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IL diz que liberalizar transporte fluvial é solução para os utentes

A Iniciativa Liberal aproveita os problemas existentes no transporte fluvial entre as margens do Rio Tejo, fruto do desinvestimento nas empresas públicas, para propor a sua privatização.

CréditosAntónio Cotrim / Agência Lusa

O presidente da Iniciativa Liberal (IL), que esta terça-feira recebeu o apoio do ministro das Finanças da Alemanha para as eleições de 10 de Março, andou de cacilheiro para divulgar a sua proposta de liberalização dos transportes, iludindo os utentes com a ideia de que assim acabariam os constrangimentos à mobilidade. 

«Onde há concorrência deve haver privatização, onde não há concorrência deve haver concessão e, portanto, é uma questão a avaliar em função desse processo de liberalização que nós queremos fazer», disse Rui Rocha.

O responsável da IL admite liberalizar o transporte fluvial e devolver o valor do passe correspondente aos dias de greve e de supressão, tentando assim confundir as falhas do serviço com o direito dos trabalhadores, ao mesmo tempo que esconde que a esmagadora maioria dos problemas que acontecem neste transporte está relacionada com avarias e navios inoperacionais, mas também com a falta de trabalhadores. Tal como o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, chegou a reconhecer, há um ano havia menos cerca de 60 trabalhadores na Transtejo e na Soflusa do que há uma década, apesar do crescimento do número de passageiros, ajudado pelos novos passes.

Nos dois primeiros meses de 2023, os passageiros da Transtejo/Soflusa registaram um acréscimo de 36% para 2,8 milhões. Ainda assim, têm sido descuradas medidas para reforçar o transporte público fluvial, fazendo adivinhar a intenção de entregar justamente o serviço de transporte aos privados. «Será que querem razões para medidas de alienação das empresas, com a justificação da incapacidade de, no âmbito de empresa pública, prestar um serviço público de qualidade?», perguntava, em 2021, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN).

Para o dirigente liberal, o transporte entre as margens do Tejo deve ser liberalizado e aberto, mas não faltam exemplos de como a liberalização dos transportes públicos foi prejudicial para os utentes e para o País. Veja-se o caso da Fertagus, onde os utentes se queixam de um serviço praticamente inalterado desde o início da operação, em 1999, e onde o preço por quilómetro aumenta relativamente à rede operada pela CP. 

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