Mesmo com chuva intensa em todo o país, os chilenos manifestaram-se em mais de 50 cidades para exigir alterações ao sistema das Administradoras de Fundos de Pensões (AFP), gerido por várias empresas privadas e para o qual os trabalhadores são obrigados a descontar.
Em retorno, os reformados obtêm pensões baixíssimas, segundo denunciou a plataforma No+AFP, que promoveu as mobilizações: 79% recebem uma pensão abaixo do salário mínimo. Esta ideia é também reforçada por um relatório da Fundação Sol, no qual se indica que, actualmente, 90,75% dos reformados chilenos auferem pensões que rondam os 233 dólares mensais, quase metade do salário mínimo estabelecido no Chile, informa a TeleSur.
Criadas em 1981, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), as AFP não garantem uma velhice digna. Participando na mobilização de Santiago, onde se juntaram cerca de 70 mil pessoas, uma das manifestantes, Concepción Martín, disse à PressTV: «O que precisamos é de um novo sistema de pensões, de um novo plano que melhore as nossas condições de reforma. Ao fim de uma vida inteira a trabalhar, a ser explorados, deparamo-nos com uma reforma que não tem dignidade.»
Outro manifestante, Marco Antonio Parra, enfatizou a necessidade de avançar para uma greve geral, caso o governo não encontre soluções para o problema. Ontem mesmo, a plataforma No+AFP anunciou a realização de uma greve geral no dia 4 de Novembro.
A presidente chilena, Michelle Bachelet, que criou uma comissão com o intuito de reformar o actual sistema privado de pensões, já apresentou algumas propostas e afirmou que iria avançar no sentido da criação de um sistema público alternativo ao privado. No entanto, aquilo que os manifestantes defendem é o regresso a um sistema público, universal, solidário, com as contribuições e a distribuição a serem asseguradas pelo Estado.
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