Esta pode ser a primeira loja da Starbucks a ter trabalhadores sindicalizados, representando o início de trabalho com direitos na popular rede de cafés, com 50 anos de história.
A agência federal para as relações laborais (NLRB, na sigla em Inglês) informou que o resultado da votação tinha sido de 19 a favor a oito contra em um dos três estabelecimentos de Buffalo. Um segundo estabelecimento rejeitou a criação do sindicato por 12 votos contra oito. Os votos ainda estão a ser contados no terceiro.
Os trabalhadores dos três estabelecimentos começaram a votar por correspondência no mês passado se queriam ser representados pelo Workers United, filiado no Service Employees International Union. Espera-se agora que a decisão se repercuta nas restantes 8953 lojas da Starbucks nos EUA, bem como entre os trabalhadores de pastelarias e restaurantes em geral, que estão entre os menos sindicalizados naquele país.
Um dos organizadores do movimento, Casey Moore, que tem trabalhado na Starbucks na área de Buffalo, queixou-se da falta de direitos com que os trabalhadores estão confrontados. «Não temos qualquer palavra a dizer [...], com um sindicato vamos ser capazes de nos sentar à mesa e dizer "queremos isto"», realçou.
Uma reportagem britânica encontrou crianças entre os 8 e os 13 anos a trabalhar oito horas por dia, por salários de miséria, em quintas guatemaltecas que abastecem a Starbucks e a Nespresso. O gigante das cafetarias Starbucks «foi apanhado» na rede de trabalho infantil, afirma o periódio The Guardian na sua edição de ontem, depois de uma equipa de investigação do programa «Dispatches», da cadeia britânica Channel 4, ter encontrado crianças com menos de 13 anos a trabalhar nas quintas guatemaltecas que fornecem as lojas da empresa. A equipa «filmou crianças a trabalhar 40 horas por semana em condições atrozes, a apanhar café por uma salário diário pouco maior que o preço de um café com leite [latte]». Na mesma reportagem, também é visada a empresa Nespresso, igualmente abastecida pela exploração do trabalho infantil na Guatemala. Os jornalistas do «Dispatches» afirmaram que algumas das crianças não tinham mais de oito anos e chegavam a trabalhar oito horas por dia, seis dias por semana. Eram pagos de acordo com o peso dos grãos que apanhavam, sendo que cada saco podia pesar até 45 quilos. «Por norma, uma criança receberia menos de 6 euros por dia, embora, nalguns casos, pudesse ser tão baixo como 27 cêntimos por hora», refere o jornal. No decorrer da investigação, a equipa do «Dispatches» visitou sete quintas ligadas à Nespresso e cinco à Starbucks, tendo deparado com trabalho infantil em todas. Um advogado de direitos humanos que viu algumas das provas contidas nas filmagens «sugeriu» que ambas as empresas estavam a violar as regulamentações laborais internacionais estabelecidas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A reportagem estimou que, dos 2,75 euros gastos num copo de café típico, a loja receba 90 cêntimos e os funcionários recebam 66 cêntimos. Para os impostos vão 40 cêntimos, ficando a Starbucks com um lucro de 27 cêntimos. A empresa tem uma receita anual global superior a 23 mil milhões de euros e quase mil lojas no Reino Unido. Depois de descontados outros custos, sobram 12 cêntimos para os abastecedores do café, dos quais 1,2 cêntimos se destina ao agricultor, que usa uma parte para pagar aos recolectores de café. Abordadas e confrontadas pelo «Dispatches», tanto a Nespresso como a Starbucks disseram que tinham «tolerância zero» com o trabalho infantil e que haviam lançado investigações. Recorde-se que, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), uma em cada duas crianças na Guatemala sofre de desnutrição crónica. Trata-se do pior índice de desnutrição infantil entre todos os países latino-americanos e o sexto a nível mundial. O problema, considerado grave pelas Nações Unidas, decorre da elevada pobreza e da grande desigualdade económica que prevalecem no país centro-americano. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Trabalho infantil na Guatemala abastece cafés de grandes empresas
Exploração e violação das normas internacionais
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A gigante Starbucks, assim como outras redes de fast food, têm sido confrontadas com denúncias de baixos salários e jornadas de trabalho abusivas, com os trabalhadores a reivindicarem mais formação e melhores salários, designadamente para os que têm mais anos de casa.
O grupo norte-americano sempre se opôs à sindicalização dos seus trabalhadores, argumentando que os seus oito mil estabelecimentos nos EUA funcionam melhor quando lida directamente com os seus funcionários, a quem designa por «parceiros».
Desta vez, para evitar que os trabalhadores de Buffalo optassem pela sindicalização anunciou, horas antes da votação, que reajustaria o salário inicial na empresa para 15 dólares a hora e também aumentaria os salários dos contratados há mais de dois anos, além de fazer mudanças na sua formação e horário de trabalho. A iniciativa mereceu uma queixa dos trabalhadores de Buffalo à NLRB, acusando a direcção da empresa de tentar intimidar e ameaçar os funcionários.
Uma das tentativas de intimidação denunciada foi a visita pessoal da vice-presidente da Starbucks e de outros executivos à loja de Buffalo, em Setembro, a pretexto de quererem ver as condições de trabalho dos «parceiros».
Muitos empregados na zona de Buffalo trabalham em mais do que um estabelecimento, conforme a procura e a vontade da Starbucks, que quer continuar a ter a liberdade de os movimentar entre estabelecimentos.
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