A medida aprovada hoje pela Comissão Europeia deve vigorar até ao final do ano e prevê que os governos possam apoiar os grandes consumidores de energia até dois milhões de euros, limite que pode ser ultrapassado e chegar aos 50 milhões de euros no caso das indústrias electro-intensivas, como as produtoras de alumínio, pasta de papel, hidrogénio e produtos químicos, havendo ainda um tecto de 25 milhões para outros sectores.
A pandemia não travou os lucros da EDP, que aumentaram em 56% em 2020. A empresa vai distribuir aos accionistas 755 milhões de euros, um novo máximo em dividendos. Durante o ano de 2020, marcado pela pandemia do novo coronavírus, a Energias de Portugal (EDP) teve um lucro de 801 milhões de euros, que representou um crescimento de 56% relativamente ao exercício anterior, anunciou a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), reportado pela Lusa. O Conselho de Administração Executivo vai propor à assembleia-geral de accionistas a distribuição de um dividendo de 19 cêntimos por acção, igual ao que vem atribuindo de 2019. No entanto, o Jornal de Negócios faz notar que, em virtude do aumento de capital realizado no ano passado, o valor de dividendos a distribuir aos accionistas será por isso de 755 milhões de euros e consome 94% dos lucros do exercício. A distribuição o ano passado, no mês de Abril, de dividendos no valor de 695 milhões de euros, representando 134% dos lucros obtidos pela EDP, ao mesmo tempo que a empresa mantinha congeladas as negociações com os sindicatos de uma nova tabela salarial, deu origem a uma forte pressão dos trabalhadores e influiu no estabelecimento de um acordo no mês seguinte. Este ano, depois de uma reunião realizada no passado dia 17 de Fevereiro entre representantes dos trabalhadores e a administração da empresa, esta, segundo a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas e Eléctricas (Fiequimetal/CGTP-IN), voltou a não dar quaisquer «sinais de querer valorizar os salários e os trabalhadores», apesar de serem estes a garantir o «funcionamento normal das empresas» do grupo, «ainda por cima no contexto da Covid-19». A federação sindical apela à participação de todos os trabalhadores nas reuniões e plenários que estão a ser marcados, tendo como objectivo «discutir as medidas a tomar para contestar e rejeitar» a «postura inaceitável» da administração. Também os trabalhadores que prestam serviço à EDP nos centros de contacto de Elvas, Lisboa e Seia estão em luta: esta terça-feira fizeram greve contra a precariedade a que estão sujeitos e por melhores condições de trabalho (ver caixa). Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Nacional|
Lucros e dividendos em alta em tempos de pandemia
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Depois das ajudas estatais no âmbito da Covid-19, e que também beneficiaram sobretudo as grandes empresas, o objectivo passa agora por compensar as empresas pela subida dos preços do gás e da electricidade, até 30% dos custos elegíveis.
Enquanto isso, as empresas de energia, que desde a liberalização do sector têm aumentado os preços a seu bel-prazer (e voltam a fazê-lo no próximo mês), têm agora maior margem de manobra para continuar a fazê-lo, mantendo os seus lucros intactos.
Assim, ao mesmo tempo que o dinheiro público contribui para engordar grandes grupos económicos, não é dada prioridade a medidas que travem o galopante aumento do custo de vida que tanto penaliza as famílias, que irão continuar a despender uma fatia considerável do seu orçamento para suportar os preços cobrados pelas empresas de energia.
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