).

Os dados são do relatório Global Report on Food Crisis 2019, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, da sua designação em inglês, Food and Agriculture Organization of the United Nations). O relatório, apresentado há três anos pela primeira vez, elenca os países sujeitos a maiores dificuldades do ponto de vista alimentar.

Uma triste lista

O Iémen, a República Democrática do Congo (RDC), o Afeganistão e a Síria encontram-se entre os oito países que, por si só, representam dois terços (66%) do número de pessoas expostas ao risco de fome: 74,5 milhões. Os restantes são a Etiópia, o Sudão, o Sudão do Sul e a Nigéria.

Além dos conflitos que os atormentam, o Afeganistão, o Iraque e a Síria sofreram sérias secas em 2018, que agravaram a situação alimentar no país.

África é a região do globo mais atingida. Os países africanos são «desproporcionalmente afectados», com 72 milhões de pessoas no continente africano (63,4% dos números mundiais, quase dois terços dos mesmos) a sofrerem de «fome aguda», segundo terá afirmado à AFP Dominique Bourgeon, director da FAO para as situações de emergência alimentar.

Outra constatação sublinhada pelo relatório da FAO é a dos «altos níveis de má nutrição crónica ou aguda em crianças vivendo em situações de emergência», que são motivo de «séria preocupação».

As causas da fome: guerra e alterações climáticas

As razões para as dificuldades alimentares centram-se em três tipos de factores, segundo o relatório. Conflitos armados e situações de insegurança continuam a ser os factores principais, a par de «turbulência económica» e situações, como seca ou cheias, provocadas por choques de alteração climática. A este respeito, Bourgeon sublinha que os países em situação de fome iminente são aqueles em que «80% da população depende da agricultura», necessitando «tanto de ajuda humanitária de emergência como de medidas para ajudar a desenvolver a sua agricultura».

Os casos mais graves são os de guerra no interior do país, como acontece no martirizado Iémen, mas os países limítrofes aos estados devastados pela guerra, como a Síria, afectam as nações vizinhas – no caso, a Turquia e o Líbano, sobretudo.

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