De acordo com os dados hoje facultados pela Coordenadora Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE), a intervenção policial provocou 12 mortos, 25 desaparecidos e dezenas de feridos.
No domingo, mais de 800 efectivos da Polícia federal e estadual usaram gás lacrimogéneo, balas de borracha e fogo real para desalojar cerca de 500 manifestantes – docentes da 22.ª secção da CNTE apoiados por estudantes e populares – que há cinco dias bloqueavam uma via de acesso a Salina Cruz, entre outros pontos do estado de Oaxaca, em protesto contra uma reforma educativa, promulgada pelo governo de Peña Nieto em 2013, que desvaloriza e precariza o trabalho docente, e põe em causa o sistema público de ensino mexicano.
Em declarações à comunicação social, o presidente da Liga Mexicana dos Direitos Humanos, Adrián Ramírez, manifestou-se preocupado com a situação dos desaparecidos, tendo em conta os antecedentes que o país tem nesta matéria – o caso dos 43 estudantes de Ayotzinapa, por exemplo, que continua por resolver.
Por outro lado, o porta-voz da liga disse que algumas destas pessoas podem estar sob custódia policial e que é frequente as detenções só serem oficializadas horas depois do «desaparecimento», com as pessoas a aparecerem em prisões de alta segurança. Ramírez instou as autoridades a prestarem esclarecimentos.
As mobilizações vão continuar
Diversas fontes dão conta do ambiente de tensão e revolta que se vive no estado de Oaxaca, bem como da intenção manifestada pelos docentes de prosseguirem com as mobilizações e os cortes de estradas.
A CNTE pronunciou-se sobre a ocorrência de saques, afirmando que estes são levados a cabo por provocadores e que têm como fim responsabilizar os professores.
Também em declarações aos meios de comunicação, Daniela González López, do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos (região de Oaxaca), sublinhou a unidade dos docentes e do povo na defesa da educação pública, e, condenando a intervenção policial de domingo, afirmou que ela atenta contra os direitos fundamentais das populações e dos docentes.
González acusou as forças policiais de terem recorrido a franco-atiradores e solicitou a intervenção de observadores internacionais, de forma a recolher informação sobre as violações dos direitos humanos que estão a ocorrer em Oaxaca.
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