A distinção do arquitecto, do jornalista, do cantor, do ensaísta, do historiador e do actor foi feita com a atribuição do título de Sócio Honorário da Associação Portuguesa de Escritores (APE), numa cerimónia de ambiente intimista, no restaurante As velhas, em Lisboa.
O secretário-geral da APE, Luís Machado, afirmou que a homenagem foi um «momento memorável, um momento sublime e de alta elevação». E que «não foi por acaso a escolha do espaço, uma referência do património histórico-cultural de Lisboa, que foi, no passado mês de maio, com 95 anos de existência, classificada como Loja com História».
O Presidente da APE, José Manuel Mendes, fez questão de assinalar que as seis personalidades homenageadas o foram por decisão unânime dos sócios, em Assembleia Geral, e acrescentou que «foram escolhidos pelo que sabemos ser a vida pública, a obra singular e marcante da vida de cada um deles e pela proximidade connosco, unidos pela arte».
Segundo o dirigente, a sua intervenção cultural é feita em «domínios diversos, não confinada a qualquer visão estrita da literatura», uma vez que «a literatura não está separada das outras áreas da cultura».
Sobre Eduardo Lourenço, José Manuel Mendes explicou que «ele não gostaria de ser considerado uma unanimidade universal» mas foi uma «figura única no panorama português, não só o filósofo, mas aquele que pensou Portugal, na vida pública, política, literária, [na] história e [na] antropologia».
O Presidente da APE referiu ainda que «nas palavras nos encontramos todos: na voz inconfundível de Carlos do Carmo, na obra de ficcionista e historiador de José-Augusto França, na palavra escrita de António Valdemar, que não gosta que se diga que é escritor, mas sim jornalista, na de Rui Mendes, aquele que deu lume às palavras que pôde interpretar e interpretou».
Seguiu dizendo que Eduardo Lourenço «leu» Portugal, ao passo que Álvaro Siza Vieira é autor de obra de «uma precisão, de um rigor, que está muito perto da elaboração literária do escritor».
Álvaro Siza Vieira usou da palavra para enunciar que «o que mais me impressiona e estimula [na literatura] é esse rigor, enquanto o que acontece na arquitectura é fruto de um grande trabalho. Na poesia, esse rigor é ainda maior: cada palavra tem de estar no sítio certo, no momento certo e entre eles tem de haver um ritmo».
A cerimónia foi brindada com um momento cultural, onde se ouviu tocar Suítes para violoncelo solo, de Johann Sebastian Bach, pelo violoncelista Ricardo Mota e terminou com a entrega dos cartões e diplomas que oficializaram o título de sócios honorários às seis personalidades distinguidas.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui