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Atividade física e prática desportiva: um direito de todos 

É fundamental que o Estado reconheça que investir na promoção da atividade física é uma luta pela saúde física e mental de todos os cidadãos.

Créditos / ULisboa

Portugal é, incontestavelmente, um país com uma população apaixonada pelo desporto, contudo, quando abordamos a atividade física e a prática desportiva é evidente que enfrentamos desafios substanciais em relação à sua acessibilidade e promoção para todos os cidadãos, independentemente da idade, aptidão física, identidade de género, classe social ou localização geográfica. 

Embora a Constituição e a Lei de Bases do Desporto e da Atividade Física assegurem o princípio do «Desporto para todos», a realidade demonstra que a política desportiva do país permanece insuficiente. A mercantilização do desporto e da atividade física tem limitado o seu alcance, tornando-os privilégios para poucos em vez de direitos universais. Este cenário ganha especial gravidade quando se considera a saúde das camadas mais jovens da sociedade, com a obesidade infantil e as doenças respiratórias emergindo como questões urgentes. Para enfrentar estes desafios, é crucial fomentar uma vida ativa e desportiva desde cedo, começando pelas escolas, associações desportivas e coletividades locais. 

É essencial canalizar um investimento significativo para promover a Educação Física e o Desporto Escolar, bem como apoiar o Associativismo Desportivo, que desempenha um papel vital na promoção da prática desportiva no país. Infelizmente, muitas associações desportivas locais deparam-se com dificuldades e, em alguns casos, até encerram as suas atividades devido à falta de apoio adequado. Para reverter esta tendência, a criação de parcerias entre escolas, municípios e associações desportivas surge como a chave para oferecer uma solução lógica e sustentável. Outro desafio premente é o acesso complicado à atividade física e desportiva para a classe trabalhadora, especialmente devido a horários desregulados.

Encontrar soluções que tornem estas atividades mais acessíveis e flexíveis, particularmente as coletivas, que podem fomentar a socialização e o bem-estar mental, para além do físico, é imperativo. É fundamental que o Estado reconheça que investir na promoção da atividade física é uma luta pela saúde física e mental de todos os cidadãos.

«É essencial canalizar um investimento significativo para promover a Educação Física e o Desporto Escolar, bem como apoiar o Associativismo Desportivo, que desempenha um papel vital na promoção da prática desportiva no país.»

Além disso, a prática desportiva oferece um espaço propício para pessoas que vivem isoladas, tornando-se uma ferramenta poderosa para combater a solidão e o isolamento social. Para fomentar o desporto e a atividade física em Portugal é fundamental adotar um conjunto abrangente de medidas. É crucial investir de forma substancial na promoção da Educação Física e do Desporto Escolar, assegurando que todas as escolas ofereçam instalações adequadas e programas bem estruturados. Além disso, é necessário aumentar o apoio financeiro e logístico às associações desportivas e coletividades locais, incentivando a prática desportiva nas comunidades.

Uma abordagem inclusiva deve ser adotada, garantindo que todas as pessoas, independentemente de idade, nível de aptidão física, identidade de género, raça, classe social ou localização geográfica tenham oportunidades para se envolver em atividades físicas. No contexto da saúde pública, é essencial enfatizar os benefícios da atividade física na prevenção de doenças. Mais e melhores campanhas de consciencialização e educação podem destacar como um estilo de vida ativo pode contribuir para melhorias na saúde física e mental. É igualmente necessário garantir que as políticas governamentais e os orçamentos reflitam a importância do desporto e da atividade física na vida das pessoas. Isso pode envolver a alocação de recursos para a construção e manutenção de instalações desportivas, a implementação de programas de incentivo para escolas, associações e coletividades bem como a criação de políticas de incentivo fiscal para empresas que apoiem iniciativas desportivas.

Vale destacar ainda que a desregulamentação dos horários e a desestruturação da vida dos trabalhadores têm consequências negativas, dificultando o tempo disponível para a atividade física ou prática desportiva. Corrigir esta situação é essencial, sendo necessário implementar medidas para permitir que os trabalhadores tenham tempo adequado para cuidar da sua saúde através da atividade física.

Promover a cultura do desporto e da atividade física requer uma colaboração estreita entre o governo, as instituições educacionais, as organizações desportivas, os profissionais de saúde e a sociedade civil. Através de um esforço conjunto, é possível criar um ambiente propício para que todas as pessoas possam desfrutar dos benefícios do desporto e da atividade física, contribuindo para um país mais saudável, ativo e coeso.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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