O Banco de Portugal divulgou hoje os resultados do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito e conclui que a procura de empréstimos por particulares tem sofrido uma quebra, e em particular os empréstimos para a aquisição de habitação. No fundo há uma constatação da realidade uma vez que o próprio BCE assume que este é um dos objetivos ao aumentar as taxas de juro.
Esta redução não pode, no entanto, deixar de ser comparada os lucros dos principais bancos já que no primeiro semestre os lucros da Caixa Geral de Depósitos tiveram um aumento de 25% para 608 milhões de euros; o Santander Totta fechou o primeiro trimestre de 2023 com um lucro de 185,9 milhões de euros, uma melhoria de 19,6%; e os lucros do Novo Banco ascenderam a 148 milhões de euros, um aumento de 4% face a igual período de 2022.
Os bancos alegam que a quebra para os empréstimos não se encontra no lado da oferta pois, segundo eles, os critérios para os conceder estão praticamente iguais. A verdade, é que aí está um dos problemas já que é necessário a entrada como uma das condições e de acordo com o Barómetro Europeu do Consumo do Observador Cetelem previa-se que para 2023 as famílias tivessem uma taxa de poupança de apenas 6%, abaixo dos 10% dos últimos anos e bem abaixo dos 11,9% de 2021.
A par disso regista-se ainda o aumento da euribor a três, seis e 12 meses. Segundo o INE, a taxa de juro média no conjunto dos contratos de crédito à habitação atingiu os 3,4% em Maio, o valor mais elevado desde Junho de 2009.
Tendo tudo isto em conta, os bancos assumem que a tendência de diminuição poderá continuar, algo normal já que tanto o Governador do Banco de Portugal como o próprio BCE assumem que o aumento das taxas de juro não ficará por aqui e haverá aumentos até final do ano.
Recorde-se que ainda ontem o Banco de Portugal anunciou que houve um aumento do endividamento no sector não financeiro, ou seja, sector público, empresas privadas e particulares. Com estes novos dados podemos assumir que se não há um aumento do crédito à habitação, o aumento dos juros pode ser uma das explicações para tal fenómeno. Uma coisa é certa, a banca sai sempre a ganhar.
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