Os milhares de trabalhadores agrícolas, membros de organizações indígenas e afrodescendentes que, desde segunda-feira, participam na greve geral do campo colombiano irão continuar mobilizados. Este propósito de firmeza foi revelado à imprensa pelo líder indígena Luis Fernando Arias. «O Governo procurou fazer reuniões a nível regional para nos dividir, mas nós queremos criar um espaço de concertação global, em que estejam presentes todos os territórios e associações», disse.
Apesar das garantias do Governo de que há avanços nos contactos já estabelecidos entre as partes e do anúncio de que o presidente do país, Juan Manuel Santos, estará presente num encontro da Iniciativa Agrária, Arias insistiu que o campesinato vai aguardar, mobilizado, pela criação da mesa nacional.
O conselheiro-mor do Congresso dos Povos e da Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC) denunciou ainda a forte repressão que os trabalhadores sofreram em quatro dias de greve por parte das forças policiais, em especial do conhecido ESMAD – Esquadrão Móvel Antidistúrbios: três indígenas mortos, mais de 140 manifestantes feridos e várias «detenções arbitrárias».
Marchas, concentrações, encontros
Com a adesão à Minga – Iniciativa Agrária, Camponesa, Étnica e Popular, camponeses e assalariados rurais, indígenas e afrodescendentes dizem «não» às políticas governamentais para o sector, que, em seu entender, estão ao serviço do grande capital nacional e estrangeiro.
O trabalhadores criticam o actual modelo de desenvolvimento do país, ao abrigo do qual se vende os recursos estratégicos e energéticos, se privatiza as empresas e os serviços públicos, se dá primazia às companhias de extracção mineira e ao agronegócio, aprofundado a distribuição desigual da terra e aumentando os lucros dos latifundiários.
Por isso, exigem a democratização do uso e posse da terra, a defesa dos direitos e interesses das comunidades indígenas, o apoio aos pequenos agricultores, a protecção do meio-ambiente e o investimento estatal no progresso socioeconómico do campo.
As organizações promotoras desta paralisação contestam também a violação das liberdades democráticas e a acção repressiva do ESMAD contra líderes sociais, sindicais e defensores dos direitos humanos, e repudiam o paramilitarismo, que é, de todas, a maior ameaça à paz na Colômbia.
No apelo à mobilização, a Iniciativa Agrária reiterou o apoio às negociações de paz entre o Governo e as FARC-EP, considerando que essa é a via para acabar com o conflito interno. Adverte, no entanto, que o fim do conflito na Colômbia só será alcançado com «justiça social e ambiental».
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