Nem a convocação de novas eleições – depois das celebradas a 28 de Abril último –, nem a cartada recente de forte repressão na Catalunha parecem ter dado os frutos desejados por Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol em funções e líder do PSOE, partido que perdeu quase 800 mil votos (relativamente a Abril) e três deputados (ficou com 120 dos 350 que compõem o Congresso espanhol).
Também habituado a comandar os desígnios do Reino de Espanha, os do seu Regime de 78, os que do franquismo vieram dar à «democracia» na (muito mal) chamada Transição, o Partido Popular, o PP espanhol (caracterizado como conservador, de direita e de extrema-direita, conforme os locais até onde a lembrança alcança), foi o segundo partido mais votado nas eleições de ontem, tendo obtido cerca de 700 mil votos a mais que em Abril e mais 22 deputados (tinha 66 e tem agora 88).
O terceiro partido mais votado nestas eleições espanholas foi o fascista Vox (também dito de extrema-direita), tendo obtido aproximadamente mais um milhão de votos que em Abril e mais 28 deputados, ficando agora com 52 no Congresso.
Com 35 deputados, a coligação Unidas Podemos (UP), progressista, perdeu cerca de 700 mil votos e sete deputados, enquanto o Ciudadanos (direita) deu um valente tombo – perdeu 2,5 milhões de votos e 47 deputados, ficando-se agora pelos dez. Albert Rivera, o seu líder provocador, especialmente nos territórios do País Basco e da Catalunha, já apresentou a demissão.
Iglesias desafia Sánchez
Conhecidos os resultados, o líder da Unidas Podemos, Pablo Iglesias – que, numa demonstração do seu nível «consequente», caracterizou o dia de ontem como aquele «em que qualquer cidadão tem o mesmo poder de um multimilionário» –, convidou o líder do partido social-democrata, Pedro Sánchez, a formar um governo de coligação e a ultrapassar a crise institucional.
Iglesias lamentou que as segundas eleições legislativas do ano «apenas tenham servido» para que o Vox registasse uma enorme subida e para que Espanha tenha uma das organizações de extrema-direita mais fortes da Europa, referem a Prensa Latina e a TeleSur. Fortes no Parlamento, naturalmente, porque a extrema-direita nunca «fraquejou» em Espanha.
Neste sentido, defendeu que a formação de um governo de coligação progressista é «uma necessidade histórica». No entanto, os sociais-democratas do PSOE e os progressistas da UP, juntos (155 deputados), ficam longe dos 176 deputados necessários à maioria absoluta no Congresso, pelo que Iglesias poderá estar a magicar nalguma fórmula que inclua alguns dos partidos nacionalistas e independentistas catalães (23 deputados: ERC, 13; JxCAT, 8; CUP, 2) e bascos (12 deputados: PNV, 7; EH Bildu, 5).
Com o histórico de desmandos (antigos e recentes) do PSOE na Catalunha e no País Basco, é uma questão a ver quais destes estarão dispostos a atribuir a Sánchez o cunho de «democrata» e «salvador antifascista». Outro dado de destaque é que o Bloco Nacionalista Galego elegeu um deputado ao Congresso.
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