No Congresso, o chefe do governo de gestão obteve o apoio de 170 deputados: os do Partido Popular, do Cidadãos e da Coligação Canária. Votaram contra 111 deputados: os da coligação Unidos Podemos, os de todos os partidos regionais, nacionalistas e independentistas, e ainda 15 deputados do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) que decidiram não acatar a disciplina de voto do seu grupo.
O grosso dos deputados do PSOE (68) votou tal como se esperava: absteve-se, viabilizando assim a investidura de Rajoy como primeiro-ministro espanhol. Os membros do novo executivo de direita, que vai governar apoiado por uma minoria parlamentar, devem ser revelados na próxima quinta-feira.
Na primeira votação de investidura, realizada na última quinta-feira, a candidatura de Rajoy foi chumbada, tendo obtido 170 votos a favor e 180 contra (incluindo o PSOE, embora este partido já tivesse anunciado que se ia abster na votação de ontem).
Apesar de ser o partido mais votado, o PP não conseguiu alcançar maioria absoluta tanto nas eleições realizadas a 20 de Dezembro de 2015 como nas de 26 de Junho deste ano, em que aumentou a percentagem de votantes e o número de deputados. Em Setembro último, Rajoy falhou a investidura na primeira e na segunda votações, tendo apenas contado com o apoio do Cidadãos e da Coligação Canária.
Mais de 100 mil nas ruas de Madrid
Com o lema «Frente ao golpe da máfia, democracia», muitos milhares de pessoas participaram, ontem, na marcha convocada pela Coordenadora 25-S, herdeira do movimento 15-M ou dos indignados, em protesto contra o novo mandato do líder do PP como primeiro-ministro, considerando que o governo em gestação é «ilegítimo».
Não menos de 150 mil pessoas, segundo os organizadores – a Delegação do Governo espanhol disse à Efe que não eram mais de 6000 –, gritaram palavras de ordem como «Não à máfia golpista», «O PP engana, rouba e amordaça», «Não nos representam», e «PSOE-PP, a mesma merda é», entre outras alusivas à abstenção do PSOE, informa a Prensa Latina.
Não faltaram as críticas ao «convalescente bipartidismo espanhol», que agora «procura recompor-se, através desta grande coligação encoberta, para prosseguir com os ataques aos direitos sociais e novos cortes impostos em Bruxelas», afirmou a Coordenadora 25-S, acusando o PSOE de frustrar um governo alternativo ao de Rajoy.
«Agora que caíram as máscaras, é preciso vir para as ruas e deixar claro o repúdio “a um novo roubo” à soberania do povo, e reivindicar um processo constituinte que ponha fim ao sistema saído da “mal chamada Transição”», referiram os organizadores da mobilização, que contou com o apoio da coligação Unidos Podemos.
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