Os números foram avançados pela frente sindical que se opõe à aprovação de um projecto cuja implementação comporta graves consequências para os direitos dos trabalhadores. Em Paris, Philippe Martinez, dirigente da Confederação Geral do Trabalho (CGT), sublinhou que a maioria dos sindicatos, dos trabalhadores e dos franceses está contra essa reforma.
No que respeita à tentativa de responsabilizar o sindicato pela tensão crescente, Martinez disse que a luta da CGT é contra a reforma laboral e que quem «deita lenha para fogueira» é o primeiro-ministro, Manuel Valls.
Na capital, a mobilização desta quinta-feira percorreu um trajecto de aproximadamente 1,6 km, na zona da Praça da Bastilha – bastante mais curto do que o inicialmente previsto. Ainda assim, tratou-se de uma conquista dos líderes sindicais, após tensas negociações mantidas na véspera com o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, na sequência da proibição total da mobilização pela Prefeitura de Paris, alegando motivos de segurança.
O protesto ficou também marcado pelo amplo dispositivo de segurança montado pelas autoridades e pelo elevado número de «detenções preventivas» – perto de uma centena só em Paris –, com a Polícia a alegar que os detidos levavam objectos «passíveis de serem atirados durante a marcha». As medidas estritas de segurança foram igualmente aplicadas a mobilizações noutros pontos no país, onde também foram efectuadas detenções.
Hollande insiste
Tanto Manuel Valls como François Hollande teimam em levar por diante um projecto de lei cuja aprovação – sublinham os seus opositores – irá permitir ao patronato impor condições drásticas de trabalho. Entre outras medidas, o projecto contempla: aumento da carga horária e da precariedade das condições de trabalho; facilitação dos despedimentos e diminuição do valor das indemnizações quando eles são impostos; o primado dos acordos de empresa sobre os acordos sectoriais, designadamente no que respeita à remuneração de horas extraordinárias, horário máximo semanal, tempos de repouso e férias.
CGT, determinada a vencer
Em comunicado, a CGT pergunta ao governo se, «após a décima manifestação em quatro meses, pode continuar a fazer orelhas moucas» e, sublinhando o facto de, em toda a França, a mobilização contra o pacote laboral não abrandar, realça a determinação ontem demonstrada pelos trabalhadores, que disseram «“não” à negação do diálogo social», «à estigmatização do movimento social» e «ao projecto de lei do trabalho».
No documento, a confederação sindical denuncia o facto de o presidente François Hollande ainda ter não respondido ao pedido de reunião feito a 20 Maio. Lembrando que uma grande jornada de mobilização nacional está agendada para a próxima terça-feira, 28, a CGT afirma-se «determinada a vencer» esta luta.
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