Com o manto da escassez de água, na onda de anúncios antes da discussão sobre a moção de confiança, o Governo anunciou a estratégia «Água que Une». «Este é o projeto da água no desenvolvimento do País», classificou o primeiro-ministro o mega plano que visa aumentar a eficiência da gestão das reservas de água.
Prevendo um investimento de 5000 milhões de euros até 2030 e a construção de 14 novas barragens para a retenção de água, o Governo alega, então, querer preparar o país para os impactos das alterações climáticas.
Quem tem uma outra análise é o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) que em comunicado entende que a estratégia para a água apresentada pelo Governo sob a designação «Água que Une» apenas une o executivo aos grandes grupos económicos, dados os impactos que poderá ter.
Para os ecologistas a estratégia governativa levanta duas grandes preocupações: «a primeira prende-se com o impacto que as grandes infraestruturas de armazenamento têm na biodiversidade; já «a segunda prende-se com o objectivo destes reservatórios, na medida em que, num contexto de grande variabilidade climática, em períodos de seca cada vez mais prolongados, não é minimamente avisado criar estruturas que visam a proliferação de grandes projectos de agricultura intensiva ou de turismo de grande dimensão».
Vincando que a redução de perdas de água, bem como à reutilização de água residual tratada, são objetivos pelos quais sempre se bateu, o PEV entende que «o anúncio do Governo carece de especificação sobre a forma como se vai concretizar na prática, particularmente no que diz respeito aos investimentos necessários».
«”Os Verdes” alertam para o facto de, por um lado, esta estratégia para a água apontar para mais um conjunto de investimentos de grande dimensão que poderão agravar ainda mais as condições precárias em que se encontra a defesa e preservação do ambiente em Portugal, em prol de grandes interesses económicos», pode ler-se no comunicado do partido ecologista.
O documento termina com o PEV a considerar que do que foi publicamente apresentado pelo Governo, a estratégia não passou de um «embrulho de boas intenções» que «não têm validade enquanto não forem acompanhadas da respectiva programação financeira e calendário de execução».
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