O governo japonês exigiu hoje à administração norte-americana que forneça provas concretas para sustentar a afirmação de que o Irão é o responsável pelos ataques do passado dia 13 de Junho contra dois petroleiros no Golfo de Omã, considerando que as provas de Washington não têm ajudado a «ir além da especulação».
Após o ataque aos dois navios, um japonês e um norueguês, os Estados Unidos imediatamente culparam o Irão pelos ataques, atribuíndo as explosões a minas iranianas. A forma rápida de atribuição de culpas, bem como a falta de provas, quase que evoca os acontecimentos de Agosto de 1964, no Golfo de Tonquim, os quais mais tarde se veio a descobrir que foram um ataque de falsa bandeira.
Entretanto, Washington divulgou um vídeo desfocado que supostamente mostrava a tripulação de um barco de patrulha iraniano removendo uma mina de um dos cascos do navio. Mais nenhuma prova adicional da alegada culpabilidade do Irão foi dada desde então pelos EUA. Por sua vez, o chefe da companhia de navegação japonesa proprietária da embarcação, disse aos repórteres que a tripulação viu «um objecto voador» atingindo o navio, o que não bate certo com a narrativa da mina naval.
Em declarações aos jornalistas, o ministro iraniano dos Assuntos Externos, Mohammad Javad Zarif, frisou que os EUA «saltaram imediatamente» para culpar o seu país «sem um fragmento de evidência factual ou circunstancial», com o objectivo de sabotar as relações do Irão com o Japão.
Japão quer provas concretas «além da especulação»
Mike Pompeo, secretário de estado e chefe da diplomacia norte-americana, disse que a acusação é baseada em vários factores: o tipo de armas usadas, o nível de conhecimento necessário para executar a operação e os recursos para agir com tal nível de sofisticação.
«Se ter o nível necessário de especialização é considerado um argumento convincente para determinar que foi o Irão, isso também se aplicaria aos Estados Unidos e a Israel», disse à agência Kyodo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês.
Neste sentido, o Governo de Tóquio acredita que as explicações de Washington não têm ajudado a «ir além da especulação». «Estas não são provas definitivas de que se trata do Irão», declarou à Kyodo fonte próxima do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe.
O ataque contra dois petroleiros ocorreu quando Shinzo Abe estava em visita oficial ao Irão, a primeira após a Revolução Iraniana de 1979, reunido em Teerão com o líder supremo iraniano, Ali Khamenei.
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