A uma semana do Natal, Mariano Cúneo Libarona, titular argentino da pasta da Justiça no governo de Javier Milei, escreveu nas redes sociais que «a brincadeira acabou», ao anunciar os despedimentos e os cortes salariais.
Dessa forma, o ministro da extrema-direita aludiu à eliminação de 2400 contratos, por ele classificados como «irregulares», de trabalhadores da Asociación de Concesionarios de Automotores de la República Argentina (ACARA), dependentes do ministério que dirige.
Também se referiu ao fim do pagamento de um complemento salarial a outros 2000 trabalhadores, atingindo de uma assentada os rendimentos de mais de 4000 famílias.
Neste contexto, os trabalhadores realizaram um protesto logo no passado dia 17, após terem tido conhecimento das medidas, sentando-se no chão, nos locais de trabalho, refere o periódico Tiempo Argentino.
Em comunicado, denunciaram que o actual governo os «estigmatiza» e «maltrata», e exigiram ao Ministério da Justiça a manutenção de todos os postos de trabalho, bem como o pagamento completo dos salários.
Afirmaram ainda que não são eles, trabalhadores, os responsáveis pela forma como a tutela decidiu contratá-los, nem pela atribuição de complementos salariais, que visam compensar os baixos salários que os funcionários públicos auferem.
Mensagem reiterada junto ao Ministério da Justiça
«Os trabalhadores não têm qualquer responsabilidade pela modalidade contratual que há décadas os vincula ao Estado», disse Rodolfo Aguiar, secretário-geral da ATE esta quinta-feira.
«Não podemos permitir que despeçam de forma ilegal mais de 2400 trabalhadores. Não são só famílias que vão para a rua, mas isso traduz-se também numa crise de funcionamento em toda a pasta», referiu, acusando ainda o ministro de estar a cometer um «ataque grave aos direitos humanos».
Numa concentração que juntou centenas de trabalhadores, Aguiar disse ainda, em alusão aos cortes salariais, que os trabalhadores não têm culpa que lhes paguem salários de pobreza, sendo isso compensado com a atribuição de complementos.
O dirigente sindical advertiu o ministro Libarona para as repercussões das medidas que anunciou, sublinhando que os funcionários públicos «têm direito a defender os seus salários, os seus postos de trabalho e as políticas públicas que garantem».
De acordo com a ATE, o «assédio» aos trabalhadores por parte da tutela foi uma «constante ao longo do ano». Em Novembro, já tinha tentando avançar com um processo de aposentações voluntárias que abrangia mais de 2800 funcionários – algo que o sindicato classificou como «tentativas encobertas de despedimentos».
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