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Abraço à saúde pública na Argentina

Profissionais da saúde, trabalhadores sociais, representantes de diversas organizações, pacientes e familiares denunciaram esta terça-feira em Buenos Aires a política de cortes e encerramentos na saúde.

Mobilização em Buenos Aires contra a «brutal política de austeridade» na saúde CréditosJuan Manuel Foglia / Tiempo Argentino

Sob um calor sufocante, filiados na Federação Sindical de Profissionais da Saúde da República Argentina (Fesprosa) e noutras organizações sindicais, em sociedades científicas e associações de utentes exigiram, esta terça-feira, a entrega imediata de medicamentos aos pacientes oncológicos, protestando, junto ao Ministério argentino da Saúde, contra a falta de financiamento por parte da tutela.

«A saúde não se vende, a saúde defende-se», gritaram os participantes no protesto, que teve réplicas em vários pontos do país austral, indica o Tiempo Argentino.

As concentrações de ontem realizaram-se depois de as organizações convocantes terem dirigido uma nota ao titular da pasta, Mario Lugones, com mais de 6000 assinaturas, na qual lhe solicitavam uma audiência com carácter de urgência e criticavam a dissolução recente das coordenações nacionais responsáveis pela criação de políticas públicas em áreas referentes à tuberculose, hepatite, lepra e HIV.

«Houve uma decisão política do Ministério da Saúde de encerrar 15 coordenações que têm a ver com a gestão de diversos problemas de saúde de alta prevalência, com a saúde da população», disse em declarações à rádio Splendid Horacio Boggiano, da Associação Metropolitana de Equipas de Saúde (AMES).

Boggiano destacou o caso da tuberculose, que existe hoje na Argentina, em grandes aglomerações urbanas e por todo o país, frisando que ali existe uma das taxas mais altas na adolescência.

Juan Manuel Foglia / Tiempo Argentino

«É uma doença que a pobreza produz, a falta de trabalho. E isto está a aumentar. Já aumentaram os casos 11% desde o ano passado», disse, acrescentando: «Cura-se, mas também se apanha e mata.»

Defesa da saúde pública

Com o lema «Abraço à Saúde Pública», a mobilização em Buenos e as que tiveram lugar noutros pontos da Argentina foram precedidas de um comunicado, no qual as entidades promotoras do protesto contra a «brutal política de austeridade» referiram que as decisões da tutela agravam a falta de financiamento geral na saúde pública por parte do governo liderado por Javier Milei.

A isto, junta-se o desmantelamento da Direcção de Assistência Directa para Situações Especiais, que tinha a seu cargo a entrega de medicamentos a pacientes oncológicos e com doenças raras.

Em virtude da decisão governamental e da consequente interrupção da entrega de medicamentos, pelo menos 60 pacientes faleceram em 2024, destacaram as organizações, que acusam o executivo argentino de não estar a cumprir uma decisão judicial que decretava a entrega dos fármacos.

Ontem, a presidente da Fesprosa, María Fernanda Boriotti, disse à imprensa que o número de pessoas mortas pode ser superior. «Temos confirmados 60 falecidos e provavelmente há mais», declarou.

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