O músico e compositor Fausto, criador de Por Este Rio Acima, nasceu em 26 de Novembro de 1948, em pleno Oceano Atlântico, a caminho de Angola, onde viveu a infância e a adolescência e começou a interessar-se por música. Em Angola assimilou os ritmos africanos, que conjugaria com ritmos e modos da tradição popular portuguesa, e criou a sua primeira banda, Os Rebeldes.
Fixou-se em Lisboa em 1968, quando entrou no antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, actual ISCSP - Universidade de Lisboa, para se licenciar em Ciências Sócio-Políticas.
A adesão ao movimento associativo aproxima-o de compositores como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e, mais tarde, de José Mário Branco e Luís Cília, que já viviam no exílio.
É nessa época que grava Chora, amigo chora, que em 1969 lhe deu o Prémio Revelação do antigo programa de rádio Página Um, transmitido pela Rádio Renascença.
Em Maio de 1974, é na casa de Fausto Bordalo Dias que nasce o Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta (GAC), também com os músicos José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores.
Em 1978, assinou com Sérgio Godinho e José Mário Branco a banda sonora do filme A Confederação – O povo é que faz a história, de Luís Galvão Teles. E em 2009 voltou a juntar-se a Sérgio Godinho e José Mário Branco para o espectáculo «Três cantos ao vivo», que resultaria num álbum ao vivo.
Pró que Der e Vier (1974) e Beco sem Saída (1975) contam-se os seus dois trabalhos iniciais marcados pela experiência revolucionária. A esses seguiram-se Madrugada dos Trapeiros (1977), que inclui a canção «Rosalinda», Histórias de Viajeiros (1979), que abre já caminho a Por Este Rio Acima (1982), o seu grande sucesso, inspirado na obra Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto.
Em Julho de 1985, e durante dois dias, Fausto Bordalo Dias, que havia acedido ao convite de transformar a melodia transmontana num tema ao estilo das músicas criadas por si, assegura a direcção musical da emblemática «Carvalhesa».
Com Para Além das Cordilheiras (1989), Fausto, um dos nomes maiores da mṹsica portuguesa e de intervenção, venceu o Prémio José Afonso.
«Se cada vez menos para a imensa maioria sobra», cantou Fausto em A Ópera Mágica do Cantor Maldito, um dos seus icónicos trabalhos, lançado em 2003.
Em 2009, com José Mário Branco e Sérgio Godinho, fez o espectáculo Três Cantos, sobre o repertório dos três músicos, dando posteriormente origem a um álbum com o mesmo nome.
Em busca das montanhas azuis foi o derradeiro álbum de originais que Fausto lançou em 2011. Desde então, o músico actuava em concertos esporádicos. Em 2021, encerrou o Encontro de Culturas, em Serpa.
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