Para a Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), os níveis de precariedade que os resultados deste inquérito espelham manifestam-se não só na situação profissional dos inquiridos, mas também nos riscos de não verem renovadas as condições para poderem prosseguir o seu trabalho.
O inquérito sobre as condições de exercício profissional de bolseiros e investigadores contratados a termo, realizado com a colaboração da Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), foi lançado a 16 de Março e esteve aberto durante dez dias.
Segundo a associação, a prorrogação de todas as bolsas directamente financiadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) não se aplicou «a milhares de trabalhadores científicos sem salvaguarda laboral, o que os deixa numa situação muito complexa e precária».
Os resultados que apresentam dão nota de que 22% das bolsas e contratos terminam até Setembro (dos quais 83% são bolsas e 17% são contratos de trabalho) pelo que estarão sujeitas a vários meses de penalização na recta final do trabalho.
Por sua vez, 91% dos investigadores inquiridos consideram que as medidas de contingência relativas ao surto de Covid-19 têm impacto no cumprimento do seu plano de trabalho, uma vez que a instituição/local de trabalho está encerrada; o trabalho de laboratório/arquivo ou de campo não pode agora ser realizado; bem como por falta de apoio familiar que impede a realização do trabalho no tempo previsto.
A associação faz uma referência especial aos investigadores que estavam a trabalhar fora do País que podem perder parte ou a totalidade do trabalho que desenvolviam nas instituições estrangeiras e seu respectivo financiamento.
A ABIC e a Fenprof exigem, no sentido de salvaguardar os bolseiros e a sua investigação, a prorrogação dos contratos e das bolsas pelo mesmo período do encerramento das instalações das instituições a que pertencem e onde deviam trabalhar, salvaguardando realidades em que essa prorrogação tenha de abranger um período superior; e ainda a garantia de rendimento para todos os investigadores que, involuntariamente, se encontram sem qualquer tipo de rendimento, designadamente pela falta de acesso ao subsídio de desemprego.
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