|Reino Unido

Polícia britânica detém jornalista e interroga-o sobre opiniões políticas

À chegada a Londres, a 17 de Maio, Kit Klarenberg foi detido por agentes à paisana da unidade de contra-terrorismo, que o interrogaram sobre o seu trabalho, opiniões políticas e eventuais ligações à Rússia.

O jornalista Kit Klarenberg 
Créditos / The Cradle

Klarenberg, que é bem conhecido pelos trabalhos de investigação sobre as intrigas e complôs dos serviços secretos britânicos e norte-americanos, com recurso frequente a documentos filtrados ou não classificados, foi detido no passado dia 17, no aeroporto de Luton (Londres), ao regressar ao seu país natal, vindo de Belgrado (Sérvia), onde reside actualmente.

De acordo com o portal de jornalismo de investigação The Grayzone, onde Kit Klarenberg publica frequentemente os seus trabalhos, mal desembarcou, o jornalista britânico foi abordado por seis agentes à paisana, que o escoltaram para uma sala nos fundos, onde o interrogaram durante mais de cinco horas sobre o seu trabalho jornalístico, incluindo «a sua opinião pessoal sobre tudo, desde a actual liderança política no Reino Unido até à invasão russa da Ucrânia».

The Grayzone informa que a Polícia apreendeu todos os dispositivos electrónicos do jornalista, os seus cartões bancários, cartões de memória fotográficos e de telemóvel, lhe tirou as impressões digitais e amostras de DNA, lhe tirou fotografias e o interrogou, ameaçando prendê-lo caso não cooperasse.

De acordo com a fonte, a Polícia mostrou-se interessada em saber se tinha propriedades no estrangeiro, que países tinha visitado e porquê. Também quis saber por que razão vivia na Sérvia e pediu-lhe a morada de Belgrado – querendo saber quanto pagava de renda.

Foi igualmente questionado sobre o seu trabalho, os meios de comunicação para os quais trabalha, com os agentes da unidade de contra-terrorismo a tentarem ligá-lo à Federação Russa e aos serviços de segurança russos, a interrogá-lo sobre o seu trabalho jornalístico, visões políticas e opiniões.

Ao cabo de cinco horas de interrogatório, parecia que os agentes não tinham mais perguntas e deixaram Klarenberg seguir em liberdade. Ainda assim, denunciou, foi obrigado a fornecer as palavras-passe do seu telemóvel e iPad, onde os agentes vasculharam milhares de fotografias pessoais. E continua a ser investigado pelo Estado.

Eventual retaliação

Para The Grayzone, a detenção e o interrogatório ao jornalista britânico no Reino Unido podem ser uma retaliação contra alguém que tem exposto com frequência os serviços secretos britânicos e norte-americanos.

Só no último ano, Klarenberg expôs, em The Grayzone, uma conspiração de conservadores da linha dura no Reino Unido, expôs os planos britânicos para fazer explodir a Ponte de Kerch, entre a Península da Crimeia e a Rússia continental, ou o recrutamento, pela CIA, de dois sequestradores do 11 de Setembro.

Na PressTV, com quem o jornalista colabora frequentemente, revelou que o regime britânico utilizou ambulâncias, na Síria, para ajudar terroristas e realizou trabalhos sobre o papel dos países ocidentais na instigação dos distúrbios de 2022 no Irão.

Outro portal com o qual colabora com frequência é The Cradle, onde expôs, por exemplo, o recurso de Londres a ONG iemenitas para minar o governo Huti Ansarullah em Saná.

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