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CIG mobiliza-se por um plano galego de recuperação económica e contra a guerra

A caminho do 1.º de Maio, a central sindical realizou mobilizações em prol de um plano galego de recuperação económica. Também se juntou à Galiza pola Paz nos protestos contra «o militarismo, a NATO e a guerra».

Vigo foi uma das cidades onde a CIG se mobilizou em defesa de um plano galego de recuperação económica e de um plano de protecção social Créditos / CIG

Delegados da Confederação Intersindical Galega (CIG) mobilizaram-se na quarta-feira nas sete cidades e em Vilagarcía de Arousa junto aos edifícios da Xunta, reivindicando um plano galego de recuperação económica, um plano de protecção social e plenas competências para a Galiza em matéria laboral, económica e fiscal.

As concentrações – revela a central sindical no seu portal – foram precedidas pela realização de plenários, a caminho das comemorações do Primeiro de Maio, em que estão previstas 17 mobilizações da CIG, sob o lema «Trabalho, Direitos, Soberania. Galiza contra as Guerras».

Paulo Carril, secretário-geral da CIG, participou no plenário e na concentração que tiveram lugar na Corunha, tendo destacado a necessidade da aposta na industrialização, na criação e defesa do emprego digno e em serviços públicos fortes, «frente às políticas "suicidas" que o governo do PP aplica na Xunta».

Políticas que, em seu entender, estão a conduzir ao aumento da pobreza e da desigualdade na Galiza e que visam a depredação dos recursos naturais galegos, para os colocar nas mãos de «fundos de investimento, prolongando e aprofundando a nossa condição colonial de despensa de recursos, enquanto comarcas inteiras se desertificam e a emigração continua».

Para implementar este plano, Carril reclamou a intervenção pública em sectores estratégicos e o aproveitamento dos recursos galegos «para gerar emprego, completar ciclos produtivos, aumentar o valor acrescentado e garantir um desenvolvimento equilibrado territorial e ambientalmente».

Escalada belicista

No mesmo dia em que tiveram lugar nas sete cidades as concentrações convocadas pela plataforma Galiza pola Paz contra «o militarismo, a NATO e a guerra», Carril alertou para o actual contexto de crise global, marcado pela ofensiva do capitalismo neoliberal, a escalada belicista e as exigências de aumento das despesas militares por parte da nova administração dos EUA, «que a União Europeia e o governo espanhol cumprem obedientemente».

Centenas de pessoas mobilizaram-se nas sete cidades galegas contra «o militarismo, a NATO e a guerra» (imagem da Corunha) / CIG

O secretário-geral da CIG denunciou que estas exigências, juntamente com a imposição de tarifas, constituem «uma tentativa dos EUA de impor uma nova fase do imperialismo, de aprofundar a exploração de classe, que pode representar um retrocesso importante nas condições de vida da população porque a guerra e a despesa militar significam um caldo de cultivo para o fascismo e a reacção, mas também pobreza, desemprego e desigualdade».

Contra o militarismo, a NATO e a guerra

Ao fim da tarde, centenas de pessoas participaram nas mobilizações convocadas pela Galiza pola Paz e fizeram-se ouvir – na Corunha, Compostela, Lugo, Ferrol, Ourense, Pontevedra e Vigo – contra o militarismo, a NATO e a escalada bélica que ameaça a paz mundial.

No final das concentrações, procedeu-se à leitura de um manifesto da plataforma que denuncia o papel violento da NATO como «ferramenta para a agressão e a banditismo à escala planetária» e a falácia da autodefesa que encobre os interesses do bloco imperialista liderado por Estados Unidos, Reino Unido e a União Europeia (UE).

O manifesto aponta ainda como estes países, responsáveis por 70% das despesas militares a nível mundial, alimentam conflitos, genocídios e desestabilizações, enquanto protegem mediaticamente «aberrações» como o assassinato de mais de 50 mil pessoas na Palestina nos últimos dois anos.

Estratégia de rearmamento

A plataforma acusa o executivo espanhol de aderir à «temerária estratégia de rearmamento» imposta pela NATO e a UE, incrementando a despesa militar acima dos 2% do PIB, em detrimento de investimentos na saúde, educação e serviços públicos.

No entender da Galiza pola Paz, a «militarização acelerada da Europa», justificada com o medo infundado de uma alegada «invasão russa», é uma burla à democracia e à soberania dos povos.

«O único futuro possível para o povo galego é a paz. Mas não essa paz que nos receita o imperialismo, uma paz que assenta sobre o silêncio das vítimas e se invoca em abstracto. A paz que nos dará um futuro é uma paz que ainda não existe, e que deverá ser construída sobre a derrota do imperialismo, das suas lógicas unipolares e do seu braço armado, a NATO», lê-se no manifesto divulgado.

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