Numa coisa a WT Play – Serviços Interactivos de Entretenimento, Lda. tem razão. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav/CGTP-IN) foi, de facto, responsável pela greve, realizada há mais de um ano, que obrigou a empresa a vergar-se às reivindicações dos trabalhadores e a aumentar os baixos salários na empresa.
A luta por melhores salários, pelo fim do banco de horas e pela progressão na carreira motiva a greve que terá lugar nos dias 4 e 5 de Agosto, segundo revelou o Sinttav. A decisão dos trabalhadores da WT Play – Serviços Interactivos de Entretenimento de avançar para a greve foi tomada esta quinta-feira, em plenário, após várias tentativas de negociação com a administração da empresa por parte do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav/CGTP-IN). Em nota de imprensa, a organização sindical afirma que «foi liminarmente rejeitada sem qualquer contraproposta» a proposta por si apresentada com vista a alcançar um acordo de empresa que estabelecesse «algumas regras básicas e procedimentos de simples justiça». Depois disso, «foi elaborado um caderno reivindicativo com as três principais prioridades dos trabalhadores da WT Play – aumento de salários, regulação de horários e progressão de carreiras –, que foi novamente rejeitado», mais uma vez, destaca o sindicato, «sem qualquer contraproposta». De acordo com a nota, a empresa argumentou que as dificuldades «em actualizar salários estagnados há mais de dez anos estariam relacionadas com os "clientes", alguns dos quais têm lucros a rondar os 100 milhões de euros anuais». A WT Play – Serviços Interactivos de Entretenimento, Lda. é uma empresa do grupo wTVision que opera no mercado audiovisual português fornecendo serviços especializados a clientes como a RTP, NOS, Altice, TV Globo, Eleven Sports, Canal Q, ZapLaLiga. O Sinttav prevê que a greve afecte serviços de várias destas empresas, sobretudo na informação da RTP. «O crescimento desta empresa tem sido constante desde a sua criação pelo grupo […]. Apesar destes lucros, a empresa paga a muitos dos seus trabalhadores valores que rondam o salário mínimo nacional, 665 euros mensais, cobrando valores bem mais altos aos seus clientes pelos serviços por eles prestados», denuncia o Sinttav. Com a greve – afirma –, os trabalhadores visam «combater uma lógica empresarial sem sentido em que o crescimento financeiro de sucesso parece sustentar-se apenas na velha e simples prática de oferecer salários de miséria a trabalhadores para fazer tarefas altamente especializadas em grandes empresas da área dos audiovisuais, nomeadamente na televisão». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Trabalhadores da WT Play anunciam greve por melhores salários e condições
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Desde então, a administração da WT Play tem feitos todos os possíveis para prejudicar a vida e os direitos laborais da delegada do Sinttav, «mudando os horários de trabalho praticados há anos, exclusivamente no projecto onde a nossa delegada sindical, está inserida (a NOS)», refere o comunicado do sindicato, enviado ao AbrilAbril.
Logo após a greve de 4 e 5 de Agosto de 2021, «foi proposta, à delegada sindical, a mudança de projecto e posteriormente o despedimento por alegada extinção do posto de trabalho».
Face à recusa da trabalhadora, a empresa instituiu uma estratégia de pressão, para a forçar a abandonar os quadros, incluindo telefonemas realizados nos dias que antecederam uma operação cirúrgica para remover um tumor cerebral.
Após o período de convalescença, de regresso ao trabalho, a delegada sindical foi, uma vez mais, confrontada «com uma transferência compulsiva de posto de trabalho», uma situação que «viola a regulamentação de trabalho».
Situações de assédio laboral devem ser denunciadas
O sindicato não encontra outra justificação para esta sequência de pressões, e a insistência no piorar das suas condições da trabalho, senão o facto desta ser delegada sindical e ter participado activamente na dinamização da greve que melhorou as condições salariais dos trabalhadores da WT Play.
O Tribunal do Trabalho da Feira iniciou, na tarde desta segunda-feira, o julgamento referente ao recurso interposto pela corticeira Fernando Couto, que não concorda com a multa aplicada pela ACT. O recurso foi interposto pela corticeira Fernando Couto, uma vez que não concorda com a multa de 11 mil euros aplicada pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), sobre o alegado despedimento abusivo de que foi alvo Cristina Tavares. Por sua vez, a inspectora da ACT considerou que o despedimento da trabalhadora foi uma «retaliação» da empresa pelas denúncias que Cristina Tavares e o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN/CGTP-IN) fizeram a este organismo, relacionadas com o assédio moral. A empresa, com o despedimento, «reagiu à intervenção da ACT e à exposição [mediática] que teve e que não foi positiva», referiu a inspectora. Denúncia de factos que disse terem sido apurados nas várias fiscalizações efectuadas à corticeira e que deram origem ao levantamento de autos e, em alguns casos, ao pagamento de coimas. Aquando do despedimento, a empresa sustentou a sua decisão considerando que as declarações da trabalhadora aos órgãos de comunicação social tinham contribuído para a má imagem da corticeira e com isso causado elevado prejuízo monetário. Cristina Tavares é o rosto de uma dura luta em defesa do seu posto de trabalho, na sequência de ter sido vítima de despedimento ilícito pela corticeira Fernando Couto e de assédio laboral. Assinalou-se ontem um ano sobre o despedimento ilícito da operária corticeira, que também sofreu de assédio laboral. A sua resistência, coragem e luta, a intervenção sindical e a ampla solidariedade transmitida foram decisivas para a conquista da sua reintegração no seu posto de trabalho, onde permanece. A Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM/CGTP-IN) refere num comunicado que «não se voltaram a registar conflitos entre a trabalhadora e a empresa, mas diversos processos judiciais continuam a correr no tribunal». A estrutura sindical afirma que a operária prossegue a intenção de defender e exercer os seus direitos, em conjunto com o seu sindicato, «na certeza de que a dignidade humana continua a ser um valor insubstituível». Este processo evidencia, segundo a FEVICCOM, «não só a importância da intervenção colectiva e solidária do movimento sindical, como o poder da comunicação social na valorização dos trabalhadores e do mundo do trabalho». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Cristina Tavares, que também prestou declarações em Tribunal, disse que nunca foi sua intenção difamar a empresa. «Dei tudo por tudo àquela empresa e nunca quis difamar. Estava apenas a tentar recuperar o meu posto de trabalho.» Cristina Tavares foi despedida em Janeiro de 2017, por alegada extinção do posto de trabalho, mas o tribunal considerou o despedimento ilegal e determinou a sua reintegração na empresa. Em Janeiro de 2019, a empresa corticeira voltou a despedi-la acusando-a de difamação, depois de ter sido multada pela ACT, que verificou no local que tinham sido atribuídas à trabalhadora tarefas improdutivas, carregando e descarregando os mesmos sacos de rolhas de cortiça, durante vários meses. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Despedimento de Cristina Tavares foi «retaliação» da corticeira, afirma inspectora
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Resistência e coragem: operária mantém-se no seu local de trabalho um ano depois
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O Sinttav lamenta a recente onda de casos de assédio moral no seu ramo de actuação: o sector das telecomunicações e audiovisuais. «A decisão histórica sobre o caso de Cristina Tavares», deve informar, definitivamente, «as práticas de gestão, não só de empresas com marcas reconhecíveis, preocupadas com os seus danos reputacionais, mas também das empresas que para elas trabalham nos bastidores», onde na penumbra, por vezes, «reinam ambientes de medo, represálias e precariedade» inaceitáveis e ilegais.
A WT Play – Serviços Interactivos de Entretenimento, Lda. é uma empresa do grupo wTVision que opera no mercado audiovisual português fornecendo serviços especializados a clientes como a RTP, NOS, Altice, TV Globo, Eleven Sports, Canal Q ou a ZapLaLiga.
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