|Palestina

Palestinianos juntam forças contra o financiamento aos colonatos

Mais de 150 organizações palestinianas e conselhos de aldeias promovem uma campanha para travar os fundos provenientes dos EUA para construir colonatos israelitas na Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Palestinianos protestam contra a decisão recente dos EUA sobre os colonatos no «Dia da Ira»
Palestinianos num protesto contra os colonatos e a mudança de política dos EUA sobre eles (imagem de arquivo) Créditos / Sputnik

A campanha, designada «Desfinanciar o Racismo», pede aos apoiantes dos palestinianos nos Estados Unidos que pressionem a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, para que revogue as licenças atribuídas às várias organizações de beneficência sedeadas nesse estado que financiam os colonatos israelitas, informa a agência WAFA.

Visa especificamente a Israel Land Fund, a Hebron Fund, a Ateret Cohanim, a Friends of Ir David (Elad) e a Regavim, principais organizações que estão a trabalhar nos bairros de Silwan e Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental ocupada, cujos residentes palestinianos correm o risco de expulsão.

|

Dezenas de palestinianos feridos por forças israelitas em protestos contra colonatos

As forças israelitas reprimiram com violência, esta sexta-feira, os protestos dos palestinianos contra os colonatos na localidade de Beita, perto da cidade de Nablus, na Margem Ocidental ocupada.

Palestinianos durante os protestos em Beita contra a ocupação israelita, 25 de Junho de 2021 
CréditosAyman Nubani / WAFA

Pelo menos 18 palestinianos foram atingidos com balas de aço revestidas de borracha, incluindo dois paramédicos, durante um protesto realizado esta sexta-feira para denunciar a construção do novo colonato judaico de Eviatar no cimo do Monte Sabih, perto da localidade palestiniana de Beita, revelaram fontes locais e médicas.

Várias dezenas de manifestantes sofreram ainda sintomas de asfixia devido às granadas de gás lacrimogéneo lançadas pelas forças de ocupação, que, nas últimas semanas, têm reprimido com violência os protestos crescentes dos residentes contra a criação do colonato referido.

A população de Beita e das aldeias circundantes, informa a WAFA, tem levado a cabo marchas semanais, todas as sextas-feiras, denunciando igualmente o confisco de terras dos aldeãos de Beita, Huwarra e Za'tara para que as autoridades israelitas possam ali inaugurar uma estrada apenas para colonos judeus.

De acordo com a WAFA, em quase um mês de protestos, as forças de ocupação israelitas usaram fogo real para dispersar as marchas, tendo morto cinco palestinianos de Beita e ferido 618.

Além do colonato no Monte Sabih, as forças israelitas criaram, há alguns meses, um posto avançado no cimo do Monte al-Arma, a norte de Beita, na medida em que ambas as elevações gozam de uma localização estratégica, com vista para o distrito de Nablus e o Vale do Jordão, uma faixa de terra fértil a oeste do Rio Jordão que representa aproximadamente 30% da Cisjordânia ocupada.

O controlo dos montes a sul e a norte de Beita, e a construção de uma estrada só para colonos são medidas com as quais, nota a agência, as forças israelitas pretendem tornar as aldeias e vilas palestinianas em «enclaves e guetos apinhados, cercados por muros, colonatos e instalações militares», cortando a contiguidade geográfica com outras partes da Margem Ocidental ocupada.

Um manifestante palestiniano é evacuado do local dos protestos durante os confrontos com as forças israelitas no contexto de uma mobilização contra o colonato de Eviatar, recentemente construído, perto da localidade de Beita, a sul de Nablus, a 25 de Junho de 2021 / PressTV

Outros protestos anti-colonatos e mais repressão

Também esta sexta-feira, as forças israelitas atacaram os manifestantes no protesto semanal contra os colonatos na aldeia de Kafr Qaddum (distrito de Qalqiliya). Durante os confrontos, as forças de ocupação israelitas atingiram dois palestinianos com fogo real e prenderam um deles, refere a PressTV.

Dezenas de manifestantes sofreram dificuldades respiratórias devido à inalação de gás lacrimogéneo, enquanto outros quatro, incluindo dois jornalistas, foram atingidos com balas de borracha, indica a mesma fonte.

Houve ainda protestos contra os colonatos na região de al-Ras, perto da cidade de Salfit, onde dezenas de palestinianos sofreram dificuldades respiratórias devido à inalação de gás lacrimogéneo.

A sul de Hebron (al-Khalil), as tropas israelitas atacaram uma mobilização contra a expansão dos colonatos israelitas, a ocupação e a limpeza étnica em Masafer Yatta.

Mais de 600 mil israelitas vivem colonatos só para judeus em Jerusalém Oriental e na Margem Ocidental ocupada. Todos os colonatos israelitas são considerados ilegais à luz do direito internacional.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

«As organizações de colonos israelitas têm canalizado dinheiro da caridade norte-americana para uma política de expulsão. Actualmente, mais de cem casas e cerca de 1500 palestinianos no Bairro de Silwan, em Jerusalém Oriental, estão sob ameaça de expulsão, para dar lugar a um parque temático em terras palestinianas dirigido pela organização Elad», denunciou Sami Huraini, membro da Youth of Sumud, citada pela WAFA.

Entre 1999 e 2020, apenas seis das organizações de beneficência com sede nos EUA que financiam os colonos israelitas registaram mais de 392 milhões de dólares em receitas brutas nos seus documentos de impostos.

Solidariedade em Nova Iorque, numa campanha «diferente»

Hisham Sharabati, do Comité de Defesa de Hebron (al-Khalil), disse que outras campanhas visando travar o fluxo de dinheiro da «caridade» norte-americana «ficaram sem resposta por causa dos burocratas».

«Esta campanha é diferente. Tendo em conta que as organizações de caridade nos EUA têm de manter a nível estadual o estatuto 501(c) do código federal de impostos, a campanha visa um funcionário eleito, que pode ser responsabilizado pelos seus eleitores — neste caso, Letitia James», explicou.

Lara Kilani, do Good Shepherd Collective, sublinhou o interesse crescente pela «luta comum» contra as atrocidades de Israel. «As mobilizações a que assistimos em Maio para denunciar os despejos de famílias em Sheikh Jarrah e o bombardeamento israelita sobre Gaza ilustram a vontade das pessoas de serem solidárias com os palestinianos», disse.

Para o próximo dia 27 está agendado um protesto em Brooklyn, frente ao gabinete de Letitia James, organizado pela NY4Palestine, uma coligação de organizações solidárias com a Palestina na área metropolitana de Nova Iorque, que inclui Al-Awda NY, Within Our Lifetime, Samidoun e American Muslims for Palestine (NJ Chapter).

Mais de 600 mil israelitas vivem em centenas de colonatos em Jerusalém Oriental e na Margem Ocidental ocupada – todos considerados ilegais à luz do direito internacional.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui