|Eleições francesas 2017

Quem existe nos media pode ser candidato

Políticos do sistema oferecem-se a Macron

Em entrevista à RTL, o ex-primeiro-ministro Manuel Valls disse que vai ser candidato pelo En Marche!, do presidente eleito Emmanuel Macron. Comité de nomeação diz que Valls tem de passar pelo seu crivo, cujos critérios passam pelo «mediatismo».

O ex-primeiro-ministro francês decretou a «morte» do PS francês e quer aproveitar a marcha de Macron
CréditosFondapol - Fondation pour l'innovation politique / CC BY-SA 2.0

O anúncio não é uma surpresa vindo de um dos principais rostos da política de François Hollande, nomeadamente das medidas de desregulação do mundo do trabalho. Apesar de dizer ser «um homem de esquerda» e que continua «a ser socialista», Valls já tem no currículo a proposta de deixar cair o «socialista» do nome do partido de que continua a ser membro.

Na entrevista, o chefe de governo que Macron integrou, como ministro da Economia, decretou que «os velhos partidos estão a morrer ou estão mortos». Manuel Valls é deputado do PS francês pelo círculo de Evry e foi candidato nas primárias do partido em que saiu derrotado, tal como Macron, por Benoît Hamon. Nas presidenciais, apoiou o candidato vencedor.

O En Marche!, um movimento criado por Macron à sua imagem, com as suas iniciais, para sustentar a sua candidatura presidencial, vai apresentar listas próprias às eleições legislativas de Junho. O porta-voz do movimento, Benjamin Griveaux, já afirmou que o ex-primeiro-ministro do PS tem de passar pelo crivo do comité de nomeação de candidatos como qualquer outro.

O presidente do comité, Jean-Paul Delevoye, já afirmou à BFMTV que o En Marche! já tem um candidato escolhido para o círculo de Valls. No entanto, até quinta-feira tudo pode mudar, indicou.

Emmanuel Macron ainda não anunciou qualquer nome para o cargo de primeiro-ministro, ocupado por Valls até Dezembro passado. Os resultados eleitorais de Junho podem vir a ser decisivos na constituição do executivo, que necessita de apoio maioritário na Assembleia Nacional.

O que faz um «candidato Macron»? A «capacidade de existir nos media»

O comité de nomeação do En Marche! definiu vários critérios para a escolha dos seus candidatos. O desejado são listas com diversidade, sem casos judiciais, com advogados e agricultores, metade dos quais mulheres e outra metade da «sociedade civil».

Quanto à outra metade, reservada a quem já ocupou cargos públicos, a Europe1 revela os critérios de selecção, aplicados através de uma escala de pontos até dez: a popularidade, a implantação ou o mediatismo (ou, em tradução literal, «a capacidade de existir nos media»).

A decisão final, no entanto, caberá sempre a Emmanuel Macron – um método decisório unipessoal à imagem do movimento. O prazo para entrega das listas para as legislativas agendadas para 11 e 18 de Junho termina na próxima segunda-feira.

Emmanuel Macron, um candidato oriundo do PS e com passagem pela alta finança, venceu no domingo a segunda volta das presidenciais francesas, com 66%, derrotando a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen (34%).


Com Agência Lusa

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