No entanto, por detrás desta situação que, sobretudo, premeia o esforço e a dedicação de atletas e treinadores, perfila-se uma realidade desportiva que vive numa crise que se arrasta há longos anos e que nem a indústria do futebol nem a exacerbada clubite conseguem esconder. Aliás, uma realidade que não se altera apenas com um aumento financeiro de apoios, mas que exige uma tomada de decisões relativas a um vasto e complexo conjunto de problemas, a começar pelo inexistente desporto escolar.
O ministro que tutela o desporto em Portugal bem pode embandeirar em arco com os resultados agora obtidos, mas a verdade é que a presença portuguesa nos Jogos está longe de resultar de uma verdadeira política desportiva que responda às necessidades da democratização do desporto em Portugal. Mesmo quando se esconde por detrás de situações em que atletas de inegável mérito têm um percurso de formação alheio ao esforço que o país tem e deve fazer para captar, identificar, apoiar e potenciar capacidades de alta competição exigíveis a este nível.
Isto, num quadro em que nos confrontamos com um movimento olímpico que, por um lado, vem transformando o seu potencial de mobilização do espectáculo desportivo à escala mundial numa fonte de lucros fabulosos, onde os contratos financeiros com as diversas multinacionais são vistos com naturalidade, em linha com a visão neoliberal que procura transformar tudo em produto mercantil. Por outro, cria uma situação de desconforto à promoção do Ideal Olímpico, enquanto projecto humanista de fraternidade e paz.
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