Os agentes da Polícia Municipal de Gaia realizam hoje uma greve de 24h e estiveram concentrados em protesto esta manhã na frente do edifício da Câmara Municipal.
Estes trabalhadores, segundo afirma o comunicado do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN), exigem a negociação da carreira e a alteração dos objectivos do sistema do avaliação, para além de contestarem a falta de segurança e de condições operacionais nas instalações da polícia municipal e a falta de equipamentos e de formação específica. Estão ainda em luta pela progressão na carreira.
Orlando Gonçalves, coordenador do sindicato, denuncia os objectivos definidos no Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP) e aprovados pela Câmara Municipal de Gaia, afirmando que promovem «uma verdadeira caça à multa» e especificando que, para cumprirem os objectivos, os agentes «têm que rebocar ou bloquear 3500 carros por ano». Acrescenta que para superar os objectivos têm que ser «mais de 4500 carros bloqueados ou rebocados» e como objectivo individual os agentes têm de, em média, ao final do ano, «ter passado duas multas diárias».
Para cumprirem os objectivos, os agentes «têm que rebocar ou bloquear 3500 carros por ano»
Orlando Gonçalves, STFPSN
O dirigente sindical, para além de considerar que a polícia municipal deve ter «um papel pedagógico e não repressor», chama a atenção para a questão moral de se estar a fazer depender a avaliação dos trabalhadores «de comportamentos de terceiros», sublinhando que a avaliação interfere directamente na progressão da carreira.
Sobre as condições das instalações, Orlando Gonçalves dá exemplos da falta de condições de segurança – não existe uma saída de emergência ou qualquer plano de evacuação e o espaço é limitado – ou da falta de equipamentos – como rádios – e refere ainda o facto da sala de refeições ser pequena e sem as condições necessárias. O dirigente sindical lembra que a marcação da greve já permitiu que se tivessem tomado medidas para a aquisição de alguns rádios e fardas novas.
Uma das questões de fundo e da responsabilidade do Governo, entre as reivindicações dos polícias, é a negociação da carreira destes profissionais, que continua por rever, afirma o dirigente sindical.
O coordenador do sindicato informa ainda que os trabalhadores sofreram pressões nos últimos dias para que não realizassem greve, quer por parte do comandante, quer por parte de declarações do presidente da Câmara Municipal.
O dirigente sindical lembra que a marcação da greve já permitiu que se tivessem tomado medidas para a aquisição de alguns rádios e fardas novas.
A CDU, através de um comunicado, informou que «já teve oportunidade de reunir com os trabalhadores e seus representantes sindicais, e uma delegação integrando o candidato à Presidência da Câmara, Mário David Soares, esteve presente junto do piquete que se manifestou em frente ao edifício da Câmara, em solidariedade com a sua luta».
A força política afirma que assume com os trabalhadores «o compromisso de que a CDU tudo fará visando a revogação do regulamento actual» e que o PCP continuará a intervir «para que a concretização do descongelamento das carreiras tenha a expressão e a correspondência com os interesses dos trabalhadores da Administração Pública», e que também na Assembleia Municipal e junto da Câmara Municipal estas matérias serão objecto de iniciativas da CDU no sentido da sua correcção, «pois não é admissível que a avaliação destes trabalhadores dependa do mau comportamento de terceiros».
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