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Grão a grão, enche o capitalismo o papo: Livraria Barata passa a ser Fnac

Desde 2020 a funcionar em parceria (com alguma autonomia) com a multinacional francesa, a Livraria Barata, em Lisboa, vai passar a ser a Fnac Av. de Roma. É o ponto final numa Loja com História aberta desde 1957.

Livraria Barata, powered by Fnac 
CréditosArlei Lima

«A digitalização e a globalização do mercado representam desafios significativos e difíceis de acompanhar. Neste sentido e, como para a Fnac estas livrarias fazem parte do património cultural, decidimos investir na Livraria Barata, assumindo a sua gestão», informa a multinacional francesa, em comunicado enviado à comunicação social e divulgado pela TimeOut.

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Sugestões culturais

Receita para arruinar uma livraria e outras sugestões

Livros, autores, livrarias – as muitas que fecham e as poucas que abrem. Receita em onze passos (a evitar) para fechar livrarias. Tributos merecidos, exposições a não perder, alguma música e teatro para a infância. Em Março.

A livraria Leitura Books & Living (antiga Livraria Leitura) encerrou as suas portas no dia 27 de Janeiro de 2018. Fachada da livraria na Rua José Falcão, no Porto.
CréditosJoana Gonçalves, Público

Por uma vez, comecemos pelos livros. O primeiro convite deste roteiro é: dirija-se, nos próximos dias, a uma livraria e compre um livro. Pode ser Habitar o Vazio (Licorne, 2018), do chinês Wang Wei (701-761), de quem nos é proposta uma selecção de poemas por Manuel Silva-Terra1– poeta alentejano que, além de autor das versões aqui incluídas, é das vozes que em Portugal mais se têm ocupado da divulgação de textos da poesia oriental (propôs-nos também versões de haikus do japonês Yosa Buson, por exemplo). Deixe-se tentar ainda pela pequena selecção de poemas da antologia palatina trazida pelo poeta e tradutor José Alberto Oliveira. Intitula-se Poemas da Antologia Grega (Assírio & Alvim, 2018). E porque não levar também Das Rosas (Licorne, 2018), livro belíssimo dos que Rainer Maria Rilke (1875-1926), esse genial poeta, escreveu em francês, igualmente traduzido por Manuel Silva-Terra?

Mais sugestões? Pois bem, os dois primeiros tomos das Obras Escolhidas de Marx e Engels, publicadas pelas Edições Avante! em três tomos 2. Não estamos a celebrar o bicentenário do nascimento de Karl Marx (1818-1883)?

Última proposta, noutro género: Itália: Práticas de Viagem (Sextante, 2017), de António Mega Ferreira, um livro bem escrito, apaixonado mas culto e de uma extrema sensibilidade.

Decresce a venda de livros

E a propósito de livros… Em meados de Fevereiro, era possível ler esta notícia no Correio da Manhã (CM): «A tendência de queda no valor do mercado livreiro português verificada ao longo dos últimos anos 3 registou em 2017 uma ligeira inversão. De acordo com os dados disponibilizados (…) pela GfK Portugal, esta área de negócio fechou o ano passado com um valor total de 147 milhões de euros, um crescimento de 3% face ao registado no ano anterior (142,4 milhões). Isto apesar de terem sido vendidos menos livros.

120 000

menos livros vendidos em 2017, relativamente ao ano anterior

Em 2017 foram comercializadas em Portugal cerca de 11,8 milhões de unidades (menos de um milhão de exemplares por mês), o que representa um recuo de 1% (120 mil unidades) quando em comparação com 2016, ano em que se venderam 11,9 milhões de livros. Os dados refletem uma cobertura estimada de 80% das vendas do mercado de livros não escolares.» Conclusão: foram comprados, na verdade, menos livros em 2017 do que em 2016.

Agora, atente, leitor/a – e não pasme –, nos títulos mais vendidos no nosso país, em 2017, segundo dados fornecidos pela FNAC e pela Bertrand, onde mais livros se comercializam: Origem, de Dan Brown, A Estranha Ordem das Coisas, de António Damásio, Chegar Novo a Velho, de Manuel Pinto Coelho. Entre os mais procurados estão ainda: O Caderno das Piadas Secas, de Pedro Pinto, Gonçalo Castro e João Ramalhinho, Astérix e a Transitálica, de Jean-Yves Ferri e Didier Conrad, Sinal de Vida, de José Rodrigues dos Santos, e Reaccionário com Dois Cês, de Ricardo Araújo Pereira. Eu até gosto das crónicas de Ricardo Araújo Pereira – que algo de literário possuem por vezes, além de uma graça imensa e de um apurado sentido crítico –, mas a gente pergunta: e a literatura? Onde está ela representada nesta lista?

Bom, e no entanto tudo isto se passa num ano em que «a Feira do Livro de Lisboa, o maior evento de venda de livros do país, organizado pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, registou (…) um recorde de visitantes: cerca de 537 mil, ou seja, uma média de 30 mil visitas por dia», para continuar a citar a notícia assinada por Duarte Faria no CM.

A notícia não refere se, nestes números, estão incluídas as aquisições pela Internet, e importaria saber também quantos e-books se venderam, mas, embora não disponhamos de tais dados aqui, quer-me parecer que o panorama da leitura literária (público adulto e infanto-juvenil) e o da leitura geral, avaliado em função dessas vendas, não será mais radioso.

A pergunta que se me coloca, mais uma vez, é esta: que têm o Plano Nacional de Leitura (PNL) e o Ministério da Educação a dizer sobre isto? Quebrarão o silêncio em breve? E como encara o Ministério da Cultura o problema que se segue?

Das livrarias que fecham à...

É que 2017 e os primeiros meses de 2018 têm sido também tempos terríveis para as livrarias históricas e não só: fechou a Sousa & Almeida, no Porto, especializada em livros portugueses, galegos, africanos, brasileiros, e trabalhando também na área do livro usado4; fechou a Aillaud & Lellos, na rua do Carmo, em Lisboa, aberta desde 19315; está já anunciado o fecho da Livraria Miguel de Carvalho, em Coimbra, para o mesmo dia em que fechará a Pó dos Livros, de Jaime Bulhosa; e fechou ainda a Leitura, no Porto, uma das mais famosas livrarias de Portugal, desde os anos 60, e que, em seus melhores dias, antes de ter passado para um dos sócios de Fernando Fernandes e, mais tarde, para o grupo Bulhosa, que a afundou, chegou a dispor de três espaços abertos no Porto.

Chamava-se, nos primórdios, Divulgação, era um pólo que atraía democratas e antifascistas (e, naturalmente, a PIDE), e também por ela passou a célebre homenagem a Aquilino Ribeiro, organizada por Óscar Lopes e outros intelectuais portuenses, pouco antes da morte, em 1963, do autor de O Malhadinhas. Falo de uma livraria cuja alma tem o nome de Fernando Fernandes, livreiro antifascista e democrata,6 uma casa que chegou a desenvolver uma pequena actividade editorial, publicando títulos de Carlos Porto, Luísa Dacosta, Ilse Losa… Devo acrescentar que, já há alguns anos, o núcleo inicial da Leitura tinha sido abandonado ou transaccionado. Onde, em tempos, conviveram e cavaquearam Aquilino, Régio, Eugénio de Andrade, Óscar Lopes, Egito Gonçalves, Ilse Losa… estava há algum tempo instalado um moderno cabeleireiro, sobretudo de homens, creio eu (que procuro nem olhar para lá, para não entristecer).

Receita para arruinar uma livraria

As razões do fecho das livrarias ditas independentes (não falo dos supermercados de livros) são muitas e variadas, mas já agora lhe digo, leitor/a, o que a Leitura do Porto deixou de fazer ou de ter desde que saiu das mãos de Fernando Fernandes e passou para o grupo que a deixou esboroar-se. Quer apontar a receita para arruinar uma bela livraria? (Perdoe-me, mas, para ser mais sistemático, até vou usar alíneas. Como na escola.)

a) Publicava a Leitura um utilíssimo boletim bibliográfico, mensal (se não erro), com novidades em livros portugueses e estrangeiros, organizadas por géneros/tipologias, e com indicação dos preços. Quem queria, podia solicitar o envio do boletim pelo correio, ou então colhia-o gratuitamente na própria Leitura. Deixou de ser publicado.

b) Quase todas as faculdades e escolas politécnicas do Porto, bem como muitas escolas básicas e secundárias da cidade, adquiriam anualmente na Leitura grande parte dos livros para as respectivas bibliotecas. Muitos desses títulos eram estrangeiros, em especial os destinados ao ensino superior. A Leitura tinha sempre tudo, e se não havia em stock rapidamente obtinha; depois, assegurava a entrega, sem erros nas facturas, e havia alguma tolerância quanto aos prazos de pagamento. Essa dinâmica deixou, pura e simplesmente, de existir.

c) Num tempo em que os estudantes de Línguas e Literaturas, de Filosofia, de História, de Geografia ainda liam livros (pelo menos, uma parte significativa lia), era a Leitura que habitualmente lhes fornecia as obras necessárias, nomeadamente as boas edições de bolso francesas, inglesas, espanholas e alemãs. Ultimamente, na Leitura, essas obras contavam-se pelos dedos. Deixara de haver importação.

d) Eram frequentes as apresentações públicas de livros na livraria, os debates subsequentes e as sessões de autógrafos prolongavam-se. A livraria mantinha a sua mailing list actualizada, imprimia convites, remetia-os pelo correio. Passavam pela Leitura todos os grandes escritores e artistas portugueses. E os políticos, pequenos ou grandes, também a frequentavam. Tudo isso acabou de um momento para o outro.

e) A Leitura tinha funcionários/as zelosos, conheciam os fundos da livraria, estavam atentos às novidades. Sabiam de livros e onde e como encontrá-los. Conheciam os clientes habituais e o que estes tendiam a procurar. Mostravam as novidades, sem incomodar nem impingir. O número de funcionários, claro está, foi diminuindo. Com os anos, os que mais sabiam de livros desertaram ou foram despedidos. Na recta final da livraria, quantas vezes despovoada, os quatro remanescentes estiveram meses a fio sem salário.

ONZE PASSOS PARA FECHAR UMA LIVRARIA

1. Publica um boletim bibliográfico? Termine-o.

2. Fornece as Universidades? Cesse os fornecimentos.

3. Importa bons livros de bolso? Pare a importação.

4. Promove eventos com autores? Deixe-se disso.

5. Os seus funcionários conhecem a livraria e os clientes? Despeça-os.

6. Pedem-lhe livros que não tem? Procurem noutro lado.

7. A livraria tem clientes de todos os géneros? Segmente, segmente.

8. A montra tem um sortido variado? Concentre a oferta.

9. A livraria alberga uma variada oferta editorial? Foque-se nos best-sellers.

10. É convidado para iniciativas institucionais com bancas de livros? Saiba dizer não.

11. A livraria tem uma história honrada e heróica? Esqueça, pare de viver no passado.

f) Fernando Fernandes nunca, mas nunca, deixava um leitor pendurado por não encontrar o livro pretendido, por antigo ou esquisito que fosse. Tinha uma preciosa base de dados que começava por consultar. No dia seguinte, ou no mesmo dia ainda, telefonava, dizendo se já tinha com ele o título pretendido ou quando previa que chegasse. Nos últimos tempos, porém, havia chancelas com as quais… «a livraria não trabalhava» – diziam-nos – e, por isso, não era possível arranjar o livro desejado.

g) Os advogados da baixa portuense e outros figurões das chamadas profissões liberais, amigos de livros, subiam, a meio da tarde, até à Leitura, para uma pausa e uma olhadela às novidades. Aí se cruzavam com estudantes, freaks, intelectuais, professores (vindos, por vezes, de Braga, Aveiro ou Coimbra). Havia dias em que a livraria estava cheia, amigos e conhecidos encontravam-se, conversavam. Ultimamente, era o deserto. Para o Senhor Fernandes, aliás, era tão digno de atenção e cortesia um grande intelectual ou uma figura pública como um jovem estudante à procura de livros. Fiz-me leitor, em boa parte, nesta livraria singular. Desde o fim da adolescência, em que contava os tostões, até à idade madura, quando já tinha salário.

h) Na Leitura, as montras eram espaços de diversidade, preciosos, bem aproveitados e renovados com frequência. Mas constituíam, além disso, lugares reveladores de atenção ao que estava na ordem do dia da política e da criação cultural. Uma pequena edição marginal ombreava com um tratado de Filosofia. Ao lado de um título português, um livro estrangeiro.

Ao contrário do que sucede em muitas livrarias indigentes dos dias de hoje, seria criminoso, na Leitura, atulhar uma montra com cinco, seis ou sete exemplares de um mesmo título; ou colocar, à entrada da loja, uma pirâmide com dezenas de exemplares do mesmo romance; ou ainda plantar algures a efígie em cartão de um autor de best-sellers, quinta-essência do mau gosto.

i) A Leitura era talvez a livraria portuguesa mais aberta à diversidade. Tanto era possível encontrar livros das principais editoras, como descobrir plaquettes, folhetos e outras edições de chancelas marginais, a par de numerosas edições de autor. Os livros estrangeiros eram um mundo, a secção de poesia admirável. Quem desejasse ler os últimos ensaios saídos em França ou em Espanha tinha de ir à Leitura, mas, por outro lado, os seus inesgotáveis fundos editoriais surpreendiam sempre.

Quanto às edições especiais, os chamados beaux livres, estrangeiros ou portugueses, esses tinham na Leitura a sua montra de eleição. E os amantes de bonitas peças bibliográficas gastavam que tempos a folhear tais objectos, até, por fim, caírem com os cobres e levarem a preciosidade para casa, ou pedirem que lhes guardassem a jóia, até a poderem adquirir. Jovens escritores e artistas, por seu lado, sabiam ter sempre na Leitura um lugar seguro e nobre de exposição e venda das suas primícias editoriais. Tudo isso há muito que acabara. E deixara de haver quem perdesse tempo a estudar os catálogos quer das editoras estrangeiras quer das portuguesas, para mandar vir volumes especiais ou as novidades francesas, espanholas e anglo-saxónicas da rentrée. (Sim, a Leitura assemelhava-se, em muito, a algumas das melhores livrarias parisienses, e a sua relação com as culturas de língua francesa era proverbial.)

«Finalmente, a Leitura tinha fibra, tinha história. Fora sempre um lugar de resistência ao fascismo e à incultura, à estupidez e ao sectarismo. Afirmara-se como espaço de liberdade e de luta pela liberdade. (...) A Leitura era património da cidade e da democracia portuguesa. Quem a geria não quis ou não soube cuidar da memória histórica.»

j) A Leitura era a livraria de serviço em todos os congressos e colóquios científicos realizados no Porto. Não havia comissão organizadora que não solicitasse os seus préstimos. E a livraria nunca dizia que não. Lá estava, um dois, três dias, com uma banca digna e um funcionário, vendendo, e bem, os livros adequados à circunstância. Para a Leitura dos últimos anos, esse tipo de acções há muito que acabara.

k) Finalmente, a Leitura tinha fibra, tinha história. Fora sempre um lugar de resistência ao fascismo e à incultura, à estupidez e ao sectarismo. Afirmara-se como espaço de liberdade e de luta pela liberdade. E a ideia com que se fica é que os seus recentes donos nem queriam ouvir falar disso. Quando uma parte da livraria teve de ser alienada, foi precisamente o núcleo inicial, mais antigo, o que se viu sacrificado. A Leitura era património da cidade e da democracia portuguesa. Quem a geria não quis ou não soube cuidar da memória histórica.

Em matéria de livros, hoje, na Internet, encontramos sempre, e sobretudo, o que procuramos. Na Leitura, como na generalidade das livrarias a sério, éramos surpreendidos pelo que não procurávamos. E nesses momentos a alegria invadia-nos. (Por isso me fazem pena os funcionários, não-amigos de livros e não-leitores, que paradoxalmente trabalham em certas cadeias de livrarias: «Boa tarde. Precisa de ajuda?» Não, não preciso de ajuda – apetece-me responder. – Estou só a ver, a investigar, à espera que alguma descoberta, nova ou antiga, me surpreenda.)

Um novo espaço para os livros e a arte em Braga

Por tudo o que acabo de dizer, deixo outro gostoso desafio. A Poética Edições terá finalmente, em Braga, casa própria. Como afirma a poeta e editora Virgínia do Carmo «um tecto seu sob o qual receber dignamente os seus amigos e os seus autores.» Helena Maria Gonçalves e Virgínia levam por diante um projecto paralelo a que chamaram Epycentro (Epycentro – Centro de Arte e Educação, e Espaço Poética), e que esperam venha a ser ponto de partida para «um sismo de boas iniciativas a abalar as rotinas de quem por lá passe».

É já no sábado, dia 3, a partir das 15h, que este novo espaço é inaugurado, na Praça Araújo Carandá, 38, na velha cidade dos arcebispos.

Tributos a Torrado, a Ilse Losa e à poesia

E agora outro molhinho de boas sugestões.

O escritor António Torrado será homenageado na Biblioteca Municipal de Ílhavo (BMI) no próximo dia 10 de Março. Intervenções previstas do autor destas linhas, de Leonor Riscado, Sara Reis da Silva, Ana Margarida Ramos e André Letria, contando-se ainda com a presença de professores e crianças, e da imprescindível equipa da BMI, sempre empenhada em promover a leitura. Torrado, ao que tudo indica, estará presente, o que é uma óptima notícia.

Já agora, na tarde de 21 de Março, na Escola Superior de Educação do Porto, celebrar-se-á o Dia Mundial da Poesia e, nesse dia que justamente se segue ao do aniversário de Ilse Losa (1913-2006), prestar-se-á igualmente tributo a esta singular escritora alemã de origem judaica fugida à Gestapo (nasceu há 105 anos), que também foi poeta (releia-se o seu livro de poemas em prosa, Grades Brancas). Presentes, entre outros, Alexandra Losa, filha da autora, e Ana Cristina Vasconcelos de Macedo que, nesse mesmo dia, lançará o seu aprofundado e iluminador estudo histórico-crítico, A Escrita de Ilse Losa para a Infância e a Juventude (edição da Tropelias & Companhia). Uma obra que, não obstante o título, aborda num dos seus principais capítulos aquele que é considerado o mais importante romance da autora: O Mundo em Que Vivi (Afrontamento).

Álvaro Lapa em Serralves, em grande retrospectiva; Ângelo de Sousa e Burmester em Cerveira

Se andar pelo norte, não se esqueça de que tem, em Serralves, no Porto, a grande exposição retrospectiva da obra plástica de Álvaro Lapa, importante figura da modernidade artística portuguesa. E, se passar por Vila Nova de Cerveira, lembre-se de que está na terra da conhecida Bienal que, agora, meritoriamente desenvolve actividade todo o ano. Por exemplo, a 10 de Março haverá visita comentada à exposição «Pintura em três Actos: Ângelo de Sousa, Gerardo Burmester e Marcos Covelo» e, a 24, outra visita comentada à mostra «Serendipidade» de Polliana Dalla Barba, do «Concurso Novos Artistas 2018».

Música

A minha única sugestão musical, neste roteiro hoje mais breve do que o habitual, é esta: Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa juntos em palco. Além dos espectáculos já agendados para os dias 9 de Março no Campo Pequeno e 11 de Março no Coliseu do Porto, quase esgotados, anuncia-se uma data extra para Lisboa. O Campo Pequeno recebe assim, em dose dupla, o projecto Trinca de Ases, a 9 e 10 de Março.

Estou certo de que valerá muito a pena este mergulho na grande música popular brasileira.

Teatro para a infância em Oeiras e em Pombal

Ah, e Afinal... O Gato?, o espectáculo para a infância da Andante baseado em Fernando Pessoa e num dos seus poemas estará a 4 Março, às 10h30 e às 11h30, em Oeiras, na Livraria Gatafunho. A 10 Março, 16h00 e 17h00, ruma a Pombal (Biblioteca Municipal). A não perder.

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Apesar de a empresa garantir a intenção de preservar o ADN do espaço, fundado em 1957 por António Barata, a verdade é que, para além de alterar definitivamente o nome histórico da livraria (de Livraria Barata a Fnac Avenida de Roma), a loja vai vender todos os produtos caracterísitos da cadeia, «implementando as ferramentas informáticas e a proposta de canais digitais que disponibilizamos em todas as Fnac».

Para além do Fórum Fnac, que já estava instalado no piso, e de um espaço dedicado aos livros (como existem em todas as Fnac), será agora disponibilizada «uma maior variedade de artigos», de jogos de tabuleiro a produtos tecnológicos.

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Editora Cotovia encerra no final do ano

A Cotovia, que reuniu no seu catálogo autores como Agostinho da Silva, Frederico Lourenço e Manuel Resende, faz a sua última presença na Feira do Livro de Lisboa e vai fechar no final do ano.

Créditos / Plataforma Media

«Caro Leitor, esta é a última presença da Cotovia na Feira do Livro de Lisboa. A editora fecha no final do ano», lê-se na mensagem publicada ontem pela editora na sua página oficial no Facebook, sobre uma imagem do seu pavilhão, no Parque Eduardo VII.

«A partir de amanhã [terça-feira], disponibilizamos livros descatalogados no nosso pavilhão da Feira [...] Estamos (péssima localização, mas não dependeu de nós) a abrir o corredor mais perto do relvado central, quando se desce o Parque pela ala direita», acrescenta.

Depois da concentração de propriedade, que sufocou pequenas editoras e livrarias, o sector livreiro foi um dos mais afectados devido às medidas destinadas a travar a propagação do novo coronavírus. A Livros Cotovia, que em Março abandonou o espaço que ocupou no Chiado, em Lisboa, ao longo de três décadas, agradece aos leitores e informa que será representada no Porto pela Livraria Flâneur.

Crónicas 1974-2001, de Nuno Brederode dos Santos, e Bucólicas, de Virgílio, estão entre as mais recentes e derradeiras edições dos Livros Cotovia, assim como textos dramáticos de Federico García Lorca, Giovanni Testori e Witold Gombrowicz, incluídos na colecção «Livrinhos do Teatro», construída em parceria com a companhia Artistas Unidos.

A Livros Cotovia foi fundada em 1988, por André Fernandes Jorge (1945-2016), com seu irmão, o poeta João Miguel Fernandes Jorge, que abandonou o projecto editorial pouco tempo depois.

Ao longo de mais de 30 anos, a editora ultrapassou os 700 títulos, de 350 autores, «todos eles relevantes», para «um público leitor que sabe o que quer», como escreve no seu site, e todos eles detentores de uma identidade própria, marcada, na sua maioria, pela imagem gráfica original, desenhada pelo cineasta João Botelho.

Os portugueses A.M. Pires Cabral, Teresa Veiga, Daniel Jonas, Luís Quintais, Paulo José Miranda, Jacinto Lucas Pires, Eduarda Dionísio, Luísa Costa Gomes, constam do catálogo da Cotovia, assim como o angolano Ruy Duarte de Carvalho e os brasileiros André Sant'Anna, Bernardo Carvalho, Carlito Azevedo e Marcelo Mirisola, entre muitos outros autores de língua portuguesa dos dois lados do Atlântico.

Martin Amis, Virginia Wolf, Roberto Calasso, Doris Lessing e Natalia Ginzburg estão entre os autores traduzidos ao longo dos anos pela Cotovia, assim como John Milton, Robert Louis Stevenson e Arthur Schnitzler.

«Responsável pela edição, pela primeira vez em língua portuguesa, de vários autores de renome internacional, e também pela descoberta e promoção de alguns autores rapidamente reconhecidos como os "novos" da literatura portuguesa, a Cotovia é ainda uma das raras editoras que em Portugal publica regularmente textos dramáticos (portugueses e em tradução)», descreve, na apresentação que a Cotovia mantém na sua página na internet.

Nas colecções de Ensaio, Ficção, Poesia encontram-se autores como Paul Celan, Iosif Brodskii, Luis Cernuda, Doris Lessing, Eric Rohmer, Reiner Werner Fassbinder, Thomas Bernhard, Christa Wolf, José Ortega y Gasset, Simone Weill, Victor Aguiar e Silva, João Barrento e Jorge de Sena.

Na colecção de clássicos gregos e latinos, a Cotovia publicou Homero, Virgílio, Ovídio, Apuleio, Petrónio, Horácio, entre muitos outros, fazendo com que os seus títulos chegassem ao público em geral, acompanhando-os ainda de estudos e ensaios.


Com agência Lusa

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Os 16 trabalhadores deverão, segundo a empresa, manter os seus postos de trabalho.

Parece ser o ponto final na longa vida desta «Loja com História» (ao Público, Carla Salsinha, membro do conselho consultivo do programa Lojas com História, confirmou que a manutenção desta classificação será discutida em breve).

A Barata junta-se a outros importantes espaços culturais do centro de Lisboa descaracterizados, ou encerrados, desde o início do milénio: como é o caso do Cinema Londres, Cinema King e Cinema Quarteto, a Livraria Pó dos Livros e a Livraria da Assírio e Alvim e o Teatro Maria Matos (que após um período de encerramento reabriu sob gestão privada).

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