A 15 de Maio assinala-se a Nakba – a «catástrofe» –, que diz respeito à proclamação unilateral da independência de Israel, em 1948, e à campanha premeditada que acompanhou o processo de criação de Israel, em que as milícias sionistas destruíram centenas de aldeias, cometeram inúmeros massacres e expulsaram das suas casas cerca de 750 mil palestinianos.
Tratou-se de uma «limpeza étnica que deu origem àquela que é, ainda hoje, a maior comunidade de refugiados em todo o mundo», afirma o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) num comunicado emitido a propósito dos 72 anos da Nakba.
«Este aniversário da Nakba está marcado pelo perigo real da repetição da tragédia de 1948», sublinha o organismo solidário português, na medida em que «o programa do anunciado governo de coligação de Israel prevê a anexação de extensas zonas» da Margem Ocidental ocupada, numa «descarada violação do Direito Internacional» e das «resoluções aprovadas pela ONU ao longo de mais de 70 anos».
O MPPM alerta que a anexação de extensas áreas da Cisjordânia, anunciada para 1 de Julho, «seria um salto qualitativo duma gravidade inaudita», a culminar uma «escalada de provocações e desafios ao Direito Internacional, quer por Israel quer pelos EUA e o presidente Trump».
A anexação irá inviabilizar a criação de um Estado palestiniano, destaca o texto, da mesma forma que «destrói a perspectiva de solução negociada para a questão palestiniana» e «abre as portas à escalada e eternização dos conflitos no Médio Oriente».
Para além disso – alerta o MPPM –, a anexação de parcelas do território palestiniano «conduzirá a uma nova Nakba, que já se prenuncia nas notícias sobre a intensificação da violência dos colonos e o aumento das rusgas israelitas na Cisjordânia, visando mesmo instalações e equipamentos para o tratamento da pandemia Covid-19».
Impõe-se uma «reacção vigorosa»
«Estamos perante o perigo real de uma nova enorme traição ao povo palestiniano. A luta contra a pandemia Covid-19 – uma ameaça também para o povo palestiniano, em especial o povo sitiado de Gaza e os presos políticos palestinianos nas prisões de Israel – não pode fazer esquecer, nem esconder, a gravidade do momento», alerta o MPPM.
Neste sentido, o documento sublinha que «quem não tomar hoje uma posição clara, forte e sem ambiguidades em defesa da legalidade internacional tornar-se-á cúmplice do crime e não poderá amanhã vir a lamentar as consequências».
O MPPM considera «inaceitável que, perante a intenção proclamada de anexação, não haja uma posição imediata de reconhecimento pleno do Estado palestiniano, nas fronteiras de 1967», do mesmo que não aceita que «prossiga a cooperação e a colaboração da União Europeia e dos seus países-membros com Israel», designadamente no contexto do Acordo de Associação UE-Israel e, muito particularmente, «a cooperação no plano militar», que o MPPM tem denunciado repetidamente.
Afirmando a urgência de travar os planos anexionistas de Israel e de impedir uma nova Nakba, o organismo solidário com a Palestina «lamenta profundamente a atitude do Governo português», por se manter em silêncio e nem sequer acompanhar «iniciativas diplomáticas de alguns países da União Europeia, nomeadamente a de 11 embaixadores em Israel que comunicaram a Benjamin Netanyahu a sua oposição à anexação».
Ao não condenar firmemente a anexação – enfatiza o MPPM –, o Governo português despreza o Direito Internacional, sucessivas resoluções das Nações Unidas, a Constituição da República Portuguesa e a recomendação da Assembleia da República de que o Governo reconheça plenamente o Estado da Palestina.
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