O Subandino sul e norte, Boomerang e Madre de Dios são as zonas estratégicas do país sul-americano onde a YPFB vai levar a efeito o projecto, ao longo deste ano e do seguinte, informou este fim-de-semana um representante da empresa petrolífera estatal.
Armin Dorgathen, vice-presidente da administração de contratos e fiscalização da YPFB, sublinhou que se trata de «um plano exploratório agressivo para salvaguardar e manter as quotas de mercados na Argentina e no Brasil», informa a Agencia Boliviana de Información (ABI).
«Enquanto administração, queremos que os nossos índices de reservas sejam maiores», explicou o responsável, precisando que o Subandino se localiza nos departamentos de Tarija, Chuquisaca e Santa Cruz; o Boomerang fica em Santa Cruz e Cochabamba, enquanto o Madre de Dios se situa nos departamentos de Pando, Beni e La Paz (parte Norte).
O presidente boliviano anunciou esta segunda-feira que o seu governo vai concluir pelo menos 1800 obras promovidas pelo ex-presidente Evo Morales e que ficaram paradas após a intentona golpista de 2019. «Estamos a concluir o que já estava a ser construído em todo o país, mais de 1800 projectos, e depois vamos começar novas obras», afirmou Luis Arce no acto de entrega da Unidade Educativa Tomás Katari, no município de Macha (departamento de Potosí). «Quando assumi o cargo, deparei-me com um Estado endividado, mas temos estado a trabalhar durante todo este tempo e, agora, estamos a terminar todas as obras. Por isso, o nosso lema é "obra terminada, obra 100% paga também"», afirmou, citado pela Agência Boliviana de Informação (ABI). Cerca de um milhão de pessoas juntaram-se para receber Evo na pista de onde levantou voo, há um ano, com destino ao exílio, no México. Morales denunciou o golpe e lançou uma mensagem de unidade. «Vem lá dura luta, temos de acompanhar e estimar o irmão Lucho [Luis Arce]», disse ontem Morales na maior das concentrações realizadas desde que regressou ao país, na segunda-feira. Na pista do aeroporto de Chimoré, no Trópico de Cochabamba, estima-se que cerca de um milhão de pessoas, provenientes de todo o país, se juntaram para receber o ex-presidente da Bolívia. A data era simbólica, já que esta quarta-feira passava exactamente um ano desde que Morales se viu forçado a fugir para o exílio, na sequência do golpe de Estado. Ao falar para a multidão, Evo Morales defendeu que a exploração dos recursos naturais e estratégicos é uma via legítima para recuperar a soberania e a dignidade dos povos contra a subjugação pelo imperialismo norte-americano, indica a TeleSur. Morales afirmou que a direita não aceita que os índios tenha conseguido mudar a Bolívia, referindo que, apesar dos erros cometidos, o Movimento para o Socialismo (MAS) mostrou que governa melhor o país que os neoliberais, sem ter de seguir as habituais receitas do Fundo Monetário Internacional (FMI). O desenvolvimento alcançado na Bolívia e a grande melhoria das condições de vida do povo boliviano com base na nacionalização dos recursos naturais, fora do modelo capitalista, é algo que o imperialismo, que os Estados Unidos não perdoaram, sublinhou o ex-presidente, que enumerou provas de que o golpe de 2019 teve motivações económicas, para atacar o modelo alternativo de desenvolvimento do país sul-americano e deitar mão aos seus recursos. Ainda sobre o golpe de Estado de 2019, Evo Morales disse que «derrotámos a direita e vamos continuar a derrotá-la porque somos um povo unido, organizado, mobilizado, que mostrou que em pouco tempo se pode mudar a Bolívia». «Em menos de um ano recuperámos a democracia, voltámos ao governo; isso é algo inédito, histórico, único no mundo», disse, acrescentando que a vitória de Luis Arce e do MAS nas eleições de 18 de Outubro veio confirmar que, há um ano, não houve qualquer fraude, como alegaram os golpistas. Morales chegou à Bolívia na passada segunda-feira, atravessando a fronteira internacional entre a Argentina – país onde esteve exilado desde Dezembro do ano passado – e o seu país em La Quiaca. Em Villazón, já no lado boliviano, teve início uma caravana de três dias pelas estradas dos departamentos de Potosí, Oruro e Cochabamba, até chegar a Chimoré. Na concentração gigante de ontem estiveram presentes o líder do Senado, Andrónico Rodríguez, Juan Carlos Huarachi, secretário-geral da Central Obrera Boliviana, o candidato presidencial equatoriano Andrés Arauz, entre outros representantes de delegações internacionais, sindicatos, organizações populares. Estava previsto que o presidente da República, Luis Arce, estivesse presente, mas tal não foi possível. Morales disse que falou com ele duas vezes ao telefone, na madrugada e manhã de ontem, sobre a nomeação dos membros do novo governo, na sequência da vitória esmagadora do MAS nas eleições gerais. Antes da intervenção de Morales, representantes de organizações sociais da Bolívia leram um manifesto em que reconhecem a liderança social indiscutível de Morales, a sua governação unitária e o seu êxito em fazer da Bolívia um país independente e digno, informa a Prensa Latina. No documento, comprometem-se a defender as conquistas da revolução democrática e cultural a nível político, social, económico e cultural, procurando alcançar êxitos económicos, maior igualdade, independência nacional e identidade pluricultural. Também pedem segurança para o ex-presidente boliviano, tendo em conta as ameaças de morte contra ele vertidas na Internet desde que regressou ao país. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Acrescentou que o actual governo assumirá todos os compromissos realizados pelo executivo de Morales (2006-2019), uma vez que beneficiam as populações das cidades e das áreas rurais. Na comitiva que acompanhou Arce integrava-se o ministro da Educação, Adrián Quelca, que destacou a importância da construção da infra-estrutura educativa, no âmbito da estratégia do governo boliviano que faz de 2021 «o ano da recuperação do direito à educação». A estrutura terminada e entregue implicou um investimento de cerca de 700 mil dólares. Conta com 12 salas de aula, dois laboratórios, oficinas, sala de reuniões e um campo multifuncional, precisa a agência Prensa Latina. Ao participar na tradicional Festa do Tinku, no mesmo município, o presidente da Bolívia pediu ao povo que se mantenha unido face a certas tentativas de desestabilização da direita. «Vivemos em paz e tranquilidade, queremos trabalhar, mas a direita não dorme», disse Arce, sublinhando: «Por isso, mais que nunca, unidade, irmãos, entre todos nós.» O chefe de Estado, que participava numa festa que é património cultural da Bolívia, recordou o papel importante dos municípios do Norte de Potosí na recuperação da democracia e a sua luta contra o golpe de Estado de Novembro de 2019, informa a ABI. «Mostraram-no várias vezes, mostraram-no no bloqueio de caminhos de Agosto do ano passado, quando, graças a essa mobilização, dissemos "não" ao "prorroguismo" do governo golpista [sobre a data das eleições] e conseguimos uma data definitiva [18 de Outubro]», destacou. «Estamos a levar o país para a frente, temos o problema da pandemia de Covid-19, o da Educação e estamos a encarreirar a economia pouco a pouco», disse ainda o presidente acompanhado por autoridades locais. 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Bolívia vai concluir 1800 obras que foram interrompidas pelo golpe de Estado
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Organizações sociais reconhecem «liderança social indiscutível de Morales»
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Apelo à unidade contra a desestabilização
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A YPFB espera ter, em 2025 e 2026, um maior número de reservas e que estas zonas potenciais, onde decorre o plano de exploração, dêem os resultados esperados, disse o Dorgathen.
«Este plano e os resultados positivos que gerar vão-nos permitir melhorar a balança comercial, ou seja, vender mais gás, produzir petróleo nacional e, com isso, diminuir a importação de diesel», defendeu.
De acordo com a ABI, os responsáveis da YPFB prevêem realizar a perfuração de 17 poços para encontrar hidrocarbonetos, mas esse número pode ser aumentado conforme o projecto for evoluindo.
Governo golpista deixou uma «dívida milionária»
Na sua conta de Twitter, o presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciou este sábado que o executivo golpista liderado pela autoproclamada Jeanine Áñez deixou uma dívida enorme ao parar mais de 800 obras.
«Em 2020, o governo de facto paralisou mais de 800 obras da Unidade de Projectos Especiais do Ministério da Presidência, deixando uma dívida de 1800 milhões de pesos bolivianos» (cerca de 215 milhões de euros), escreveu Arce.
O chefe de Estado do país andino-amazónico comprometeu-se a «reverter os danos económicos causados pelo regime e reactivar todos os projectos em benefício do povo».
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