Numa conferência de imprensa dada ontem na Casa Amarela, sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Caracas, o chefe da diplomacia venezuelana afirmou que a ordem executiva firmada por Donald Trump esta segunda-feira dá sequência a outras acções, nomeadamente contra as companhias marítimas e empresas abastecedoras de bens de primeira necessidade.
Neste sentido, disse que o governo bolivariano «está preparado» e que «tem vindo a construir uma arquitectura alternativa». Apesar de «as coisas serem mais difíceis e deixarem feridas», Jorge Arreaza destacou que é «preciso muito mais que um magnata racista […] para violar a dignidade do povo da Venezuela», informam a AVN e a Prensa Latina.
Arreaza, que lembrou que a investida de Washington também terá impacto no sector privado, destacou que, desde 2014, quando Barack Obama firmou um decreto que classificava a Venezuela como «uma ameaça inusual e extraordinária», a Casa Branca emitiu sete decretos executivos com o intuito de restringir a capacidade económica, financeira e comercial do país sul-americano.
Acusando os Estados Unidos de pretenderem tornar a Venezuela «num território da sua guerra geopolítica» contra a Rússia e a China, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros disse ainda que o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, está «desesperado» para não perder o cargo e ficar bem perante o Partido Republicano.
EUA procuram «asfixiar» a Venezuela
Também numa conferência proferida ontem, a vice-presidente da República, Delcy Rodríguez, destacou a gravidade da medida formalizada por Donald Trump, uma vez que visa «criar as bases para a asfixia absoluta da Venezuela».
A vice-presidente afirmou que o decreto pretende «reduzir a disponibilidade de divisas por parte da República Bolivariana da Venezuela, bem como amedrontar países aliados, como a Rússia e a China, e abastecedores que pensam de forma diferente da da administração norte-americana».
Trata-se de um «bloqueio completamente ilícito, ilegítimo, criminoso, que pretende favorecer um sector político minoritário extremista (a oposição), que nunca mais percebe que a única via é a democracia que está consagrada na Constituição», declarou, citada pela AVN.
Moncada denuncia na ONU a nova agressão dos EUA
Numa conferência de imprensa na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, o representante permanente da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, criticou Washington por atacar o processo de diálogo entre as partes na Venezuela, pela atitude colonialista, pela ameaça de bloqueio naval e pela declaração de um embargo económico total.
«Pensam que se podem impor matando o povo venezuelano à fome e com punições colectivas, mas vamos resistir e derrotar esta nova onda de ataques imperialistas», disse Moncada, citado pela Prensa Latina.
O diplomata informou ainda que o governo do seu país escreveu cartas ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU, em que expõe as acções agressivas de Washington contra a Venezuela e a sua população. Além disso, Caracas pede a estes organismos que tomem medidas e condenem os ataques norte-americanos.
Esta terça-feira, a Casa Branca confirmou que o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva para bloquear todos os bens e interesses que sejam propriedade do governo da Venezuela e estejam sob a jurisdição dos Estados Unidos.
A medida também autoriza o Secretário do Tesouro a «impor sanções a pessoas que prestem apoio» ao executivo de Nicolás Maduro, que Washington qualifica como de «ilegítimo» e «usurpador», depois de ter sido reeleito, em Maio de 2018, com 68% dos votos.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui