Os EUA e três países europeus aliados fizeram questão de assinalar os 13 anos de guerra na Síria publicando uma nota conjunta, na sexta-feira, como um libelo contra o «regime de Assad», descartando a possibilidade de normalizar as relações com o governo sírio e colocando condições ao levantamento de sanções ou ao financiamento da reconstrução do país.
Numa declaração emitida este domingo, o governo sírio criticou a política europeia em relação ao país árabe e acusou a UE de manter a «flagrante ingerência nos seus assuntos internos». Através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o executivo de Damasco afirma ter acompanhado os debates recentes no Parlamento Europeu (PE) sobre aquilo a que chamou «recomendações sobre a Síria» e repleta de apoios àquilo a que também chama «democracia», apresentada por uma representante do República em Marcha (de Emmanuel Macron) e do grupo Renovar Europa. Sobre a aprovação, por esmagadora maioria (428 votos a favor, 35 contra e 43 abstenções), dessa resolução com «recomendações que constituem uma flagrante e vergonhosa ingerência nos assuntos internos do país», a diplomacia síria afirma que reflecte «a miserável situação política europeia, que combina uma contradição imoral e uma desconexão da realidade». Num comunicado emitido esta quarta-feira, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros dirige duras críticas à diplomacia francesa, acusando-a de querer «restaurar legados da época colonial». As pretensões colonialistas e de imposição do domínio sobre o mundo «já não são válidas para o mundo de hoje», afirma o governo de Damasco, sugerindo ainda a Paris que reconsidere e reveja as suas posições, pois «estão completamente desligadas da realidade». «Temos seguido recentemente a atitude histérica e os posicionamentos dissociados da realidade por parte da diplomacia francesa, que perdeu o Norte depois das históricas decisões tomadas durante a recente cimeira árabe relativamente à Síria», lê-se no documento, divulgado pela agência Sana. A exigência do fim da interferência nos assuntos internos, a reafirmação da centralidade da causa palestiniana e o regresso da Síria após anos de isolamento marcaram a cimeira histórica em Jeddah. No final da 32.ª Cimeira do Conselho da Liga Árabe, celebrada a 19 de Maio em Jeddah (Arábia Saudita), o bloco regional emitiu uma declaração conjunta em que, entre outros aspectos, reafirma o apoio à libertação da Palestina. Reiterando que a centralidade da questão palestiniana para os países árabes continua a ser «um dos principais factores de estabilidade na região», o texto condena «nos termos mais fortes as práticas e violações contra os palestinianos nas suas vidas, propriedades e existência», e sublinha a importância de intensificar os esforços com vista à criação de um Estado palestiniano independente e soberano «nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital». Numa reunião à porta fechada, este domingo, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Liga Árabe decidiram que a Síria volta a ocupar o assento numa organização de que é membro fundador. Reagindo à resolução 8914, ontem aprovada no Cairo e que confirma, com efeito imediato, a participação de delegações sírias em todas as organizações e reuniões do Conselho da Liga Árabe, o governo de Damasco afirmou que «acolheu a decisão com interesse». «As tendências e movimentos que estão a ter lugar actualmente beneficiam a região e todos os países árabes, e favorecem a estabilidade, segurança e bem-estar dos seus povos», afirmou o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros num comunicado divulgado pela Sana. Lembrando que a Síria é membro fundador da Liga Árabe, o texto sublinha a «importância do diálogo e da acção conjunta para fazer frente aos actuais desafios» no mundo árabe, acrescentando que «a próxima etapa requer um enfoque árabe eficaz a nível bilateral e plural, assente no diálogo e no respeito mútuo». O canal libanês Al Mayadeen destaca a oposição dos países ocidentais a este regresso e o portal The Cradle aponta a dos Estados Unidos – assim como a de alguns países árabes que continuam a recusar a normalização das relações diplomáticas com a Síria, sobretudo o Catar. Numa declaração emitida em Amã, os ministros dos Negócios Estrangeiros de Síria, Arábia Saudita, Jordânia, Egipto e Iraque sublinharam o apoio à segurança de Damasco e à sua luta antiterrorista. Após a conclusão da cimeira que teve lugar, esta segunda-feira, na capital da Jordânia, os ministros dos cinco países árabes declararam a importância da cooperação entre as autoridades sírias, os demais países envolvidos e as Nações Unidas com vista à formulação de uma estratégia integral capaz de lidar com os desafios da segurança nas fronteiras e de combate ao terrorismo em todas as suas formas. Os cinco ministros dos Negócios Estrangeiros decidiram ainda trabalhar no sentido de pôr fim à presença de organizações terroristas e grupos armados em território sírio, neutralizando a sua capacidade de ameaça à segurança regional e internacional. Do mesmo modo, expressaram o seu apoio à Síria e às suas instituições para que assumam o controlo de todo o país e imponham o Estado de direito, lê-se na declaração, divulgada pela agência Sana. O texto destaca também a necessidade de se pôr fim à ingerência nos assuntos internos da Síria, de acordo com os princípios do direito internacional e a Carta das Nações Unidas. O regresso voluntário e seguro dos refugiados ao país foi classificado como «prioridade máxima» e, nesse sentido, a declaração final de Amã instou à tomada de medidas que permitam materializar esta realidade. Os ministros da Agricultura dos quatro países árabes vizinhos assinaram em Damasco, esta segunda-feira, um documento para a cooperação e troca comercial, visando alcançar a «integração agrícola». O texto estipula a promoção e o desenvolvimento da colaboração agropecuária, bem como a troca de conhecimentos, informação e experiências, além da gestão conjunta de áreas protegidas e parques nos quatro países, indica a agência Sana. Inclui ainda a cooperação em matéria de luta contra os incêndios, as alterações climáticas, o desenvolvimento rural e agrícola, a produção, a saúde animal e medicamentos veterinários. O ministro sírio da Agricultura, Mohammed Hassan Qatana, revelou que, em virtude do convénio firmado, serão apresentados projectos de investimento conjunto, como a construção de instalações para gado e forragem, tendo esclarecido que o objectivo final de todos estes esforços é assegurar a segurança alimentar. Na mesma conferência de imprensa, em Damasco, o titular iraquiano da pasta da Agricultura, Abbas al-Alawi, disse que este acordo é um ponto de partida para o trabalho conjunto e a cooperação no sector agrícola, no qual trabalha e do qual depende a maioria dos povos árabes. Por seu lado, o ministro jordano do sector, Khaled Hanifat, declarou que o memorando reflecte «os sinceros sentimentos fraternais entre os quatros países e ajuda a alcançar a integração para benefício dos povos». No mesmo sentido, o ministro libanês da Agricultura, Abbas Hajj Hassan, disse que o acordo «é um passo essencial para uma acção árabe pioneira conjunta, que começa a partir de Damasco», esperando que «inclua todos os países árabes num futuro próximo». O acordo ontem assinado pelos ministros da Agricultura dos quatro países vizinhos culminou a reunião por eles promovida na capital síria sob o lema «Por uma integração agroeconómica regional». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Em simultâneo, apela ao reforço da cooperação entre instituições militares e de segurança sírias e as suas homólogas dos países vizinhos, de modo a garantir a segurança nas fronteiras e a combater o tráfico e o contrabando de drogas. Os países participantes na Cimeira de Amã decidiram ainda formar uma equipa técnica de especialistas para dar continuidade aos resultados no encontro desta segunda-feira, bem como para determinar os próximos passos a dar num contexto que pretende trazer uma solução para «a crise na Síria». De acordo com um porta-voz do Ministério jordano dos Negócios Estrangeiros, a reunião de ontem ocorreu na sequência de encontros que tiveram lugar em Abril, na Arábia Saudita, entre países do Golfo, o Iraque, o Egipto e a Jordânia, tendo como propósito aprofundar os laços com o governo de Bashar al-Assad e discutir uma «iniciativa da Jordânia para alcançar uma solução política para a crise síria», refere o portal The Cradle. Recorde-se que, durante a guerra terrorista imposta à Síria, a Arábia Saudita foi, como outros países do Golfo, um dos grandes apoiantes e financiadores dos grupos que combatiam o governo de Damasco e seus aliados. Recentemente, mudou de atitude em relação ao executivo de al-Assad e, no passado dia 18 de Abril, o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, Faisal bin Farhan, deslocou-se oficialmente a Damasco, tendo-se reunido com o presidente sírio. Tratou-se da primeira visita oficial saudita desde que o reino árabe cortou relações com a Síria, em 2012. Durante mais de uma década, a Arábia Saudita promoveu o isolamento político do país levantino, apostou de forma declarada na queda de Bashar al-Assad e apoiou grupos terroristas. Outros países árabes, que fizeram o mesmo, estão a regressar ao convívio com o executivo de Damasco. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A reunião de emergência no Cairo precede a Cimeira da Liga Árabe na Arábia Saudita, a 19 de Maio, onde a Síria já poderá participar, depois de ter sido expulsa do organismo multilateral em Novembro de 2011. Por seu lado, a reunião celebrada em Amã no passado dia 1 de Maio, em que participaram os ministros dos Negócios Estrangeiros de Síria, Arábia Saudita, Jordânia, Egipto e Iraque, é encarada como um passo prévio à actual reintegração de Damasco na Liga Árabe. Numa declaração emitida no final da reunião desde domingo, afirma-se o compromisso de preservar a soberania, integridade territorial e estabilidade da Síria, bem como o de manter e intensificar os esforços árabes para ajudar o país levantino a sair da sua crise. Também se destaca a necessidade de estabelecer um diálogo directo com o governo sírio para se alcançar uma solução integral para a crise e o sofrimento do povo, que se prolonga há 12 anos. Anuncia-se ainda que Jordânia, Arábia Saudita, Iraque, Líbano, Egipto e o secretário-geral da Liga Árabe irão formar uma comissão de contacto ministerial, que terá como função dar continuidade à Declaração de Amã e manter o diálogo directo com o governo sírio. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Destacando a importância de reforçar uma acção árabe conjunta, «com base em fundamentos, valores, interesses e um destino comuns», bem como «a necessidade de cerrar fileiras, solidariedade e cooperação para manter a segurança e a estabilidade», os estados árabes apelam ao fim «da ingerência externa nos assuntos internos» dos países da região. No texto, também se aborda, «com extrema preocupação», a situação no Sudão, afirmando-se a necessidade de uma «desescalada» e do diálogo; declara-se o apoio aos esforços de paz no Iémen; expressa-se solidariedade ao Líbano e insta-se os partidos a dialogar com vista a eleger um Presidente da República. O texto final do encontro também enaltece a decisão tomada a nível regional de promover o regresso da Síria à Lígia Árabe. «Sublinhamos a importância de continuar a intensificar os esforços pan-árabes visando ajudar a Síria a ultrapassar a sua crise, em linha com os esforços árabes conjuntos e as relações fraternais que ligam todos os povos árabes», lê-se na Declaração de Jeddah, citada por The Cradle. Durante a cimeira, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abu Gheit, deu as boas-vindas aos «irmãos sírios», tendo defendido que, hoje mais que nunca, existe uma oportunidade que não deve ser desperdiçada para solucionar politicamente a crise no país levantino. Ao intervir, o presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que «as fissuras que surgiram durante a última década devem ser tratadas, e o mais importante é deixar que os povos lidem com os seus próprios assuntos e evitar a ingerência externa». Para al-Assad, a actual conjuntura «é uma oportunidade histórica para reordenar e solucionar os nossos problemas com a menor ingerência estrangeira, e isso exige que nos reposicionemos neste mundo que hoje se forma». Em seu entender, a acção árabe conjunta precisa de visões, estratégias e objectivos comuns, e a cimeira deve marcar o início de uma nova fase em prol da solidariedade e da paz, do desenvolvimento e da prosperidade na região, em vez da guerra e da destruição, indica a Sana. Especialistas consultados pela agência Prensa Latina sublinharam que a participação da Síria, ao mais alto nível, trouxe um certo optimismo quanto à «tão sonhada unidade árabe» e enviou uma mensagem aos EUA de que «as suas pressões e chantagens já não funcionam como antes, num mundo cada vez mais multipolar». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «França e as suas ferramentas terroristas falharam os seus objectivos na Síria, e, agora, teima em não reconhecer as mudanças que ocorreram nos cenários árabe e internacional», afirma o texto. Recorde-se que, no passado dia 19, a 32.ª Cimeira da Liga Árabe, realizada em Jeddah, teve como um dos elementos destacados a participação de Bashar al-Assad, presidente da Síria, consumando o fim do isolamento do país levantino – que já havia sido decidido a 7 de Maio –, apesar da oposição declarada dos EUA. A França também ergueu a voz contra a reintegração da Síria no mundo árabe e, esta semana, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, disse na TV que o presidente sírio devia ser julgado e que «a batalha contra o crime, contra a impunidade é parte da diplomacia francesa». Instada a comentar o regresso sírio à Liga Árabe, Colonna disse que Paris não ia mudar a política relativamente ao dirigente sírio e que o levantamento de sanções contra o «regime» não estava «certamente» nos planos. Neste sentido, Damasco afirmou que «a política colonial já não é válida», num mundo que «produz novos valores baseados na multipolaridade, no respeito pela soberania, pela independência dos estados e a igualdade entre eles», e que «rejeita as sanções económicas imorais e desumanas». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «A mentalidade obsoleta do colonialismo e da hegemonia ainda controla as mentes de muitos no Ocidente, incluindo aqueles que prepararam e votaram a favor de tais recomendações, assentes em mentiras e na deturpação da imagem da Síria, cujo povo lutou contra o terrorismo em nome do mundo», afirma o texto, divulgado pela agência Sana. O ministério acusou alguns países-membros da União Europeia (UE) de estarem envolvidos no recrutamento e envio de terroristas e armas para a Síria, bem como no financiamento de grupos extremistas, e deu como exemplos o envolvimento dos serviços secretos franceses com o grupo terrorista Daesh no Norte da Síria, com cobertura de uma empresa francesa, ou o escândalo, nos Países Baixos, subsequente à revelação que o seu governo participou no financiamento a grupos extremistas na Síria, indica a Prensa Latina. Em simultâneo, a declaração sublinhou que qualquer «solução política» no país resultará de um processo estrictamente nacional, liderado pelos sírios, sem qualquer interferência externa, e sob o desígnio da liberdade, da independência e do respeito pela soberania dos estados estipulado na Carta das Nações Unidas. A diplomacia síria, refere a Sana, agradeceu ainda a todos os que no PE se posicionaram contra esta «decisão» vazia e repleta de «expressões racistas e noções rejeitadas pelo mundo civilizado e pelos próprios sírios». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Síria condena a ingerência do PE nos seus assuntos internos
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Para a diplomacia síria, a declaração, eivada de uma «linguagem colonial obsoleta», perpetua as «políticas hostis e destrutivas» que esses quatro países ocidentais impuseram ao país levantino nos últimos 13 anos.
«Durante os últimos 13 anos, Washington, Londres, Paris e Berlim mantiveram uma abordagem hostil em relação à Síria, recorrendo a todas as ferramentas de guerra» contra o país, denunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado divulgado este domingo.
No documento, a que a agência Xinhua faz referência, o ministério acusa as quatro potências ocidentais de repetirem acusações falsas e campanhas de instigação que «visam distorcer a imagem do Estado sírio e desviar a atenção do mundo das suas graves violações dos direitos do povo sírio, sobretudo do direito à vida e ao desenvolvimento».
As alegações, por parte dos governos em causa, de que procuram pôr fim ao sofrimento do povo sírio são encaradas por Damasco como «mera hipocrisia política e uma tentativa desesperada de tentar encobrir os efeitos catastróficos das medidas coercivas unilaterais impostas ao povo sírio».
O governo sírio denunciou as atrocidades cometidas pela coligação militar liderada pelos EUA na cidade de Raqqa, em 2017, sublinhando que o mundo nunca conheceu a verdadeira dimensão do «crime». «A questão da destruição de Raqqa e o assassinato de milhares de inocentes pela ilegítima coligação liderada pelos EUA não obtiveram a atenção internacional necessária até hoje», afirmaram esta segunda-feira as autoridades sírias, sublinhando que este facto permanece como «um dos crimes mais feios», do qual a comunidade internacional «nunca soube os detalhes». «Chegou o momento de esclarecer os aspectos humanitários, políticos e legais da questão», escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Síria em duas missivas dirigidas ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à actual presidente do Conselho de Segurança da ONU, Barbara Woodward. Damasco classificou a declaração recente de potências ocidentais «sobre o 8.º aniversário do conflito na Síria» como «um documento histórico de mentira, hipocrisia, engano e falsificação». Os enviados para a Síria dos governos norte-americano, francês, britânico e alemão emitiram, no passado dia 15, uma declaração «sobre o 8.º aniversário do conflito na Síria», na qual deixam claro que não vão contribuir para a reconstrução da Síria até que «um processo político credível, substantivo e genuíno esteja irreversivelmente em curso». Referindo-se aos três primeiros países, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros denuncia que se tratam dos «principais responsáveis pelo sangue derramado na Síria e noutros países da região». Num comunicado divulgado pela agência SANA, afirma que «a evolução dos acontecimentos veio mostrar que aquilo que a Síria e alguns países da região hoje vivem é o resultado de um complô ocidental dirigido pelos Estados Unidos para submeter a vontade dos países da região», conduzi-los «a um passado colonial numa nova forma», «saquear as suas riquezas e recursos, e fortalecer "Israel" à custa dos direitos e interesses árabes». O documento acrescenta que os países desse «novo projecto colonial» não deixaram de lado nenhum tipo de instrumento para alcançar os seus objectivos, tendo recorrido à pressão política, ao assédio económico, à desinformação e à mobilização de milhares de assassinos extremistas em grupos terroristas», como o Daesh e a Frente al-Nusra. «Deram todo o tipo de apoio logístico, financeiro e bélico a esses grupos radicais para destruir os países da região e derramar o sangue dos seus povos, além de esgotar as suas energias com o propósito de os enfraquecer e transformar em peões de fácil envolvimento no projecto conspirativo e agressivo», refere o documento. A diplomacia síria denunciou os crimes brutais e as atrocidades cometidos pelos grupos terroristas em todo o território sírio, bem como os que foram cometidos pelos países da chamada «coligação internacional» liderada pelos EUA, fora de qualquer âmbito legitimidade internacional, especialmente na cidade de Raqqa e na província de Deir ez-Zor. «Esses crimes serão para sempre um estigma desses países, que atingem o nível de crimes de guerra e contra a Humanidade, e constituem uma violação flagrante do Direito Internacional», acusam as autoridades sírias. Referindo-se concretamente aos governos dos EUA, do Reino Unido e da França, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros afirma que «esses três países não estão interessados em absoluto na reconstrução da Síria», nem sequer foram «convidados a contribuir para esse processo». Acrescenta que «devem pagar indemnizações pelos crimes de assasinatos e destruição que causaram, e deter a sua flagrante ingerência nos assuntos internos» do país árabe. «O povo sírio e o seu Exército estão mais determinados que nunca a derrotar o projecto hegemónico e prepotente do Ocidente, a preservar a integridade territorial da Síria» e a sua soberania, destaca o Ministério. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O ministério acrescentou que os ataques da coligação liderada pelos EUA contra Raqqa ocorreram entre Junho e Outubro de 2017, resultando na destruição total da cidade e provocando a morte de milhares de civis, cujos corpos ficaram sob os escombros. «Crimes de guerra» semelhantes foram perpetrados pela mesma «coligação internacional» e pelas milícias predominantemente curdas das chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas por Washington, entre 2018 e 2019, na localidade de al-Baghuz, que foi inteiramente arrasada, refere o ministério, citado pela SANA. Lembra igualmente o massacre de pelo menos 70 civis que tentavam fugir de al-Baghuz, perpetrado a 18 de Março de 2019 pela aviação da coligação internacional liderada pelos EUA. O enorme volume de danos causado em infra-estruturas públicas e propriedades privadas, e de vítimas mortais, sobretudo em Raqqa, Ayn al-Arab e al-Baghuz, «atesta que os Estados Unidos e os seus aliados cometeram crimes de guerra e contra a humanidade», destaca o governo sírio nas missivas. Neste sentido, a Síria irá continuar a colocar em organismos internacionais a questão do que se passou em Raqqa, em al-Baghuz, na barragem do Eufrates e noutras regiões do país que foram atacadas e destruídas pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos. O Ministério da Defesa russo acusou este domingo a coligação liderada pelos EUA de ter dado à cidade síria o mesmo «destino de Dresden, em 1945». Entretanto, os curdos parecem querer estabelecer-se como poder na cidade. A cidade de Raqqa, capital da província homónima, tornou-se conhecida por ser na Síria o bastião do Daesh, desde o início de 2014. Na semana passada, as Forças Democráticas Sírias (FDS), curdas na sua maioria, anunciaram a libertação da cidade, ao cabo de um mês de assalto no terreno e de anos de intensos bombardeamentos por parte da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos da América. A administração norte-americana e alguma imprensa ocidental vieram a terreiro louvar «o fim do Califado» ou sublinhar como a libertação deixava a nu «os anos terríveis da dominação do Daesh», mas a questão assume outros cambiantes quando outros meios de comunicação social – alguns ocidentais – recordam que, da cidade onde chegaram a viver mais de 200 mil pessoas, restam escombros. «o número de civis mortos pelos bombardeamentos da coligação internacional em Raqqa é superior ao registado em Mossul» E há registos, acessíveis, de vários comunicados em que o governo de Damasco reiteradamente denuncia os «massacres» e «crimes» perpetrados contra os civis da cidade pela coligação internacional, que desde o início agiu sem autorização do governo sírio e sem mandato das Nações Unidas, com o pretexto de estar a combater o Daesh [o chamado Estado Islâmico]. De acordo com a RT, o número de vítimas civis provocado pelos bombardeamentos da coligação internacional liderada pelos EUA em Raqqa é superior ao registado em Mossul, no Iraque, onde a coligação também foi acusada de arrasar a cidade e de provocar inúmeros «danos colaterais». Num comunicado emitido ontem, o Ministério russo da Defesa levantou várias questões a propósito da libertação anunciada, acusando os EUA de terem varrido Raqqa da «face da terra», tal como aconteceu com «Dresden em 1945, que foi varrida do mapa pelos bombardeamentos anglo-americanos», indica o The Independent. Em representação do ministério, o major-general Igor Konashenkov disse que a Federação Russa considerava bem-vindas as promessas feitas por vários países ocidentais de ajuda à reconstrução de Raqqa. Sublinhou, no entanto, a disparidade de critérios existente, tendo em conta que «inúmeros pedidos de ajuda humanitária aos civis sírios noutras partes do país», feitos pela Rússia, ficaram sem resposta por parte dos países ocidentais. «a ONU estima que 80% dos edifícios em Raqqa não possuam condições de habitabilidade» Neste sentido, Konashenkov acusa o Ocidente de se apressar a ajudar Raqqa «para encobrir os seus próprios crimes». Por trás desta «pressa das capitais ocidentais em dar apoio financeiro» apenas a Raqqa, «só há uma explicação – o desejo de esconder, o mais depressa possível, as provas dos bombardeamentos bárbaros realizados pela aviação dos EUA e da coligação, e enterrar os milhares de civis "libertados" do Daesh nestas ruínas», disse, citado pelo The Independent. O sarcasmo do general aponta para factos concretos. Depois de anos de bombardeamentos, intensificados nos últimos meses, as Nações Unidas estimam que 80% dos edifícios em Raqqa não possuam actualmente condições de habitabilidade. A RT refere, com base em informação de repórteres no terreno, que todas as casas da cidade foram atingidas pelos combates. Dos cerca de 250 mil habitantes que Raqqa chegou a ter restam hoje 45 mil. O secretário norte-americano da Defesa, James Mattis, já tinha anunciado que «a aniquilação do Daesh» iria provocar baixas entre a população civil ou «danos colaterais», e não fugiu à verdade. Já em Junho um representante das Nações Unidas afirmava que «a intensificação dos ataques aéreos, que prepararam o terreno para o avanço das [chamadas] Forças Democráticas Sírias (FDS), não só provocou uma espantosa perda de vidas civis, mas levou também a que mais de 160 mil civis fugissem de suas casas, tornando-se deslocados internos». Se Mattis acertou nos elevados «danos colaterais», já não parece ter sido tão certeiro quanto à «aniquilação do Daesh», uma vez que os combates terminaram na sequência de um acordo entre as FDS (os homens no terreno do Pentágono) e os terroristas do Daesh, permitindo que estes últimos fossem evacuados para a província de Deir ez-Zor. «os combates terminaram após um acordo que permitiu a evacuação dos terroristas do Daesh» Dmitry Frolovsky, analista político russo e especialista no Médio Oriente, lembra ainda, em declarações à RT, que, durante o cerco a Raqqa, vários contingentes do Daesh puderam sair, armados, da cidade com destino a outros pontos da Síria, sobretudo Deir ez-Zor, onde havia combates intensos com o Exército Árabe Sírio (EAS). No entender de Frolovsky, o acordo alcançado em Raqqa, a «libertação» da cidade, faz aumentar a probabilidade de choques entre as FDS e o EAS e seus aliados. Outra questão que se coloca é a do poder em Raqqa, com os curdos a reivindicarem o governo para si numa região que sempre teve maioria árabe, por entre acusações de limpeza étnica e impedimento do regresso dos refugiados (árabes) às suas casas – algo semelhante ao que ocorreu no Norte do Iraque. No que se refere à Síria, o Pentágono não esconde a missão de alimentar as divisões e fazer frente ao governo de Damasco. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Damasco sublinha, além disso, que se reserva o direito de responsabilizar todos os governos dos países envolvidos na «coligação internacional», para que assumam as responsabilidades políticas, legais, morais e materiais dos «crimes» perpetrados. A cidade de Raqqa tornou-se conhecida na Síria como o bastião do Daesh, desde o início de 2014. Em Outubro de 2017, a «coligação internacional» e as FDS anunciaram a sua libertação. A imprensa ocidental veio louvar o «fim do Califado» e, então, pouco pareceu importar que, de uma cidade onde chegaram a viver 200 mil pessoas, restassem escombros. O Ministério da Defesa da Federação Russa – aliada de Damasco – acusou a coligação liderada pelos EUA de ter dado à cidade síria o mesmo «destino de Dresden, em 1945», afirmando que a «libertação» de Raqqa foi varrê-la do mapa. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
É tempo de esclarecer a destruição de Raqqa pela «coligação internacional»
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Declaração de EUA, França e Reino Unido é «documento histórico de mentira»
«Crimes brutais e atrocidades»
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A libertação de Raqqa foi «varrê-la» do mapa
«Varrida da face da terra»
Da «aniquilação» ao acordo, e os curdos
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O texto destaca ainda o apoio prestado por Washington às chamadas Forças Democráticas da Síria (FDS), «milícia terrorista e separatista», que levou à ocupação de uma parte importante do território sírio e provocou «grande sofrimento» à população residente no Nordeste do país.
O saque dos recursos nacionais da Síria por parte das potências ocidentais privou o povo sírio das suas riquezas, denuncia o documento, lembrando que a persistência da ocupação norte-americana representa uma «violação flagrante da soberania síria e da Carta das Nações Unidas».
O ministério, refere a Xinhua, exige ainda que os sírios sejam compensados pelas suas perdas e que os responsáveis pela destruição de cidades como Raqqa sejam responsabilizados perante a Justiça, garantindo que os perpetradores de atrocidades não ficam livres de castigo.
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